
Em 16 de junho de 2025, pelo menos 40 palestinos foram mortos por disparos das Forças de Defesa de Israel (FDI) enquanto tentavam acessar a distribuição de alimentos administrada pela Gaza Humanitarian Foundation (GHF), em Rafah. Cerca de 200 pessoas ficaram feridas naquele dia, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
Contexto do bloqueio e implantação do novo mecanismo
Desde fevereiro de 2025, após um bloqueio quase total de três meses, Israel delegou à GHF, grupo fundado nos EUA e apoiado por Tel Aviv, a distribuição de grande parte da ajuda alimentar em Gaza. A organização opera três centros sob escolta militar israelense, substituindo temporariamente agências da ONU como a UNRWA, que antes geriam centenas de pontos de entrega.
Cronologia dos principais incidentes
- 27–28 de maio: Início das operações da GHF em Tel al‑Sultan (Rafah). Tropas israelenses abrem fogo em multidões, deixando ao menos 10 mortos e 60 feridos citeturn1search2.
- 1º de junho: Pelo menos 31 pessoas são mortas e 176 feridas próximas ao centro de Rafah, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
- 2 de junho: ONU exige investigação independente após nova troca de tiros que matou três civis em Rafah.
- 3 de junho: GHF anuncia pausa de 24 horas em operações após 27 mortos e mais de 90 feridos na manhã daquele dia.
- 16 de junho: O episódio mais recente em Rafah, que matou 40 pessoas e feriu 200, gerou nova onda de críticas internacionais.
Reações internacionais e apelos da ONU
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, pediu uma investigação independente sobre as mortes de civis, classificando a situação como “inaceitável”. Volker Türk, Alto-Comissário de Direitos Humanos, chamou de “horrível e inconcebível o sofrimento” imposto à população de Gaza. Philippe Lazzarini, da UNRWA, denunciou o sistema como “letal e violador dos princípios de imparcialidade humanitária”.
Dados atualizados e implicações humanitárias
Segundo levantamento da GHF, mais de 3 milhões de refeições foram distribuídas sem incidentes, mas fontes médicas contabilizam ao menos 274 mortos e mais de 2.600 feridos desde o início das operações em maio. A crise alimenta um quadro de quase 70% das crianças com desnutrição moderada ou grave e colapso dos serviços de saúde em Gaza.
Desafios legais e direitos humanos
Especialistas em direito internacional humanitário alertam que obstruir ou condicionar o acesso a alimentos essenciais pode configurar crime de guerra. ONGs como Médicos Sem Fronteiras descrevem Gaza como um “inferno na terra”, com hospitais sem suprimentos e milhares deslocados internamente.
Conclusão e perspectivas
O modelo de distribuição pela GHF, embora permita a entrada de caminhões sob coordenação de COGAT (292 veículos só na última semana), revelou-se ineficaz e perigoso, intensificando a insegurança alimentar. A diplomacia internacional se mobiliza para restaurar canais neutros de ajuda e responsabilizar responsáveis por eventuais abusos, numa tentativa de evitar que a busca por alimentos siga sendo uma sentença de morte.
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