
Hoje, sexta-feira, policiais armados e soldados indianos vasculharam residências e florestas na região da Caxemira controlada pela Índia, enquanto o chefe do Exército visitava Srinagar para revisar os dispositivos de segurança. A mobilização ocorre após o ataque de militantes na terça-feira que resultou na morte de 26 homens – o pior atentado contra civis em quase 20 anos na área.
O ataque em Pahalgam e as acusações contra o Paquistão
O ataque ocorreu em um prado próximo à cidade turística de Pahalgam, quando homens armados executaram 26 vítimas de diferentes estados indianos. O governo de Nova Délhi atribuiu o atentado a “elementos paquistaneses” e afirma haver “ligações transfronteiriças” na ação, embora ainda não tenha apresentado provas públicas detalhadas. Islamabad nega qualquer envolvimento.
Reação política e apelos por retaliação
- Primeiro-ministro Narendra Modi prometeu caçar os responsáveis “até os confins da Terra”.
- Líderes do partido BJP (nacionalista hindu) exigem ação militar contra o Paquistão, relembrando o ataque de 2019 em Balakot.
- Oposição: Rahul Gandhi visitou Srinagar, encontrou-se com feridos e autoridades locais, e pediu apuração rigorosa sem escalada desnecessária.
Impactos econômicos e diplomáticos
Os mercados financeiros reagiram com forte volatilidade: o principal índice acionário fechou com queda entre 0,7% e 0,9%, e a rúpia desvalorizou-se 0,2%, enquanto o rendimento do título de 10 anos subiu quatro pontos-base.
Além disso, o tratado de compartilhamento de águas do rio Indo foi suspenso por Nova Délhi, e o espaço aéreo paquistanês permanece fechado para companhias indianas, obrigando rotas mais longas para Europa e EUA.
Citações de especialistas e fontes oficiais
Ajai Sahni, diretor-executivo do Institute for Conflict Management, destaca a mudança de padrão no ataque:
“O ataque em Pahalgam marca uma nova fase de infiltração coordenada, com sinais de apoio externo mais sofisticado.”
A ONU, por meio do secretário-geral António Guterres, e o Departamento de Estado dos EUA condenaram o atentado, pedindo “máxima moderação” para evitar escalada militar .
Linha do tempo dos conflitos na Caxemira
Ano | Evento-chave |
---|---|
1947 | Partição da Índia e primeira guerra pela Caxemira |
1965 | Segunda guerra Indo-Paquistanesa |
1999 | Conflito de Kargil |
2019 | Ataque em Pulwama e retaliação aérea de Balakot |
2021 | Cessar-fogo bilateral renovado ao longo da Linha de Controle |
2025 | Ataque de Pahalgam: 26 mortos, maior atentado contra civis em quase 20 anos |
O papel da China
Embora mantenha posição oficial de “neutralidade”, a China exerce influência estratégica:
- Aliança com o Paquistão por meio do Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC).
- Declarações do embaixador chinês Xu Feihong expressaram “profunda preocupação” e apelo por estabilidade na região .
- Pequim monitora de perto qualquer ruptura do cessar-fogo, dado seu interesse em manter a rota do CPEC segura.
Consequências possíveis
- Repercussões humanitárias
- Possível intensificação de demolições de casas de suspeitos e violações de direitos humanos, já denunciadas por ONGs locais.
- Retaliação clandestina
- Analistas do Chatham House apontam que, em vez de guerra aberta, a Índia pode optar por ações de inteligência e operações cirúrgicas secreto-militares, minimizando risco de escalada nuclear .
- Crise diplomática prolongada
- Suspensão de tratados (Indus Water Treaty, acordos de aviação) pode persistir, afetando populações locais e comércio regional.
- Impacto político interno
- Em Nova Délhi, pressão por linha-dura fortalece BJP e retórica nacionalista.
- No Paquistão, aumenta a instabilidade política e radicalização de facções que veem necessidade de “defesa” contra agressão indiana.

Figura 1. Divisão da Caxemira entre as administrações da Índia (laranja) e do Paquistão (verde), com a Linha de Controle (traço vermelho), zonas de tensão (triângulos vermelhos) e principais cidades: Leh, Srinagar, Jammu, Muzaffarabad e Pahalgam (local do ataque).
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