EUA e Venezuela em rota de colisão: declarações de Trump elevam risco de escalada militar

Presidente Donald Trump em reunião de gabinete sobre crime, segurança pública e apoio à força de trabalho, 26 de agosto de 2025.
Trump conduz reunião de gabinete de mais de três horas sobre segurança pública, trabalho e outros temas, 26 de agosto de 2025.

As tensões entre Estados Unidos e Venezuela voltaram a ocupar o centro da cena internacional em setembro de 2025. O presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que não descarta novas ações militares contra o governo de Nicolás Maduro.

As declarações foram acompanhadas por acusações de que a Venezuela estaria enviando traficantes, gangues e drogas para território dos EUA, o que, segundo Trump, ameaça a segurança nacional.

Incidente marítimo aumenta tensões

No dia 13 de setembro, Caracas denunciou que o destróier norte-americano USS Jason Dunham abordou de forma “hostil” um barco atunero venezuelano dentro da Zona Econômica Exclusiva do país.

O episódio teria durado cerca de oito horas e foi classificado pelo governo Maduro como uma grave violação de soberania.

Esse incidente, somado à retórica de Trump, alimenta o temor de que os EUA utilizem o argumento do combate ao narcotráfico como justificativa para operações militares de maior escala na região.

Resposta de Caracas

O governo venezuelano reagiu de imediato. Maduro acusou Washington de usar o discurso antidrogas como “cortina de fumaça” para justificar operações de intimidação ou até mesmo uma intervenção.

Poucos dias depois, Caracas anunciou a mobilização de militares, policiais e milícias civis em mais de 280 frentes de batalha. As forças foram reforçadas principalmente na fronteira com a Colômbia, uma das principais rotas de tráfico na região.

O presidente também declarou que a Venezuela está cercada por 1.200 mísseis norte-americanos e até mesmo por um submarino nuclear, fortalecendo a narrativa de que o país está sob cerco militar.

O fator econômico: Citgo e sanções

O conflito não se limita ao campo militar. A Venezuela enfrenta mais de 300 sanções impostas pelos EUA, que afetam setores como petróleo, ouro e sistema financeiro.

Na semana de 15 de setembro, um tribunal em Delaware iniciou audiência sobre o leilão da PDV Holding, empresa-mãe da Citgo, refinaria controlada pela Venezuela nos EUA. O processo, motivado por dívidas e expropriações passadas, pode resultar na perda definitiva de um dos ativos mais estratégicos do país no exterior.

Esse cenário reforça a percepção de que Caracas está sendo pressionada em várias frentes — militar, diplomática e econômica.

Impactos regionais e geopolíticos

Uma escalada entre EUA e Venezuela teria efeitos além das fronteiras bilaterais. A América Latina vive um momento de polarização e disputa de influência.

A China e a Rússia, aliados próximos de Maduro, poderiam ampliar seu apoio político e militar, aumentando a complexidade da crise.

Países vizinhos como Brasil e Colômbia seriam diretamente impactados, seja por fluxos migratórios em caso de conflito, seja pela proximidade de possíveis operações militares.

A retórica como instrumento de pressão

Especialistas avaliam que, apesar do tom agressivo, as declarações de Trump fazem parte de uma estratégia de pressão política.

Washington busca manter Caracas isolada, ao mesmo tempo em que reforça internamente sua agenda de combate às drogas e ao crime organizado.

O risco, contudo, está em um erro de cálculo. A combinação de incidentes marítimos, sanções econômicas e discursos inflamados cria um ambiente em que um simples desentendimento pode se transformar em confronto direto.

Conclusão

O momento atual revela uma perigosa escalada de tensões entre Estados Unidos e Venezuela.

As declarações de Trump aumentam o risco de incidentes militares, enquanto Maduro aposta no discurso de resistência e mobilização nacional para consolidar sua base interna.

Seja como estratégia de intimidação ou como prenúncio de ações concretas, a retórica de Washington já produz efeitos na dinâmica regional. A América Latina volta a se ver diante do risco de ser palco de disputas geopolíticas intensas e instabilidade militar.

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