
Em abril de 2025, a Rússia intensificou operações na fronteira oeste de seu território, criando o que Moscou chama de “faixa de segurança” no oblast de Sumy, na Ucrânia. Após expulsar tropas ucranianas da região de Kursk, no lado russo da fronteira, unidades do Grupo Norte de Forças avançam para consolidar um corredor buffer em solo ucraniano. Enquanto o Kremlin celebra o progresso como medida defensiva, Kiev alerta para riscos de escalada e prepara uma resposta estratégica em nível nacional. Este artigo analisa o avanço russo, a resistência local em Sumy e, sobretudo, a reação de Kiev, detalhando movimentos diplomáticos, militares e de informação que moldam o próximo capítulo do conflito.
Avanços Russos e Situação em Sumy
Segundo o Ministério da Defesa russo, unidades do “Grupo Norte de Forças” conseguiram “completar a expulsão das formações das Forças Armadas ucranianas” na região de Kursk e agora avançam para criar a tal “faixa de segurança” em solo ucraniano, especificamente no oblast de Sumy.
- Zhuravka e Bilovody: dois povoados fronteiriços apontados por um major russo e por um influente war blogger como eixos de ofensiva para entrada no território ucraniano.
- Loknya e florestas fronteiriças: áreas onde, diz o blogueiro, paraquedistas russos romperam “resistência teimosa” ucraniana.
O governador de Sumy, Oleh Hryhorov, relativiza o sucesso russo: quatro vilas foram remetidas a uma “zona cinzenta”, mas os ataques não permitiram ainda a consolidação de um corredor contínuo de controle russo.
O projeto Deep State estima cerca de 82 km² do oblast de Sumy sob contestação ativa — entre ataques, contra-ataques e posições flutuantes de controle.
Reação da Ucrânia no Nível Estratégico
Declarações de Kiev
- O presidente Volodymyr Zelensky emitiu comunicado em 30 de abril afirmando que qualquer tentativa de mudança de fronteira “será enfrentada com força total do Estado ucraniano” e que “Sumy permanecerá território inviolável da Ucrânia”.
- O Ministério da Defesa da Ucrânia divulgou nota ressaltando o reforço de brigadas mecanizadas e unidades de artilharia na direção de Sumy, além de intensificar operações de drone para vigilância e ataques pontuais contra concentrações de tropas russas.
Movimentações Militares Nacionais
- Brigada Mecanizada 30ª: deslocada de áreas centrais para a região de Sumy em 28 de abril, com apoio de sistemas de defesa anti‑drone.
- Forças de Operações Especiais: conduzem ataques noturnos em trilhas logísticas russas na floresta de Loknya, buscando interromper suprimentos.
- Reforço de Defesa Aérea: instalação de sistemas de mísseis S-300 reativados para proteção de centros urbanos de Sumy.
Guerra de Informação e Moral
- Kiev lançou campanha nas mídias sociais mostrando civis retornando a vilarejos e unidades territoriais realizando patrulhas conjuntas com a Guarda Nacional, para contrapor narrativas de “desmoralização” russa.
- Parceria com canais internacionais (BBC, CNN) para expor violações de direitos humanos em zonas cinzentas, pressionando por sanções adicionais à Rússia.
Apoio Ocidental Coordenado
- Em 1º de maio, em Bruxelas, ministros da Defesa da OTAN concordaram em acelerar entrega de lançadores de foguetes HIMARS e drones Phoenix Ghost para unidades ucranianas na região de Sumy.
- Pacote de ajuda anunciado pelos EUA inclui munições de artilharia pesada e sistemas de contra-bateria, especificamente destinados à defesa do oblast de Sumy.
Implicações e Cenários Futuros
Cenário | Probabilidade | Consequências principais |
Avanço russo consolidado | Média | Criação de fato consumado; pressão para negociações sob nova realidade de fronteira. |
Contenção ucraniana | Média-alta | Contra-ofensiva local; manutenção do status quo contestado. |
Negociações de cessar-fogo | Baixa | Difícil sem empurrão diplomático forte; exigiria concessões territoriais. |
Impacto humanitário: Civis em áreas de zona cinzenta enfrentam falta de serviços básicos, deslocamentos e riscos de minas terrestres; ONGs registram ao menos 15 vítimas civis desde abril de 2025.
Conclusão
A tentativa russa de criar uma faixa de segurança em Sumy reflete uma tática clássica de buffer zone, visando segurança estratégica e ganho de poder de barganha. O fracasso parcial em consolidar controle contínuo — sinalizado por relatos ucranianos de resistência — indica que o conflito permanecerá dinâmico.
Para Kiev, a prioridade é fortalecer defesas fronteiriças, manter o apoio ocidental e documentar violações para reforçar sua posição em eventuais mesas de negociação. Já Moscou aposta na usurpação gradual de território contestado para impor nova realidade de facto, elevando o risco de escalada.
O desfecho dependerá tanto da resiliência militar ucraniana quanto da disposição das potências ocidentais em intensificar sanções e fornecimento de armas avançadas. Até lá, a “faixa de segurança” de Sumy será um termômetro das próximas fases do conflito.
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