Espanha Suspende Acordo de US$ 7,5 Milhões para Compra de Munições de Empresa Israelense

O Primeiro-Ministro espanhol Pedro Sánchez fala durante uma coletiva de imprensa na Embaixada da Espanha em Pequim, China, em 11 de abril de 2025.
O Primeiro-Ministro da Espanha, Pedro Sánchez, durante coletiva de imprensa na Embaixada da Espanha em Pequim, China, em 11 de abril de 2025. [Tingshu Wang/Reuters]/ Al Jazeera

Em 23 de abril de 2025, o governo espanhol anunciou a suspensão de um polêmico contrato de US$ 7,5 milhões para aquisição de munições junto à empresa israelense IMI Systems. A decisão, tomada pelo primeiro-ministro Pedro Sánchez, atende a pressões de aliados de esquerda dentro da coalizão governamental, que ameaçavam abandonar o apoio parlamentar caso o negócio fosse mantido.

Contexto do Acordo

  • Objeto do contrato: 15 milhões de unidades de munição, destinadas à Guarda Civil espanhola, força semimilitar responsável por segurança rural e controlo de fronteiras.
  • Assinatura: fevereiro de 2024 pelo Ministério do Interior, contrariando compromisso anterior de não comprar armas de Israel.
  • Valor: US$ 7,5 milhões (cerca de € 6,9 milhões).

Apesar de, em outubro de 2023, a Espanha ter anunciado o fim das exportações de armamentos para Israel e, em fevereiro de 2024, a intenção de não adquirir material bélico israelense, o contrato com a IMI Systems foi fechado, gerando imediata controvérsia interna.

Pressão da Coalizão de Esquerda

O bloco Sumar – grupo de partidos de esquerda no governo minoritário – reagiu com veemência. Cinco ministros desse grupo chegaram a protestar formalmente, considerando o acordo uma “violação flagrante” dos compromissos antimilitaristas do Executivo, especialmente diante da “genocídio em curso” na Faixa de Gaza, segundo palavras de Yolanda Díaz, vice-primeira-ministra e líder do Sumar (Al Jazeera).

Uma pesquisa do jornal online 20minutos.es revelou divisão da opinião pública:

  • 48,46 % — oposição ao acordo
  • 46,94 % — apoio ao acordo
  • 4,58 % — indecisos

Igor Otxoa, da organização Guernica Palestine, afirmou que prosseguir com a compra “seria uma traição às mais de 50 000 vítimas em Gaza”.

Motivações e Implicações Políticas

  • Segurança Jurídica
  • Críticos, como a analista Astrid Barrio López (Universidade de Valência), alertam para a insegurança jurídica gerada: empresas podem temer perdas financeiras caso contratos sejam cancelados por motivações políticas.
  • Manutenção da Coalizão
  • Sánchez optou pela suspensão para evitar uma crise ministerial e garantir a continuidade do governo socialista minoritário, que depende dos votos de Sumar no Congresso.
  • Compromissos Internacionais
  • Em paralelo, o governo aprovou aumento dos gastos de defesa para 2 % do PIB, atendendo a metas da NATO e a pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, o que já havia irritado aliados de esquerda.

Linha do Tempo

DataEvento
Out/2023Espanha anuncia fim de vendas de armas a Israel.
Fev/2024Declara não comprar armamentos israelenses; assina, porém, contrato de munições.
Out/2024Estudo interno avalia possibilidade de rescisão do contrato.
Abr/2025 (23)Anúncio oficial da suspensão do contrato pela intervenção de Pedro Sánchez.

Reações e Próximos Passos

  • Sumar: exigi recuperação do valor já pago e garantias de não repetição de compras similares.
  • Ministério do Interior: avalia consequências financeiras; rescindir acarretaria indenização sem entrega de material.
  • Mercado de Defesa: acompanha impacto na reputação da Espanha como cliente confiável.

O episódio expõe o delicado equilíbrio entre compromissos de política externa, pressões de coalizão e obrigações contratuais. A decisão de Sánchez preserva a estabilidade governamental no curto prazo, mas levanta questões sobre segurança jurídica e consistência das políticas de armamento.

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