
Como falamos no nosso artigo anterior, Londres Recebe Encontro Crítico entre EUA e China para Reatar Fluxo de Terras-Raras, altos representantes de Pequim e Washington se reuniram em Londres nos dias 9 e 10 de junho de 2025 para formalizar um arcabouço de entendimento que visa aliviar a guerra de tarifas e restabelecer a dinâmica de comércio bilateral. Este artigo analisa detalhadamente os desdobramentos do acordo, suas implicações para cadeias globais de suprimentos e perspectivas a curto e médio prazo.
Resultados Principais das Negociações
Em um encontro descrito pelos negociadores como “franco” e “em profundidade”, China e EUA firmaram um acordo de princípios que contempla:
- Reabertura gradual das exportações chinesas de minerais de terras raras e ímãs, vitais para indústrias de defesa e tecnologia.
- Alívio seletivo de controles de exportação dos EUA sobre software de design de semicondutores e equipamentos aeronáuticos.
O documento elaborado pelos dois lados será submetido à aprovação dos presidentes Xi Jinping e Donald Trump até 10 de agosto, sob risco de retomada das tarifas punitivas caso não haja confirmação formal do acordo.
Declarações Oficiais e Construção de Consenso
O vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng enfatizou a importância de “construir consenso, reduzir mal-entendidos e fortalecer a cooperação” por meio dos canais bilaterais de consulta já estabelecidos, ressaltando que a China permanece “sincera” nas negociações, mas firme em seus princípios estratégicos. De forma semelhante, o Secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou que o entendimento busca um “ajuste equilibrado” das restrições de ambos os lados, aguardando detalhes a serem definidos na etapa final do processo.
Reação dos Mercados
Apesar do tom positivo, investidores reagiram com cautela. Em Xangai, o índice CSI 300 teve ligeiro avanço, enquanto futuros do S&P 500 mantiveram leve retração, refletindo a expectativa de que o acordo ainda carece de especificidade e de garantias jurídicas que impeçam reversões futuras.
Impactos para as Cadeias de Terras Raras
A China concentra 70–99% do processamento global de terras raras, insumos essenciais para eletrônicos, veículos elétricos e sistemas de defesa. A suspensão parcial das exportações em maio gerou investimentos emergenciais na América do Norte e Europa para diversificação de fontes. A reabertura planejada representa um alívio imediato, mas não apaga a necessidade de estratégias de médio prazo para reduzir a dependência de um único fornecedor.
Desafios Pendentes e Próximos Passos
Além de terras raras e semicondutores, fica em aberto a resolução de disputas sobre subsídios industriais, propriedade intelectual e acesso a mercados financeiros. A ausência de cronograma claro para encontros subsequentes alimenta dúvidas sobre a durabilidade do tratado. A comunidade internacional acompanha de perto: um eventual fracasso em ratificar o acordo até 10 de agosto pode reacender a guerra tarifária e comprometer ainda mais o crescimento global.
Conclusão
O marco de entendimento alcançado em Londres representa um passo pragmático para conter a escalada da guerra comercial entre as duas maiores economias mundiais. Contudo, sem compromissos jurídicos e mecanismos claros de implementação, o acordo segue mais como sinal político do que como solução definitiva. O desenrolar dos próximos meses será determinante para avaliar se esse tratado pontual pode evoluir para um relacionamento comercial estável e mutuamente benéfico.
Faça um comentário