Eleições Parlamentares na Moldávia em 28 de Setembro: Cenários, Desafios e Impactos

Presidente da Moldávia, Maia Sandu, discursa ao lado do presidente francês Emmanuel Macron no Palácio do Eliseu, em Paris.
Maia Sandu, presidente da Moldávia, durante declaração conjunta com Emmanuel Macron no Palácio do Eliseu, em Paris, em 10 de março de 2025. (Foto: Christophe Ena/Pool via REUTERS)

O Parlamento da Moldávia aprovou hoje (17), por 57 votos favoráveis e 32 abstenções, a realização de eleições parlamentares para o próximo dia 28 de setembro. A expectativa é de que esse pleito seja um dos mais disputados das últimas décadas, com o possível realinhamento de forças políticas que poderá redefinir o rumo geopolítico e econômico do país.

Contexto Histórico e Político

Desde as eleições de julho de 2021, o Partido da Acção e Solidariedade (PAS), de orientação pró‑europeia e liderado pela presidente Maia Sandu, detém 63 dos 101 assentos no Parlamento, superando confortavelmente a maioria simples. A oposição se dividiu principalmente entre o Bloco Eleitoral de Comunistas e Socialistas (BECS), com 32 cadeiras, e partidos menores, como o Partido Șor, que reflete a tradição pró‑Moscou em determinadas regiões do leste.

Ao longo dos últimos anos, a Moldávia tem oscilado entre tendências de integração europeia e pressões de influência russa — em especial na região separatista da Transnístria. Essa tensão estrutural configura o pano de fundo das disputas eleitorais, onde a agenda de reformas e combate à corrupção se choca com narrativas de segurança e laços históricos com a Rússia.

Análise de Impacto Econômico

Dependência Energética
A Moldávia importa cerca de 80 % de seu gás natural da Rússia, via empresa Gazprom. Qualquer interrupção — seja por sanções, crises diplomáticas ou falta de liquidação de dívidas — ameaça o abastecimento doméstico e industrial.

Efeito das Sanções
Sanções econômicas impostas ao Kremlin desde 2022 reverberam na Moldávia: o aumento no preço do gás e na volatilidade cambial pressionam os custos de produção e o poder de compra da população.

Eleições e Políticas Econômicas

  • Vitória do PAS: espera‑se continuidade na diversificação de fornecedores (por gasodutos alternativos e GNL), atração de investimentos europeus e aceleração de reformas no setor bancário.
  • Vitória da Coligação de Stoianoglo: pode haver renegociação de contratos de energia com a Rússia, redução de tarifas de importação de combustíveis russos e maior abertura a linhas de crédito de Moscou, em troca de concessões políticas.

Reações Internas e Internacionais

  • Sociedade Civil: Organizações pró‑democracia intensificaram campanhas de engajamento para aumentar a participação, especialmente entre jovens e residentes no exterior. Há, porém, polarização acirrada em debates públicos, refletindo desigualdades regionais e econômicas.
  • Comunidades Minoritárias: A população de língua russa, concentrada no leste, demonstra maior simpatia pela oposição pró‑Moscou, enquanto as áreas mais ocidentais (pró‑romenas) reforçam a adesão ao PAS.
  • União Europeia e EUA: Ofereceram apoio técnico ao processo eleitoral e alertam para a importância de transparência e monitoramento. Financiamentos para observadores internacionais já foram confirmados.
  • Rússia: Mantém postura ambígua, criticando “pressões ocidentais” e, ao mesmo tempo, declarando que respeitará o resultado — mas analistas apontam para possíveis campanhas de desinformação visando influenciar eleitores.

Expectativas para o Futuro

Cenário Pró‑Europeu (Vitória do PAS)

  • Aceleração no processo de adesão à UE;
  • Aumento de fundos de coesão e investimentos em infraestrutura;
  • Fortalecimento de iniciativas anticorrupção e judicial.

Cenário Equilibrado (Empate ou Coligação Moderada)

  • Governabilidade mais complexa, com necessidade de entendimentos pontuais no Parlamento;
  • Políticas de balanço entre abertura ao mercado europeu e acordos pragmáticos com a Rússia;
  • Maior volatilidade nas decisões de Estado.

Cenário Pró‑Russo (Vitória da Coligação de Stoianoglo)

  • Reaproximação comercial e energética com Moscou;
  • Redução de metas de integração europeia;
  • Potencial retórica nacionalista e aumento de tensões com Bucareste e Kiev.

Conclusão

A votação parlamentar em 28 de setembro de 2025 marcará uma encruzilhada decisiva para a Moldávia. Os eleitores escolherão não apenas representantes, mas também o alinhamento estratégico do país entre duas grandes influências: a União Europeia, promissora de modernização e apoio financeiro, e a Rússia, detentora de laços históricos e influências diretas em setores-chave. Com a economia vulnerável a choques externos e a sociedade dividida, o pleito moldavo poderá definir o equilíbrio geopolítico na fronteira oriental da Europa pelos próximos anos.

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