Tensões aumentam enquanto EUA, Israel e Irã enfrentam impasse nuclear

Pessoas caminham diante de um mural anti-EUA em Teerã, Irã, em 11 de maio de 2025.
Pessoas passam por um mural com mensagens antiamericanas em uma rua de Teerã, Irã, em 11 de maio de 2025. Foto: Majid Asgaripour/WANA (West Asia News Agency) via REUTERS.

Nas últimas semanas, a comunidade internacional assiste a um dos momentos mais delicados do Oriente Médio em décadas. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) declarou o Irã em violação de suas obrigações de não proliferação, enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, indicou que um ataque israelense às instalações nucleares iranianas “poderia muito bem acontecer”, mas não seria iminente. Ao mesmo tempo, diplomatas se preparam para a sexta rodada de negociações em Omã, marcada para 15 de junho, na tentativa de contornar a escalada antes que um conflito aberto se torne inevitável.

O episódio reúne fatores diplomáticos, militares e econômicos — da pressão de Washington sobre Teerã às preparações de Israel para um ataque preventivo, passando pela retirada de pessoal americano da região e seus reflexos no mercado de energia.

AIEA declara violação e Teerã anuncia Contramedidas

Em 12 de junho de 2025, o Conselho de Governadores da AIEA concluiu que o Irã violou o Tratado de Não-Proliferação Nuclear pela primeira vez em quase 20 anos, ao não explicar vestígios de urânio em locais não declarados e restringir o acesso de inspetores desde 2019. Em resposta, Teerã anunciou a construção de uma terceira usina de enriquecimento de urânio e planos de modernizar sua instalação de Fordow, afirmando que reconstruiria qualquer instalação destruída por bombardeios em prazo reduzido.

Pressão de Trump e recado a Netanyahu

No mesmo dia, Trump afirmou que um ataque israelense “poderia muito bem acontecer”, mas preferiria evitá-lo enquanto as negociações diplomáticas seguissem em curso. O presidente revelou ter aconselhado o premiê Netanyahu a suspender qualquer ação militar, reforçando o papel prioritário da diplomacia americana e insistindo que o Irã precisa oferecer concessões mais duras, sobretudo no fim do enriquecimento de urânio.

Retirada de pessoal e inteligência sobre Israel

Na véspera, Washington ordenou a retirada de funcionários não essenciais de embaixadas e bases em Iraque, Kuwait e Bahrain, citando ameaças de retaliação iraniana e alertando que a região “poderia ser perigosa”. Fontes de inteligência dos EUA observam preparativos israelenses para atingir instalações nucleares em Teerã, mas confirmam que ainda não há decisão final em Tel Aviv — o que reforça a hipótese de que a exposição pública de tais planos visa intensificar a pressão diplomática sobre o Irã.

Novos encontros em Omã: sexta rodada em 15 de junho

O Ambiente diplomático reconcentra-se agora em Omã: de acordo com o ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al‑Busaidi, a sexta rodada de negociações entre EUA e Irã acontecerá em Muscat em 15 de junho, com a participação do enviado especial americano Steve Witkoff e interlocutores iranianos diretos e indiretos. O objetivo é alcançar um acordo que combine o relaxamento de sanções com limites significativos ao programa de enriquecimento, evitando uma nova escalada militar.

Impacto nos preços do petróleo

O temor de um conflito no Golfo Pérsico tem inflacionado os prêmios de risco no mercado de petróleo: desde o anúncio da decisão da AIEA, o barril de Brent acumula alta de 5%, refletindo temores sobre a segurança do estreito de Ormuz e possíveis embargos às exportações iranianas. Especialistas advertem que qualquer interrupção no tráfego marítimo poderia gerar um choque de oferta global, elevando ainda mais os preços e pressionando economias importadoras de energia.

Cenários de desdobramento

  • Ataque limitado: um ataque cirúrgico israelense em instalações de enriquecimento, projetado para retardar o programa sem provocar guerra total.
  • Escalada ampla: retaliação do Irã ou grupos aliados como Hezbollah, com confrontos no Líbano e ameaças a rotas marítimas.
  • Acordo diplomático: concessões mútuas que resultem em suspensão temporária de sanções e restrições moderadas ao enriquecimento — cenário mais desejado, mas com grandes obstáculos de desconfiança.

Conclusão

O conjunto de decisões da AIEA, declarações de líderes e movimentações militares delineia um quadro de alta volatilidade. Enquanto Washington busca manter a diplomacia como prioridade, a sombra de um ataque israelense paira como mecanismo de pressão sobre Teerã. O êxito ou fracasso das negociações em Omã, agendadas para 15 de junho, provavelmente definirá se as tensões serão contidas ou se transbordarão em um conflito de consequências regionais e globais.

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