Atrium no edifício da sede do Banco Mundial, localizado em Washington, DC, Estados Unidos [Arquivo: Yuri Gripas/Reuters].
/ Al Jazeera
Em gesto inédito desde a queda de Bashar al-Assad, Arábia Saudita e Catar anunciaram a quitação da dívida da Síria junto ao Banco Mundial, totalizando cerca de US$ 15 milhões. A iniciativa desbloqueia o retorno da assistência financeira e técnica do banco, essencial para a reconstrução de um país devastado por quase 14 anos de guerra civil.
Sinal político: A quitação simboliza o reconhecimento, por parte dos dois Estados do Golfo, da nova realidade política síria e da legitimação do governo interino de Ahmed al-Sharaa.
Suspensão desde 2011: O Banco Mundial interrompeu operações na Síria quando a guerra civil eclodiu após a repressão de protestos do Primavera Árabe. Desde então, os atrasados se acumularam até perfazerem US$ 15 mi.
Impactos imediatos na reconstrução
Setor
Situação atual
Como o BM ajudará
Energia e água
50% das redes danificadas
Financiamento de estações e redes
Saúde
>50% dos hospitais comprometidos
Reabilitação de unidades médicas
Educação
2,5 mi de crianças fora da escola
Reforma de escolas e material didático
Emprego e economia
Desemprego elevado, indústrias paralisadas
Linhas de crédito para PMEs e infraestruturas
Perspectivas macroeconômicas
Custo total da reconstrução: Estimado em até US$ 400 bi, segundo o Banco Mundial.
Geração de empregos: Projetos de infraestrutura podem criar centenas de milhares de vagas em construção, serviços e agricultura.
Risco de dependência: Especialistas alertam para a necessidade de diversificar fontes de financiamento e evitar que o país fique refém de interesses específicos.
Desafios de governança e transparência
Organizações como a Human Rights Watch destacam o risco de corrupção se não houver mecanismos claros de prestação de contas. Recomendações:
Auditorias periódicas por entidades independentes.
Criação de comitês mistos (governo, ONGs e doadores) para supervisionar contratos.
Participação de comunidades locais na definição de prioridades.
Implicações geopolíticas
Convite a outros doadores: Riyadh e Doha instam UE, Japão e multilaterais a unir-se ao esforço de reconstrução.
Reaproximação do Golfo: Sauditas e catarianos fortalecem sua influência na Síria, contrapondo-se a potências como Irã e Turquia.
Flexibilização de sanções: O gesto pode pressionar EUA e UE a rever restrições, equilibrando considerações humanitárias e políticas.
Conclusão
A quitação de US$ 15 mi representa um marco inicial para a reativação do Banco Mundial na Síria e um voto de confiança dos países do Golfo no governo interino. Embora seja um passo positivo, a reconstrução exigirá visão de longo prazo, supervisão rigorosa e coorden ação entre Síria, doadores e organizações internacionais para garantir impacto real na vida da população.
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