China e Filipinas se enfrentam novamente no Mar do Sul da China

Uma vista aérea do Recife Subi, ocupado pela China, nas Ilhas Spratly, no disputado Mar do Sul da China, em 21 de abril de 2017 [Francis Malasig/pool via Reuters]. Fonte: Al Jazeera
Recife Subi, ocupado pela China, nas Ilhas Spratly, no Mar do Sul da China. [Francis Malasig/pool via Reuters]. Fonte: Al Jazeera

As tensões entre China e Filipinas no Mar do Sul da China continuam a escalar após um novo incidente aéreo envolvendo aeronaves filipinas sobre as Ilhas Spratly. O Exército de Libertação Popular da China afirmou ter afastado três aviões filipinos que teriam sobrevoado a região de maneira “ilegal”. Esse foi o segundo confronto aéreo entre os dois países nesta semana, refletindo o acirramento das disputas territoriais na região.

Ação militar chinesa contra aviões filipinos

O porta-voz do Comando do Teatro Sul do Exército de Libertação Popular da China, coronel Tian Junli, informou que a operação envolveu o afastamento de duas aeronaves Cessna 208 e um avião leve N-22 na última quinta-feira. Segundo a mídia estatal chinesa, a presença das aeronaves filipinas foi interpretada como uma tentativa de Manila de reafirmar suas reivindicações “ilegais” sobre o arquipélago.

“As Filipinas têm desconsiderado os fatos e repetidamente estigmatizado, exagerado e difamado as legítimas ações de proteção dos direitos da China”, afirmou o Comando do Teatro Sul em comunicado oficial.

A China reivindica a totalidade das Ilhas Spratly, enquanto as Filipinas, assim como outros países do Sudeste Asiático, reivindicam partes do arquipélago, que é estrategicamente localizado e rico em recursos naturais.

Conflito próximo ao Recife de Scarborough

O recente incidente ocorre poucos dias após uma outra situação tensa entre os dois países. Na última terça-feira, um helicóptero militar chinês voou a apenas três metros de uma aeronave de patrulha filipina que sobrevoava o Recife de Scarborough. O local está dentro da zona econômica exclusiva (ZEE) das Filipinas, mas é controlado pela China desde 2012.

O confronto aéreo, que durou cerca de 30 minutos, foi testemunhado por jornalistas estrangeiros que estavam a bordo da aeronave filipina, pertencente ao Departamento de Pesca e Recursos Aquáticos das Filipinas. Durante o episódio, as autoridades filipinas advertiram o piloto chinês sobre a periculosidade da manobra e os riscos à segurança da tripulação.

Em resposta, Pequim acusou Manila de ações militares provocativas e de tentar enganar a comunidade internacional ao “exagerar a situação”. A China tem adotado uma postura cada vez mais agressiva na região, fortalecendo sua presença militar e construindo infraestruturas em ilhas e recifes disputados.

Expansão militar chinesa e reações regionais

Desde 2013, a China construiu pelo menos 20 bases militares no arquipélago das Ilhas Paracel e sete nas Ilhas Spratly. Essa militarização tem sido alvo de críticas por parte de nações vizinhas, incluindo Brunei, Indonésia, Malásia, Vietnã e as próprias Filipinas, que também possuem reivindicações sobre essas áreas.

Além dos recentes incidentes com Manila, Pequim tem expandido sua presença militar no Indo-Pacífico. Na semana passada, três navios de guerra chineses entraram na ZEE da Austrália, aproximando-se a cerca de 150 milhas náuticas (278 km) de Sydney. O ministro da Defesa australiano, Richard Marles, descreveu a movimentação como “incomum, mas não sem precedentes”. Além disso, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, informou que a China alertou sobre a realização de exercícios navais com fogo real em águas internacionais próximas à costa leste da Austrália, levando a um desvio de voos comerciais na região.

Conclusão

Os recentes episódios entre China e Filipinas demonstram o crescente risco de confrontos na região do Mar do Sul da China, uma área vital para o comércio global e rica em recursos naturais. A intensificação da presença militar chinesa e sua postura mais agressiva geram preocupações entre países vizinhos e aliados ocidentais, aumentando a pressão para uma solução diplomática que evite uma escalada ainda maior do conflito.

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