EUA DÃO ULTIMATO ÀS NEGOCIAÇÕES DE PAZ NA UCRÂNIA: “PROGRESSO EM DIAS” É CONDIÇÃO, ALERTA RUBIO

Marco Rubio, Secretário de Estado dos EUA, chega ao Quai d'Orsay, Ministério das Relações Exteriores da França, em Paris, antes de uma reunião bilateral com seu homólogo francês, em 17 de abril de 2025.
O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, chega ao Quai d'Orsay, em Paris, para uma reunião bilateral com o Ministro das Relações Exteriores da França, em 17 de abril de 2025./ Reuters

Após reuniões em Paris com líderes europeus e ucranianos, o senador Marco Rubio advertiu que os Estados Unidos abandonarão os esforços de mediação de um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia caso não haja progressos claros “dentro de alguns dias”. A declaração reflete a crescente frustração da administração Trump com a intransigência russa e marca um ultimato que pode redefinir o papel estadunidense no conflito.

Contexto e exigências


Rubio enfatizou que a iniciativa de paz dos EUA não se estenderá por “semanas e meses” sem sinais concretos de que um acordo é viável “nas próximas semanas”. Segundo ele, se as posições estiverem “tão distantes” a ponto de inviabilizar o entendimento, o presidente Trump declarará: “Estamos encerrados”. A fala ocorreu logo após a apresentação de um framework de paz, que, nesse contexto, é um esboço inicial de acordo, delineando princípios e diretrizes que orientam as negociações, mas que ainda precisa ser refinado e formalizado pelas partes envolvidas.

Avanços prévios e obstáculos


Em fevereiro, em Riyadh, representantes dos EUA e da Rússia estabeleceram um “diálogo de trabalho” para desenvolver um plano de paz, mas sem a presença ucraniana, o que gerou forte reprovação de Kiev e de diversos aliados europeus. Apesar de ter resultado em um acordo parcial de cessar-fogo, as hostilidades recomeçaram pouco depois, incluindo ataques russos a cidades como Sumy e Kharkiv. Paralelamente, os EUA e a Ucrânia avançaram em um preacordo sobre exploração de minerais, com a formalização prevista para a próxima semana, embora sem garantias de segurança explícitas para Kiev.

Impactos econômicos globais

A continuidade ou interrupção das negociações tem implicações diretas nos mercados internacionais e em cadeias de suprimento estratégicas. Rússia e Ucrânia são responsáveis por cerca de um terço das exportações globais de trigo, tendo enviado 40 milhões de toneladas de trigo na atual temporada e 40 milhões de toneladas de fertilizantes no ano passado, segundo dados de exportação minerária e agrícola. A falta de acordo pode agravar os preços de grãos e fertilizantes, pressionando custos de produção agrícola mundial. Além disso, sem perspectivas de paz, o mercado de petróleo tende a se manter volátil: em 14 de fevereiro, o Brent recuou 0,37% em uma sessão marcada por temores de interrupção de sanções e fornecimento russo.

Perspectiva ucraniana interna

Dentro da sociedade civil ucraniana, há receios de que um eventual acordo apressado legitime perdas territoriais. Moradores de vilarejos próximos à linha de frente, como Novopavlivka, temem que as concessões propostas deixem suas comunidades vulneráveis a novos ataques, caso a Ucrânia abra mão formalmente de regiões ocupadas. Líderes locais e figuras da oposição alertam que aceitar os termos russos equivaleria a uma rendição disfarçada, aprofundando traumas e desconfiança interna.

Papel da Europa e sanções

Rubio ressaltou que os sanções europeias a Moscou provavelmente precisarão ser levantadas como contrapartida a um pacto de paz, conferindo à União Europeia um papel central na viabilização de qualquer acordo duradouro. Ele também mencionou a discussão sobre garantias de segurança dos EUA à Ucrânia, afirmando que há margem para um formato aceitável a todas as partes, mas alertou que “temos desafios maiores a serem resolvidos” antes de concluir esse aspecto.

Implicações e cenários futuros

Caso os EUA se retirem, as negociações de paz podem fracassar, pois nenhuma outra potência dispõe da mesma alavancagem sobre Moscou e Kiev. A Rússia poderia adotar uma postura ainda mais rígida, enquanto a Ucrânia dependeria exclusivamente do apoio europeu – significativo, mas sem a dimensão militar e diplomática dos EUA. Ainda, há incerteza quanto à continuidade do apoio financeiro americano: Trump pode manter sanções e auxílio a Kiev ou optar por suspender pagamentos, como parte de pressão adicional.

Conclusão

O ultimato de Rubio define um prazo reduzido para validar a viabilidade de um acordo de paz, sublinhando que “é agora, em questão de dias”, ou o esforço será interrompido. O desfecho dependerá de concessões concretas e de um compromisso simultâneo de Moscou, Kiev e dos principais aliados europeus. Sem tais sinais, os EUA devem redirecionar seus recursos e alinhar seu foco a outras prioridades estratégicas, potencialmente alterando o equilíbrio de forças e as perspectivas de resolução do conflito na Ucrânia.

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