JD Vance busca estreitar laços Estados Unidos–Índia e adverte sobre “tempos sombrios”

Vice-presidente dos EUA, JD Vance, discursa no Rajasthan International Centre em Jaipur, Índia, em 22 de abril de 2025.
JD Vance, vice-presidente dos Estados Unidos, durante discurso no Rajasthan International Centre, em Jaipur, Índia – 22 de abril de 2025. Foto: Kenny Holston/Pool via REUTERS.

Em visita de caráter em grande parte pessoal, mas de alto impacto diplomático, o vice‑presidente dos EUA, JD Vance, deixou claro em Jaipur que vê na parceria com a Índia um dos pilares para definir o rumo do século XXI. Em discurso na tarde de 22 de abril de 2025, ele afirmou que, se as duas democracias “trabalharem juntas com êxito, teremos um século próspero e pacífico”, mas que, em caso de fracasso, enfrentaríamos “um tempo muito sombrio para toda a humanidade” .

Contexto e objetivos

A visita de quatro dias de Vance à Índia ocorre em meio à suspensão de 90 dias das tarifas elevadas impostas pela administração Trump – um intervalo concedido para avançar nas negociações de um acordo bilateral de comércio . O principal objetivo de Nova Deli é concluir ainda neste outono indiano (entre setembro e novembro) a primeira fase desse pacto, conforme manifestado pela ministra das Finanças, Nirmala Sitharaman .

Opinião de especialista em Relações Internacionais

“A parceria EUA–Índia é crucial para redefinir o equilíbrio de poder no Indo‑Pacífico e fortalecer a ordem liberal democrática”, avalia o professor Rafael Azevedo, do Departamento de Relações Internacionais da USP.

Esse ponto de vista externo reforça a importância estratégica que Nova Deli e Washington atribuem à cooperação em segurança e economia.

Dados detalhados sobre o comércio EUA–Índia

Nos últimos cinco anos, o comércio bilateral saltou de cerca de 142 bilhões de dólares em 2018 para 190 bilhões de dólares em 2023, um crescimento de 33%. Em 2024:

  • Exportações indianas para os EUA (bens e serviços): 190 bilhões USD, com superávit de 50 bilhões USD para a Índia.

Principais produtos exportados pela Índia:

  • Produtos farmacêuticos
  • Instrumentos de telecomunicações
  • Joias e pedras preciosas
  • Produtos petrolíferos
  • Vestuário e têxteis
  • Bens de engenharia

Principais importações indianas dos EUA:

  • Produtos petrolíferos e químicos
  • Equipamentos de defesa
  • Maquinário industrial e agrícola
  • Componentes eletrônicos

Negociações comerciais e alvos

Nas conversas com o primeiro‑ministro Narendra Modi, Vance confirmou que as equipes de ambos os países “finalizaram os termos de referência para a negociação”, estabelecendo um roteiro rumo ao acordo final . Os EUA enfatizam o aumento de vendas de energia e defesa, enquanto a Índia busca acesso ampliado para seus produtos de alto valor agregado.

Cenários futuros: caminhos divergentes

CenárioDescrição
PositivoÍndia e EUA assinam o acordo, dobram investimentos mútuos e criam um bloco democrático forte.
A cooperação em energia limpa e defesa avança, e ambos projetam maior influência em fóruns como G20.
NegativoAs negociações fracassam, Trump retoma tarifas elevadas e a China preenche o vácuo, ampliando sua influência no Sul da Ásia.

Dimensão estratégica e geopolítica

Vance ressaltou que a aliança EUA–Índia será determinante para moldar não só laços bilaterais, mas a ordem global do século. Em meio ao reajuste de cadeias de suprimento e ao acirramento das rivalidades com a China, Washington busca um parceiro firme em Nova Deli para promover um sistema de comércio “equilibrado, aberto e estável”

Desafios internos e próximos passos

Apesar do otimismo oficial, setores como sindicatos de agricultores ainda receiam um influxo de importações sensíveis que poderia prejudicar a produção doméstica. Nos próximos meses, as negociações precisarão equilibrar abertura de mercado e proteção de segmentos vulneráveis, além de tratar de questões de vistos para profissionais e estudantes indianos nos EUA.

Conclusão

A visita de Vance deixa claros os interesses convergentes de Washington e Nova Deli: expandir o comércio, fortalecer a segurança energética e de defesa, e consolidar uma parceria que ambos veem como crucial para uma ordem mundial mais estável e próspera. O sucesso ou fracasso dessas negociações poderá, nas palavras do vice‑presidente, determinar se o século XXI será marcado pela cooperação ou por “tempos sombrios”.

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