Índia intensifica operações de segurança na Caxemira

Soldados da Border Security Force (BSF) guardam a travessia de Attari-Wagah, na fronteira Índia-Paquistão, perto de Amritsar, Índia, em 25 de abril de 2025
Membros da Border Security Force (BSF) fazem vigilância no posto de controle de Attari-Wagah, localizado na fronteira entre a Índia e o Paquistão, em 25 de abril de 2025.REUTERS/Pawan Kumar

Hoje, sexta-feira, policiais armados e soldados indianos vasculharam residências e florestas na região da Caxemira controlada pela Índia, enquanto o chefe do Exército visitava Srinagar para revisar os dispositivos de segurança. A mobilização ocorre após o ataque de militantes na terça-feira que resultou na morte de 26 homens – o pior atentado contra civis em quase 20 anos na área.

O ataque em Pahalgam e as acusações contra o Paquistão

O ataque ocorreu em um prado próximo à cidade turística de Pahalgam, quando homens armados executaram 26 vítimas de diferentes estados indianos. O governo de Nova Délhi atribuiu o atentado a “elementos paquistaneses” e afirma haver “ligações transfronteiriças” na ação, embora ainda não tenha apresentado provas públicas detalhadas. Islamabad nega qualquer envolvimento.

Reação política e apelos por retaliação

  • Primeiro-ministro Narendra Modi prometeu caçar os responsáveis “até os confins da Terra”.
  • Líderes do partido BJP (nacionalista hindu) exigem ação militar contra o Paquistão, relembrando o ataque de 2019 em Balakot.
  • Oposição: Rahul Gandhi visitou Srinagar, encontrou-se com feridos e autoridades locais, e pediu apuração rigorosa sem escalada desnecessária.

Impactos econômicos e diplomáticos

Os mercados financeiros reagiram com forte volatilidade: o principal índice acionário fechou com queda entre 0,7% e 0,9%, e a rúpia desvalorizou-se 0,2%, enquanto o rendimento do título de 10 anos subiu quatro pontos-base.

Além disso, o tratado de compartilhamento de águas do rio Indo foi suspenso por Nova Délhi, e o espaço aéreo paquistanês permanece fechado para companhias indianas, obrigando rotas mais longas para Europa e EUA.

Citações de especialistas e fontes oficiais

Ajai Sahni, diretor-executivo do Institute for Conflict Management, destaca a mudança de padrão no ataque:

“O ataque em Pahalgam marca uma nova fase de infiltração coordenada, com sinais de apoio externo mais sofisticado.”

A ONU, por meio do secretário-geral António Guterres, e o Departamento de Estado dos EUA condenaram o atentado, pedindo “máxima moderação” para evitar escalada militar .

Linha do tempo dos conflitos na Caxemira

AnoEvento-chave
1947Partição da Índia e primeira guerra pela Caxemira
1965Segunda guerra Indo-Paquistanesa
1999Conflito de Kargil
2019Ataque em Pulwama e retaliação aérea de Balakot
2021Cessar-fogo bilateral renovado ao longo da Linha de Controle
2025Ataque de Pahalgam: 26 mortos, maior atentado contra civis em quase 20 anos

O papel da China

Embora mantenha posição oficial de “neutralidade”, a China exerce influência estratégica:

  • Aliança com o Paquistão por meio do Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC).
  • Declarações do embaixador chinês Xu Feihong expressaram “profunda preocupação” e apelo por estabilidade na região .
  • Pequim monitora de perto qualquer ruptura do cessar-fogo, dado seu interesse em manter a rota do CPEC segura.

Consequências possíveis

  • Repercussões humanitárias
  • Possível intensificação de demolições de casas de suspeitos e violações de direitos humanos, já denunciadas por ONGs locais.
  • Retaliação clandestina
  • Analistas do Chatham House apontam que, em vez de guerra aberta, a Índia pode optar por ações de inteligência e operações cirúrgicas secreto-militares, minimizando risco de escalada nuclear .
  • Crise diplomática prolongada
  • Suspensão de tratados (Indus Water Treaty, acordos de aviação) pode persistir, afetando populações locais e comércio regional.
  • Impacto político interno
  • Em Nova Délhi, pressão por linha-dura fortalece BJP e retórica nacionalista.
  • No Paquistão, aumenta a instabilidade política e radicalização de facções que veem necessidade de “defesa” contra agressão indiana.
Mapa ilustrativo da Caxemira com divisões administrativa, cidades principais e áreas de tensão
Mapa ilustrativo da Caxemira com divisões administrativa, cidades principais e áreas de tensão

Figura 1. Divisão da Caxemira entre as administrações da Índia (laranja) e do Paquistão (verde), com a Linha de Controle (traço vermelho), zonas de tensão (triângulos vermelhos) e principais cidades: Leh, Srinagar, Jammu, Muzaffarabad e Pahalgam (local do ataque).

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