
O Summit Espanha-África, realizado em Madrid entre 6 e 8 de julho de 2025, reuniu líderes políticos, empresariais e da sociedade civil de ambos os continentes para inaugurar o roteiro “Espagne‑Afrique 2025‑2028”. Com o objetivo de reforçar o diálogo e a cooperação em áreas-chave como segurança, economia, meio ambiente e direitos humanos, o encontro marca um novo capítulo na relação Europa-África, num contexto de instabilidade geopolítica e fluxos migratórios intensos.
Contexto Estratégico
Em dezembro de 2024, o governo espanhol apresentou a Estratégia Espanha‑África 2025‑2028, estruturada em cinco pilares principais e mais de cem ações concretas, que visam:
- Fortalecer o diálogo político e diplomático;
- Crescer com desenvolvimento econômico inclusivo;
- Conectar sociedades por meio de mobilidade e intercâmbio;
- Proteger paz, segurança e resiliência climática;
- Viver juntos promovendo democracia, Estado de Direito e participação social.
Como afirmou o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez: “Este roteiro é uma oportunidade histórica para evidenciar nossa responsabilidade compartilhada e construir um futuro próspero e equitativo para ambos os continentes”.
Eixos Principais do Summit
Diplomacia e Diálogo
- Ampliação da rede diplomática espanhola em África com novas Embaixadas e Casas de Cooperação.
- Criação de um Conselho Consultivo Espanha-África para alinhar políticas bilaterais.
Desenvolvimento Econômico
- Lançamento da iniciativa “Aliança África Avanza” para atrair investimentos e gerar emprego em África Ocidental.
- Canalização de recursos do FMI via Direitos Especiais de Saque para apoiar iniciativas climáticas em países como Madagáscar e Tanzânia.
Conectividade e Mobilidade
- Planos de rotas seguras de migração laboral, combinando proteção de migrantes e benefícios para economias de origem.
- Debates sobre infraestrutura de portos e redes digitais, com ênfase em Tanger Med como hub de integração.
Segurança e Resiliência
- Parcerias com Interpol, OIM e blocos regionais para prevenção de conflitos e combate ao terrorismo.
- Projetos de adaptação a desastres naturais, reforçando a segurança climática.
Governança e Direitos Humanos
- Fomento à participação cidadã, especialmente de mulheres e jovens, no processo decisório.
- Sessões finais sobre cultura, direitos humanos e boa governança, culminando em um jantar-gala.
Atualizações e Informações Recentes
Até 6 de julho de 2025, as delegações confirmaram a assinatura de três memorandos de entendimento:
- Cooperação portuária entre Espanha e Senegal visando modernizar infraestruturas em Dakar.
- Programa académico entre universidades espanholas e africanas para intercâmbio de estudantes em engenharia ambiental.
- Fundo de emergência climática no valor de €200 milhões para fortalecimento de sistemas de alerta precoce em Moçambique e Zâmbia.
Desafios e Críticas
Apesar do entusiasmo inicial, especialistas apontam desafios significativos:
- Implementação: a complexidade burocrática em vários países africanos pode atrasar a execução das ações previstas.
- Financiamento sustentável: questiona-se a viabilidade de manter aportes financeiros de longo prazo sem comprometer a dívida pública dos parceiros.
- Desigualdade de poder: críticos advertem que a relação pode reproduzir assimetrias históricas, onde decisões-chave permanecem centradas em capitais europeus.
Como ressaltou o Presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat: “Este Summit deve ser o ponto de partida para uma verdadeira coparticipação, não apenas um diálogo de intenções”.
Perspectivas Geopolíticas
A consolidação desta parceria euro-africana ajuda a Europa a diversificar suas alianças estratégicas, reduzindo dependências externas em recursos críticos e cadeias produtivas. Ao mesmo tempo, cria oportunidades de desenvolvimento sustentável em África, alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Conclusão
O Summit Espanha-África 2025 e o roteiro “Espagne‑Afrique 2025‑2028” representam um marco na história das relações entre os continentes. Para que se concretize todo o potencial anunciado, será essencial superar os desafios de implementação, garantir financiamento responsável e promover uma parceria verdadeiramente equilibrada. A seguir, o sucesso dependerá da capacidade de monitorar resultados, adaptar-se a crises e fortalecer mecanismos de participação conjunta.
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