
A declaração de Oleksii Reznikov, ex-ministro da Defesa da Ucrânia, de que a guerra com a Rússia só encontrará solução com a morte ou renúncia de Vladimir Putin, reflete tensões profundas tanto no front militar quanto na arena política de Kiev. Este artigo analisa o contexto, as motivações e as possíveis implicações dessa visão, explorando os obstáculos internos, as respostas estratégicas recentes, vozes locais e o futuro das negociações de paz.
Contexto das Declarações de Reznikov
- Quem é Oleksii Reznikov? Nomeado ministro da Defesa em novembro de 2021, Reznikov coordenou a chegada de sistemas de mísseis antiaéreos e liderou a expansão da produção de drones até sua saída em março de 2024.
- Momento das Falas: Em junho de 2025, durante entrevista à revista European Security Review, Reznikov afirmou que “a obsessão de Putin por conquistar a Ucrânia é pessoal” e que “a verdadeira paz só ocorrerá com a mudança de liderança em Moscou”.
Obstáculos Internos na Ucrânia
- Coesão Política: A coalizão de governo de Volodymyr Zelensky enfrenta desgaste, com sondagens indicando queda de aprovação para 43% em junho, motivada por cortes orçamentários e atrasos no pagamento de salários militares.
- Capacidade de Recrutamento: Após ataques a escritórios de alistamento, Kiev fechou acordos com Polônia e Alemanha para treinar voluntários e acelerar a incorporação de reservistas, enquanto reforça campanhas de divulgação interna.
- Corrupção e Logística: Relatório do Tribunal de Contas de maio de 2025 aponta que 12% dos fundos destinados ao equipamento militar sofreram atrasos ou desvios, levando à substituição de 5 altos oficiais de logística.
Estratégias de Defesa e Apoio Externo
- Refinamento da Defesa Aérea: Em julho de 2025, a Ucrânia começou a receber tanques Leopard 2A6 doados pela Alemanha, além de avançados sistemas NASAMS da Noruega e IRIS-T da Suíça, elevando em 30% sua taxa de interceptação de drones Shahed.
- Produção e Coprodução de Drones: Parcerias com a Dinamarca e a Turquia expandiram fábricas de UAVs em Lviv e Dnipro, dobrando a capacidade de produção mensal de drones de reconhecimento e ataque.
- Treinamento Conjunto e Cooperação OTAN: Exercícios “Iron Shield 2025” em Polônia envolveram 15 mil tropas ucranianas e aliados, focados em guerra urbana e defesa de infraestrutura crítica.
Vozes Locais: Citações Diretas que Refletem o Clima Atual
Maria Kovalenko, enfermeira voluntária em Kiev, comenta: “Cada dia traz medo, mas também esperança. A liderança deve mostrar que estamos lutando por algo real, e não apenas por política.”
O Coronel Andriy Shevchenko, comandante de uma unidade de defesa aérea, afirmou: “Sem o apoio internacional e uma estratégia clara, nossas chances diminuem. Mas a moral das tropas permanece alta.”
Análise Geopolítica Atualizada
- Personalização do Conflito: A centralidade de Putin no esforço de guerra é inegável, mas sucessores como o ministro Sergei Shoigu poderiam manter a linha dura, reduzindo o impacto de uma eventual transição.
- Pressão das Sanções: Sanções bloqueiam acesso a tecnologia militar ocidental, mas não impediram Moscou de redirecionar 40% de seu orçamento de defesa para produção doméstica, conforme dados do SIPRI de junho de 2025.
- Diplomacia de Kiev: Zelensky planeja uma cúpula com líderes da UE em agosto de 2025, visando consolidar novo pacote de ajuda de €15 bi e acelerar a integração ucraniana à OTAN.
Perspectivas para a Resolução do Conflito: Cenários Futuros
Cenário 1: Continuação da Guerra sob Liderança Putin
Putin mantém controle e intensifica o conflito, aumentando as perdas e agravando a crise humanitária. A resistência ucraniana se mantém, mas o conflito se prolonga sem perspectivas claras de paz.
Cenário 2: Mudança de Liderança na Rússia
Se Vladimir Putin for removido do poder ou morrer, há uma incerteza significativa sobre o rumo político da Rússia. Embora alguns sucessores em potencial possam considerar negociações ou um cessar-fogo como forma de aliviar pressões externas e internas, a realidade política aponta para outro cenário provável: a continuidade – ou até o agravamento – do autoritarismo e da política militarista.
Analistas indicam que muitos dos nomes cotados para sucedê-lo — como Patrushev, Shoigu ou outros membros da elite de segurança (siloviki) — compartilham da mesma visão de mundo nacionalista e antiocidental, ou são ainda mais duros em sua postura. Assim, mesmo com uma mudança de liderança, não é garantida uma abertura diplomática.
Além disso, a falta de um sucessor claro e institucionalizado pode levar a disputas internas pelo poder, alimentando instabilidade política, repressão interna e desordem nas estruturas do Estado. Esse vácuo de liderança também poderia favorecer movimentos radicais ou autoritários mais extremos.
Cenário 3: Acordos de Paz Condicionais
Pressões internacionais e desgaste das partes levam a negociações com zonas de amortecimento e cessar-fogo temporário, mas tensões políticas internas na Ucrânia e Rússia podem dificultar a consolidação da paz.
Conclusão
As observações de Oleksii Reznikov expõem a intrincada combinação de fatores pessoais, internos e internacionais que alimentam o conflito. Enquanto a Ucrânia consolida defesas e busca reforço aliado, o panorama sugere que, sem mudanças significativas na liderança de Moscou e compromisso diplomático global, a paz completa permanece distante.
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