G7 2025 em Kananaskis: Equilíbrio Entre Crises Geopolíticas e Coesão Global

Bandeira canadense tremulando com as Montanhas Rochosas ao fundo em Kananaskis, Canadá, antes da cúpula do G7 em junho de 2025.
Bandeira do Canadá hasteada em Kananaskis, Alberta, em 14 de junho de 2025, dias antes do início da cúpula do G7. REUTERS/Amber Bracken

De 15 a 17 de junho de 2025, as principais economias democráticas do mundo reúnem‑se na região de Kananaskis, nas Montanhas Rochosas canadenses, em um dos encontros mais delicados dos últimos anos. Sob a presidência de Mark Carney, o Canadá busca reforçar a paz e a segurança internacionais, garantir cadeias de abastecimento de minerais críticos e fomentar a criação de empregos, ao mesmo tempo em que administra tensões comerciais com os EUA e as recentes hostilidades entre Israel e Irã. A imprevisibilidade do presidente Donald Trump adiciona um elemento de incerteza, levando Ottawa a optar por “chair summaries” em vez de um comunicando conjunto tradicional, na esperança de evitar rupturas diplomáticas.

Prioridades do Canadá

Paz e segurança: promover esforços de desescalada em conflitos regionais.
Minerais críticos: estabelecer padrões conjuntos de extração e fornecimento, essenciais à transição energética.
Empregos e crescimento: atrair investimentos em infraestrutura e inovação.

Esses três pilares refletem a combinação de experiência financeira e diplomática de Carney, ex‑governador dos bancos do Canadá e da Inglaterra, e visam resultados práticos em vez de declarações genéricas.

A escalada Israel‑Irã

Na madrugada de 15 de junho, novos ataques aéreos de Israel contra alvos iranianos e retaliações de Teerã reacenderam a urgência de um pronunciamento conjunto. A Alemanha, representada pelo chanceler Friedrich Merz, propôs quatro objetivos claros para o G7: impedir a obtenção de armas nucleares por Teerã, assegurar o direito de autodefesa de Israel, evitar nova escalada e criar vias diplomáticas para paz. Uma declaração enxuta, em formato de “chair summary”, deverá reunir essas diretrizes com apelo à moderação.

Tensão comercial e o fator Trump

Os EUA mantêm tarifas de 25% sobre o aço e 10% no alumínio canadenses, tema que Carney promete abordar diretamente com Trump. Paralelamente, o primeiro‑ministro japonês Shigeru Ishiba busca isentar exportações de automóveis dos embargos americanos. Analistas consideram que qualquer atrito pode comprometer discussões sobre segurança, clima e IA. Como ressalta Josh Lipsky, do Atlantic Council, “evitar ‘blow‑ups’ com Trump é o melhor cenário possível”.

Procedimentos: de comunicados a “chair summaries”

A experiência amarga de 2018 levou Ottawa a abandonar o modelo de um único comunicado unificado. Em vez disso, serão emitidos resumos setoriais preparados pela presidência canadense, permitindo maior flexibilidade e reduzindo o risco de veto de qualquer um dos membros, sobretudo dos EUA.

Encontros bilaterais e parceiros convidados

Além dos sete membros, participam de sessões específicas líderes de Ucrânia, Índia, Austrália, África do Sul, Coreia do Sul, Brasil e México. Para a Ucrânia, o êxito se mede hoje não por uma contundente declaração de apoio, mas pela possibilidade de um encontro cordial entre Trump e Zelenskiy, após o clima tenso da visita a Washington em fevereiro.

Pressão europeia por um cessar‑fogo

Fontes indicam que líderes como Emmanuel Macron, Friedrich Merz e Keir Starmer pressionarão Trump a justificar suas promessas de paz entre Israel e Irã e a apoiar um cessar‑fogo imediato, dada sua influência sobre Benjamin Netanyahu. Até o momento, os EUA não apresentaram provas concretas de um acordo iminente, enquanto Israel parece mirar além das capacidades nucleares de Teerã, questionando o real escopo de sua política regional.

O teste do multilateralismo

Mais do que nunca, este G7 será avaliado pela disposição dos EUA em cooperar em formatos tradicionais. Uma cúpula sem grandes conflagrações, com avanços em segurança, comércio e clima, reforçaria a relevância do grupo; o contrário, porém, exporia divisões e daria combustível a atores que exploram a fragmentação ocidental.

Conclusão

Em um momento de polarizações intensificadas e de crises simultâneas, Kananaskis pode determinar se o G7 mantém sua capacidade de resposta coletiva. Com um formato mais ágil e foco em entregas práticas, o Canadá aposta que o equilíbrio entre firmeza e flexibilidade garantirá um resultado positivo – mesmo diante da imprevisibilidade de Donald Trump.

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