Drone Russo Viola Espaço Aéreo da Lituânia: Incidente Reacende Tensões e Mobiliza OTAN

Drone militar russo modelo Gerbera, derrubado na Ucrânia em 2025, semelhante ao usado na violação do espaço aéreo da Lituânia.
Drone Gerbera russo derrubado na Ucrânia em janeiro de 2025. Modelo semelhante foi usado na incursão que violou o espaço aéreo da Lituânia em julho.

No dia 28 de julho de 2025, um drone militar russo violou o espaço aéreo da Lituânia vindo da Bielorrússia, carregando cerca de 2 kg de explosivos, e caiu em uma área de treinamento militar a aproximadamente 100 km da fronteira. Este foi o segundo incidente em menos de um mês — o primeiro ocorreu em 10 de julho, quando um VANT rudimentar se chocou no leste do país. O episódio mais recente é considerado o mais grave, reacendendo os alertas de segurança no flanco leste da OTAN.

O Incidente

  • Data e rota: O drone foi detectado por radares lituanos cruzando a fronteira oriental a partir da Bielorrússia e invadindo o espaço aéreo do país por aproximadamente 18 minutos.
  • Tipo de drone: Autoridades identificaram o modelo como “Gerbera” (drone improvisado de ataque, feito em madeira e espuma, réplica do Shahed-136 iraniano), amplamente utilizado pela Rússia na Ucrânia.
  • Carga explosiva: O VANT carregava aproximadamente 2 kg de explosivos, indicando um possível uso para ataques kamikaze.
  • Local da queda: O drone caiu em uma zona rural usada para treinamento militar, sem causar vítimas.

Investigação e Reação Lituana

O Ministério da Defesa lituano confirmou que o drone foi abatido em espaço aéreo lituano, e equipes de inteligência da OTAN foram acionadas para periciar os destroços.

  • Pedido à OTAN: A presidente Ingrida Šimonytė e os ministros da Defesa e Relações Exteriores enviaram um apelo formal ao secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, exigindo reforços imediatos à defesa aérea na região.
    Resposta da OTAN: Em resposta, a OTAN enviou sistemas de defesa aérea NASAMS adicionais, reforçou o policiamento aéreo e aumentou a vigilância eletrônica na base aérea de Šiauliai.
    “Não podemos assumir sozinhos a responsabilidade por defender cada centímetro do espaço comum da OTAN.”
    — Kęstutis Budrys, ministro das Relações Exteriores da Lituânia

Versão Oficial Russa e Avaliação Técnica

  • Moscou nega intenção hostil: O Ministério da Defesa da Rússia alegou que o drone se desviou de sua rota original por conta de “condições atmosféricas e interferência eletromagnética”.
  • Ceticismo internacional: Analistas rejeitam essa versão. “Drones como o Gerbera, embora improvisados, são guiados por sistemas semi-autônomos. A chance de desvio acidental, sobretudo com carga explosiva, é extremamente improvável”, disse Elena Popescu, professora de estratégia militar da Universidade de Bucareste.

Comparação com Outros Incidentes no Báltico

Este não é um caso isolado. Desde o início de 2024, Estônia e Letônia também relataram múltiplas violações de seu espaço aéreo por drones de origem russa:

  • Em março de 2025, drones de reconhecimento cruzaram a fronteira estoniana em Narva, próximo à Rússia, causando alarme militar.
  • Em maio, um VANT foi interceptado pela defesa aérea letã, voando a menos de 10 km da capital Riga.

Segundo o Baltic Security Center, “há um padrão crescente de uso de drones para testar defesas e provocar reações das forças da OTAN no Báltico”.

Conexão com a Guerra na Ucrânia

A presença de drones do tipo Gerbera/Shahed-136 na Lituânia indica uma possível expansão da tática de guerra híbrida usada pela Rússia na Ucrânia:

  • Esses drones foram amplamente usados em ataques aéreos russos sobre Kiev, Odessa, Kharkiv e Dnipro, entre 2023 e 2025.
  • Agora, seu uso contra alvos militares em território da OTAN representa uma escalada preocupante da militarização indireta da região.

“É uma evolução clara da doutrina russa: utilizar drones baratos, mas letais, para pressionar psicologicamente e testar limites políticos”, afirma a analista polonesa Zofia Malek.

Riscos e Consequências

  1. Militarização do Báltico: A Lituânia e seus vizinhos pedem a instalação permanente de sistemas de defesa aérea da OTAN.
  2. Resposta diplomática: Embaixadores russos foram convocados em Vilnius, Riga e Tallin para dar explicações.
  3. Reforço da vigilância eletrônica: Satélites, radares e caças de prontidão estão sendo mobilizados.
  4. Escalada potencial: A repetição de incidentes pode levar a uma resposta militar proporcional, caso haja danos ou vítimas.

Conclusão

O incidente de 28 de julho marca uma mudança qualitativa na postura russa nas fronteiras da OTAN. O uso de drones explosivos em território aliado, mesmo que não resulte em vítimas, representa um teste aos compromissos de defesa coletiva previstos no Artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte.

Se a violação for repetida, o equilíbrio estratégico no Báltico poderá entrar em uma nova fase — mais tensa, mais instável e potencialmente mais perigosa.

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