
A França atravessa um momento crítico em sua política econômica e fiscal. Em 12 de setembro de 2025, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou a nota soberana do país de AA- para A+, a mais baixa já atribuída à nação. Essa decisão reflete preocupações com a crescente instabilidade política e a trajetória ascendente da dívida pública, que compromete a capacidade do governo de enfrentar choques econômicos sem agravar ainda mais as finanças públicas.
Contexto Econômico e Fiscal
Em 2024, a dívida pública da França atingiu €3,3 trilhões, representando 113,7% do PIB, um aumento significativo em relação aos €3,4 trilhões registrados em março de 2024. O déficit fiscal do país foi de 5,8% do PIB, superando as metas estabelecidas e refletindo uma desaceleração na arrecadação e um aumento nos gastos públicos.
A economia francesa apresentou um crescimento modesto de 1,1% em 2024, com uma projeção de 0,8% para 2025, impulsionado principalmente pela recuperação de setores como aeronáutica, turismo, imobiliário e agricultura. No entanto, a confiança do consumidor permanece frágil, com uma taxa de desemprego projetada para atingir 7,6% até o final de 2025.
Desafios Políticos e Sociais
A recente queda do governo do então primeiro-ministro François Bayrou, após uma votação de desconfiança, evidenciou a fragmentação política que dificulta a implementação de reformas fiscais necessárias. Bayrou havia proposto um pacote de austeridade de €51 bilhões, que incluía cortes em feriados públicos e congelamento de gastos sociais, medidas que geraram ampla oposição.
O novo primeiro-ministro, Sébastien Lecornu, enfrenta o desafio de equilibrar a necessidade de ajustes fiscais com a pressão de sindicatos e movimentos sociais que planejam greves e protestos contra cortes de gastos e aumentos de impostos, especialmente sobre grandes fortunas.
Medidas Econômicas Propostas
Para enfrentar a crise fiscal, o governo francês está considerando:
- Cortes de gastos públicos, com foco em áreas não essenciais, para reduzir o déficit orçamentário.
- Reformas estruturais, incluindo mudanças no sistema de previdência e no mercado de trabalho, visando aumentar a eficiência e reduzir os custos a longo prazo.
- Incentivos econômicos seletivos, direcionados a setores estratégicos, para estimular o crescimento e a arrecadação tributária.
No entanto, a implementação dessas medidas enfrenta resistência política significativa, com partidos de esquerda e extrema-direita se opondo a qualquer forma de austeridade.
Repercussões Internacionais
O rebaixamento da nota de crédito da França pode afetar a confiança dos investidores na zona do euro, especialmente se outras agências de classificação seguirem a mesma tendência. Além disso, a instabilidade política interna pode impactar a posição da França em negociações europeias e sua capacidade de liderar iniciativas dentro da União Europeia.
Conclusão
A França se encontra em uma encruzilhada crítica. O rebaixamento da nota de crédito é um reflexo das dificuldades fiscais e políticas que o país enfrenta. O sucesso do governo de Sébastien Lecornu dependerá de sua capacidade de implementar reformas fiscais eficazes, mantendo o equilíbrio entre responsabilidade fiscal e coesão social. O futuro econômico da França está intimamente ligado à sua habilidade de restaurar a confiança interna e externa em suas políticas econômicas.
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