Hamas Rejeita Proposta de Israel para Estender Fase Um do Cessar-Fogo em Gaza

Um homem pendura bandeiras do Ramadã na Cidade de Gaza enquanto a primeira fase de um cessar-fogo entre Israel e Hamas expira em 1º de março de 2025.[Omar al-Qattaa/AFP] Fonte: Al Jazeera
Homem pendura bandeiras do Ramadã na Cidade de Gaza, enquanto a primeira fase do cessar-fogo entre Israel e Hamas chega ao fim em 1º de março de 2025.[Omar al-Qattaa/AFP] Fonte: Al Jazeera

Em meio à crescente incerteza em Gaza, o Hamas rejeitou na última sábado a proposta de Israel para prolongar a fase um do cessar-fogo, em vez de avançar para a segunda fase que visa estabelecer uma trégua definitiva. O anúncio ocorre quando a primeira fase do cessar-fogo, que entrou em vigor em 19 de janeiro, está prestes a expirar, deixando a população da região em alerta quanto à possibilidade de um retorno aos combates.

Tensão e Rejeição

Segundo Hazem Qassem, porta-voz do Hamas, em entrevista à Al Araby TV, o grupo rejeitou categoricamente a “formulação” apresentada por Israel para estender o cessar-fogo sem avançar para as negociações da segunda fase. Qassem afirmou que não há qualquer diálogo em andamento para a próxima etapa da trégua, responsabilizando Israel pela ausência de negociações e acusando o país de buscar a recuperação dos reféns ainda retidos em Gaza, mantendo, assim, a possibilidade de retomar as hostilidades.

Falhas nas Negociações para a Segunda Fase

As conversas destinadas a definir a segunda fase do cessar-fogo, que deveriam contemplar a devolução integral dos reféns — atualmente, segundo fontes israelenses, 59 pessoas, das quais 24 ainda se acredita estarem vivas — e a retirada completa das forças israelenses do território, não avançaram. Enquanto o ministro das Relações Exteriores israelense, Gideon Saar, afirmou estar disposto a estender o atual marco em troca da libertação de mais reféns, figuras como o professor Sami al-Arian, da Universidade Zaim de Istambul, alertam que a tentativa de estender a fase um prejudica qualquer chance de negociação, já que o Hamas se recusa a aceitar tal proposta.

Esforços de Mediação e Repercussões Internacionais

m busca de uma solução, representantes de Israel participaram de intensas discussões em Cairo junto com mediadores do Catar e dos Estados Unidos, mas os esforços não renderam resultados concretos. A tensão no terreno se reflete na preocupação da comunidade internacional: o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, declarou que os próximos dias são “críticos” para as negociações da segunda fase, ressaltando que “o cessar-fogo e o acordo de liberação dos reféns devem ser mantidos a todo custo.”

Ao mesmo tempo, organizações humanitárias, como o Programa Mundial de Alimentos, enfatizam a necessidade de um cessar-fogo duradouro para permitir o acesso seguro e contínuo da ajuda humanitária aos palestinos, evitando um retrocesso que possa agravar ainda mais a situação de milhares de civis em Gaza.

Impacto no Terreno e Perspectivas Futuras

Apesar do cessar-fogo estar em vigor, o Escritório de Comunicação do Governo de Gaza (GMO) tem reportado mais de 350 violações por parte das forças israelenses — entre incursões militares, disparos de armas e ataques aéreos — que, segundo relatos, já resultaram em dezenas de vítimas e prejuízos para a população local. Além disso, atrasos na devolução de famílias deslocadas e deficiências na quantidade de ajuda humanitária autorizada têm aumentado a insegurança na região.

Enquanto os mediadores tentam conter a crise para evitar um surto de violência, o clima de incerteza se mantém. Reportagens de campo, como as de Tareq Abu Azzoum, da Al Jazeera, indicam que a falta de obrigações claras para sustentar o cessar-fogo pode resultar em um “surto” de atividades militares, trazendo consigo o risco de uma nova onda de destruição em Gaza.

Conclusão

A rejeição do Hamas à proposta israelense de estender a fase um do cessar-fogo evidencia as profundas divergências entre as partes envolvidas e coloca em risco a transição para uma trégua definitiva. Com negociações para a segunda fase ainda paralisadas e uma pressão internacional crescente para que o cessar-fogo seja mantido, o futuro em Gaza permanece incerto. A comunidade internacional, as organizações humanitárias e os mediadores têm agora a missão crucial de evitar a retomada dos combates e de promover um diálogo que leve a um acordo de paz sustentável e à proteção dos civis em meio a um dos cenários de conflito mais complexos da atualidade.



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