Uma criança descansa em um dos espaços da loja flagship da Huawei em Wangfujing, em Pequim, refletindo a presença marcante da marca em uma das ruas comerciais mais movimentadas da China, em 6 de março de 2025.
[Ng Han Guan/AP Photo]
/ Al Jazeera
Em meio a uma crescente guerra tecnológica entre China e Estados Unidos, a Huawei Technologies avança no desenvolvimento do processador de inteligência artificial (IA) Ascend 910D, projetado para superar o H100 da Nvidia. Este movimento insere-se na estratégia de autossuficiência semicondutora de Beijing, buscando reduzir a dependência de tecnologias ocidentais e consolidar uma cadeia de valor doméstica.
Desde 2022, o governo dos EUA proibiu a exportação de chips avançados da Nvidia para a China, incluindo o H100 e o B200, citando riscos de uso militar e segurança nacional . Em resposta, o governo chinês criou fundos bilionários e parcerias público-privadas para impulsionar a pesquisa e fabricação de semicondutores localmente .
Segundo Susan Scholz, analista de políticas de tecnologia da London School of Economics, “essas sanções transformaram-se em um catalisador para a China acelerar seu programa de semicondutores, forçando empresas como a Huawei a inovar internamente” .
O Ascend 910D: especificações e ambições
Característica
Ascend 910D (Huawei)
H100 (Nvidia)
Arquitetura
Microarquitetura Ascend de última geração
Hopper
Desempenho (FP16 TFLOPs)
Estimado > 65*
~60
Largura de banda MEM
Até 2,2 TB/s*
2,0 TB/s (HBM3)
Primeiras amostras
Maio de 2025
Lançado em 2022
* Dados preliminares de fontes internas Huawei.
O chip está em fase inicial de desenvolvimento e será submetido a testes de throughput, latência e eficiência energética antes de ser liberado para clientes.
Linha do tempo da disputa de chips
Ano
Evento
2020
EUA iniciam primeiras restrições à Huawei.
2022
Proibição de venda do H100 e B200 à China.
2023
Huawei lança Ascend 910B e anuncia 910C.
Maio/2025
Primeiras amostras do Ascend 910D para testes.
2º sem. 2025
Esperado início da produção em massa do 910D.
Citações de especialistas e análises políticas
Dr. Li Wei, pesquisador sênior em IA no Tsinghua Thrust Lab:
“O Ascend 910D demonstra que a China já não quer apenas acompanhar; ela pretende ditar os próximos padrões de performance em IA.”
Dan Hutcheson, CEO da VLSI Research:
“Se as métricas de eficiência energética se confirmarem, veremos data centers chineses migrando em massa para a plataforma Ascend.”
Ana Paula Ribeiro, analista de Relações Internacionais do BRICS Policy Center:
“Este é um movimento estratégico de Beijing para projetar poder tecnológico e resiliência frente às pressões dos EUA.”
Dados de mercado
Segundo relatório da Allied Market Research, o mercado global de chips de IA deve saltar de US$ 23 bilhões em 2023 para US$ 112 bilhões em 2030, com CAGR de 23% . A Nvidia detinha cerca de 80% de participação nesse mercado em 2024, mas analistas projetam que, com a entrada dos chips Ascend, sua fatia pode cair para 60–65% até 2027.
Impacto global
Ecossistema de pesquisa: Mais opções de hardware estimulam avanços em frameworks de IA open source e benchmarks independentes.
EUA: Pressão para inovar ainda mais e possíveis revisões na política de exportação para recuperar competitividade.
União Europeia: Oportunidade de diversificar fornecedores de aceleradores de IA, reduzindo dependência de um único fornecedor.
Países em desenvolvimento: Acesso potencial a chips de alto desempenho a preços mais competitivos, acelerando projetos de IA em setores como agricultura e saúde.
Seção final: consequências do sucesso da Huawei
Caso o Ascend 910D confirme seu potencial, veremos:
Impulso à inovação: A corrida por performance e eficiência energética entrará em nova fase, beneficiando setores que dependem de grande poder de processamento.
Redução da hegemonia da Nvidia, com maior concorrência e possível queda de preços dos aceleradores de IA.
Fortalecimento da estratégia chinesa de autossuficiência tecnológica, com reflexos em políticas industriais de outros países.
Reconfiguração de alianças: EUA podem buscar acordos com aliados para restringir insumos para fabricação de chips chineses; a China, por sua vez, estreitará parcerias com players não alinhados a Washington.
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