
Em um movimento que redefine a dinâmica do comércio global, os Estados Unidos e o Japão anunciaram em 23 de julho de 2025 um acordo comercial estratégico que reduz tarifas bilaterais e prevê um colossal investimento japonês de US$ 550 bilhões nos EUA até 2030. O pacto foi celebrado na Casa Branca e contou com as presenças do presidente americano e do primeiro-ministro japonês, bem como dos principais negociadores econômicos de ambos os países.
“Esse acordo marca o início de uma nova era de cooperação econômica baseada em confiança mútua e visão estratégica”, declarou o secretário do Tesouro dos EUA, Michael Bernstein, durante a cerimônia de assinatura. “Estamos fortalecendo não apenas economias, mas alianças democráticas duradouras.”
Panorama e motivações
O acordo emerge em meio a um cenário de transformações geoeconômicas profundas:
- Reorganização de cadeias de suprimentos globais, com foco em parceiros confiáveis (“friend-shoring”);
- Tensões comerciais com a China, que levaram EUA e Japão a buscar maior integração econômica;
- Corrida por tecnologias estratégicas, como semicondutores, veículos elétricos (VEs), IA e energias renováveis;
- Pressão por reindustrialização em países desenvolvidos, com foco na criação de empregos e soberania produtiva.
O pacto representa não apenas uma aliança econômica, mas também um gesto geopolítico — de reforço de valores compartilhados entre democracias liberais frente ao crescente autoritarismo tecnológico.
Principais termos do acordo
Redução tarifária
- Automóveis e peças: queda de 27,5% para 15%;
- Eletrônicos e semicondutores: isenção parcial para produtos com mais de 60% de conteúdo local;
- Tecnologias verdes: como baterias e painéis solares, redução de 18% para 10%;
- Agronegócio: ampliação de cotas para carne bovina americana e manutenção de subsídios ao arroz japonês.
Investimentos japoneses nos EUA
Um pacote de US$ 550 bilhões até 2030, com foco em:
- US$ 220 bi em fábricas de semicondutores nos estados de Ohio, Texas e Arizona;
- US$ 140 bi em VEs e parcerias com montadoras americanas;
- US$ 100 bi em logística, infraestrutura e pesquisa;
- US$ 90 bi em fundos de inovação (IA, computação quântica, energia limpa);
- Aquisição de 100 aeronaves Boeing e aumento de compras militares.
Cláusulas estratégicas
- Revisões anuais do progresso e cumprimento;
- Cláusulas sobre segurança nacional, padrões ambientais e direitos trabalhistas;
- Regras de origem e mecanismos de solução de disputas bilaterais.
Repercussão nos mercados
Reação imediata
- O Nikkei 225 subiu 3,2% — maior alta em 6 semanas. Ações da Toyota, Honda e Nissan avançaram entre 6% e 10%;
- O S&P 500 e o Dow Jones reagiram positivamente, especialmente nos setores de tecnologia e indústria pesada;
- O dólar teve leve queda frente ao iene e ao real, com alívio nas expectativas de inflação futura nos EUA.
Impacto para investidores
- Empresas do setor de chips, energia limpa e mobilidade elétrica nos EUA e no Japão devem ser as mais beneficiadas;
- A realocação de cadeias produtivas também pode atrair países terceiros, como Índia, Vietnã e até o Brasil.
Análise setorial e geopolítica
Setores mais impactados
- Automotivo: com a queda tarifária, montadoras japonesas ganham competitividade e tendem a expandir fábricas nos EUA;
- Tecnologia: os investimentos podem reduzir a dependência de Taiwan e Coreia do Sul na produção de chips;
- Energia limpa: tarifas mais baixas impulsionam cadeias de hidrogênio, baterias e painéis solares;
- Agronegócio: os EUA ganham mais acesso ao mercado japonês, mas o Japão mantém proteções a setores sensíveis.
Repercussão internacional
- China: não mencionada diretamente, mas claramente vista como a principal motivação estratégica do pacto;
- União Europeia: autoridades europeias já se manifestaram sobre a necessidade de acelerar acordos como o Mercosul-UE;
- Outros aliados: Canadá e Austrália estudam propostas semelhantes de “acordos com investimentos”.
O que esperar a seguir
- Negociações técnicas sobre regras de origem, cronogramas tarifários e certificações de conteúdo local;
- Monitoramento legislativo: ambos os parlamentos devem ratificar os termos nos próximos meses;
- Novos blocos?: o acordo pode se tornar o embrião de uma nova aliança comercial democrática, com entrada de mais países.
Conclusão
O acordo EUA–Japão de 2025 é mais que uma redução tarifária: é um marco de alinhamento estratégico em um mundo multipolar e competitivo. Ele representa um esforço para combinar crescimento econômico, segurança nacional e cooperação tecnológica entre democracias.
Se implementado com consistência, poderá servir como modelo para novos pactos bilaterais que transcendam interesses comerciais imediatos e priorizem cadeias produtivas seguras, sustentáveis e resilientes.
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