
O Comando dos Estados Unidos para África (AFRICOM) está sob avaliação para possível fusão com o Comando Europeu (EUCOM), medida que visa reduzir sobreposições burocráticas e otimizar recursos. Em 3 de abril de 2025, o general Michael Langley, comandante do AFRICOM, testemunhou perante o Comitê de Serviços Armados do Senado dos EUA, detalhando missões e desafios futuros do comando e convocando governos africanos a manifestarem suas posições via embaixadas em Washington.
Orçamentos anuais e efetivos: AFRICOM x EUCOM
Comando | Orçamento Aproximado | Ano | Efetivo Militar | Efetivo Civil |
---|---|---|---|---|
AFRICOM | US$ 750 milhões | FY 2024 | ~1.200 | ~1.900 |
EUCOM | US$ 2,1 bilhões | FY 2024 | ~1.250 | ~1.600 |
- O AFRICOM opera com cerca de US$ 750 milhões no ano fiscal de 2024, segundo estimativa de plano orçamentário de segurança para a África.
- O EUCOM mantém orçamento superior a US$ 2 bilhões, refletindo sua abrangência europeia e norte-africana.
Estatísticas de segurança: antes e depois de 2008
- Operações antiterroristas:
- Antes de 2008: cerca de 50 missões anuais, descentralizadas entre comandos;
- Em 2023: 120 operações coordenadas diretamente pelo AFRICOM, incluindo missões de vigilância e apoio a forças locais.
- Treinamentos conjuntos:
- Antes de 2008: aproximadamente 3.000 militares africanos treinados por ano;
- Em 2023: mais de 15.000 participantes em exercícios como Flintlock e Obangame Express.
Flintlock e Obangame Express são exercícios militares conjuntos organizados pelos EUA com países africanos, fundamentais para:
- Flintlock: um dos maiores exercícios antiterrorismo na África, focado em combate ao terrorismo, operações especiais e segurança fronteiriça.
- Obangame Express: voltado à segurança marítima no Golfo da Guiné, aborda combate à pirataria e contrabando.
Níger
- Retirada de 2023: pedido de saída de 1.000 militares e fechamento de base de drones de US$ 100 milhões.
- Impacto: queda de 60% nas operações de vigilância aérea e aproximação com a Rússia para suprir capacidade de ISR.
Nota: (ISR) Intelligence, Surveillance, and Reconnaissance (Inteligência, Vigilância e Reconhecimento).
Mali
- Golpe de 2021: suspensão de cooperação antiterror e adoção de instrutores da Wagner Group.
- Efeito: redução de 40% em programas de mentoria e treinamentos americanos.
Senegal
- Contexto: Estado estável de cooperação, recebeu 200 militares dos EUA em 2022 para exercícios navais contra a pirataria.
- Avaliação local: autoridades destacam o AFRICOM como pilar de segurança costeira e monitoramento do Sahel.
Linha do tempo histórica
- Out/2008: ativação do AFRICOM como comando geográfico independente.
- 2011: apoio logístico à Operação Odyssey Dawn na Líbia.
- 2015: expansão de ações antijihadistas no Sahel (Operação Juniper Shield).
- 2021: golpes em Mali e Burkina Faso enfraquecem parcerias tradicionais.
- Abr/2025: general Langley testemunha no Senado sobre futuro do AFRICOM.
- Mai/2025: anúncio público da avaliação de fusão com o EUCOM.
Incentivos alternativos: China e Rússia
- China: via Belt and Road Initiative, investe em infraestrutura (portos, estradas), oferece crédito a juros baixos e acesso a portos civis com cláusulas que permitem uso dual.
- Rússia: emprega atores como Wagner Group, oferecendo treinamento militar, segurança privada e trocas de minerais estratégicos por equipamentos e suporte logístico.
Contexto regional de gastos militares
Segundo o SIPRI, o gasto militar total na África atingiu US$ 52,1 bilhões em 2024, um aumento de 3% em relação a 2023, refletindo tensão crescente e investimento em segurança nacional nos países do continente.
Conclusão
A possível fusão do AFRICOM ao EUCOM traz ganhos de eficiência, mas pode comprometer a agilidade operacional e o foco exclusivo nas crises africanas. Recomenda-se que governos do continente:
- Formalizem suas posições via canais diplomáticos em Washington.
- Avaliem impactos operacionais, especialmente em missões antiterror.
- Negociem contrapartidas civis (saúde, infraestrutura) para fortalecer parcerias.
A competição com China e Rússia reforça a necessidade de uma presença norte-americana clara, focada e colaborativa no continente.
Faça um comentário