
Um alto funcionário próximo ao Hamas revelou que o movimento palestino teria concordado com uma oferta de cessar-fogo de 70 dias e a libertação de dez reféns israelitas, apresentada pelo enviado especial dos EUA, Steve Witkoff. O governo de Israel, porém, negou a autoria do plano e declarou-o inaceitável para qualquer executivo responsável. Este artigo revisita os detalhes da proposta, analisa as reações das partes, incorpora dados humanitários atualizados e contextualiza o impasse dentro do esforço diplomático regional.
Detalhes da Proposta
Cessação de Fogo de 70 Dias
Prevê a suspensão mútua de hostilidades por 70 dias, com corredores humanitários para entrega de ajuda médica e alimentar.
Libertação de Reféns
- 10 reféns israelitas vivos, em duas fases de soltura.
- Contrapartida: libertação de centenas de prisioneiros palestinianos com longas penas de prisão.
Retirada Parcial
Saída de tropas israelitas de pontos-chave dentro da Faixa de Gaza — um ponto sensível para Tel Aviv, que o considera prejudicial à segurança interna.
Reações Oficiais
- Hamas (via fonte próxima): A proposta foi apresentada por Witkoff e aceita em princípio como medida humanitária.
- Estados Unidos (Witkoff): Desconecta‑se da versão divulgada, afirmando que o documento referido não corresponde ao seu texto e que algumas condições são “completamente inaceitáveis”.
- Israel (Governo Netanyahu): Classifica o acordo como inviável, especialmente pela duração do cessar-fogo e pela retirada parcial das tropas. Netanyahu afirmou que um cessar-fogo só seria admitido de forma temporária e condicionado ao fim definitivo das capacidades militares do Hamas.
Contexto Humanitário Atualizado
- Mortes em Gaza: Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, o conflito já provocou mais de 55.200 mortes de civis e combatentes desde outubro de 2023.
- Deslocados Internos: Cerca de 1,9 milhão de palestinianos estão deslocados dentro do território, segundo o Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
- Condições de Saúde: Hospitais operam com mais de 150% de sua capacidade, e surtos de cólera e malária foram confirmados em zonas de abrigo improvisado.
Perspectivas Diplomáticas
- Egito e Catar: Mantêm canais abertos com o Hamas e pressionam por um cessar-fogo, oferecendo garantias de verificação do cumprimento dos termos.
- ONU: Debates em curso para apresentar nova resolução de cessar-fogo emergencial, com iniciativa de países não‑alinhados, sem data definida para votação.
- Turquia: Defendeu, em sessão do Conselho de Segurança, a necessidade de proteção imediata a civis e a reintegração de processos multilaterais de paz.
Análise de Cenários
- Acordo Temporário: A demora na aceitação mútua pode transformar o cessar-fogo de 70 dias em um teste de confiança, mas há risco de descumprimento sem mecanismos robustos de verificação.
- Continuidade do Conflito: Rejeição formal por Israel intensifica operações militares, aumentando baixas e pressionando a comunidade internacional a atuar com urgência.
- Mediação Reforçada: Uma coalizão de mediadores regionais (Egito, Catar e Turquia) unida às Nações Unidas pode redefinir prazos e reduzir exigências de retirada, preservando o foco na proteção de civis.
Conclusão
A suposta aceitação da oferta pelo Hamas e a rejeição israelita revelam a fragilidade das negociações diretas sem garantias externas. O obstáculo maior permanece na desconfiança mútua: enquanto Israel exige a derrota completa do Hamas, o movimento exige o fim imediato dos bombardeios e a libertação de prisioneiros. A chave para avançar reside na construção de um mecanismo de verificação multilateral, capaz de assegurar a proteção dos civis e a troca gradual de reféns, abrindo espaço para negociações políticas de longo prazo.
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