
No dia 18 de julho de 2025, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyed Abbas Araghchi, manteve uma conversa telefônica com seu homólogo belga, Maxime Prevot, em mais um esforço para conter a escalada de tensões na região do Oriente Médio. O diálogo ocorre em meio a uma série de ações militares israelenses em territórios vizinhos, bem como ao debate internacional sobre o programa nuclear iraniano.
Contexto das recentes hostilidades
Nas semanas anteriores, entre 13 e 24 de junho de 2025, o Irã sofreu ataques atribuídos a Israel e aos Estados Unidos, incluindo operações contra instalações nucleares iranianas. Em sua conversa com Prevot, Araghchi criticou as “posições inapropriadas” de certos países europeus, argumentando que aceitar ou minimizar esses ataques “normalizaria a violação de leis internacionais e aumentaria a insegurança.
Posição da Bélgica e compromisso com a diplomacia
Maxime Prevot, que ocupa o cargo de ministro das Relações Exteriores da Bélgica, expressou preocupação com o agravamento do conflito e reafirmou que Bruxelas está comprometida com “soluções diplomáticas e negociações sérias”, incluindo a resolução das pendências em torno do programa nuclear de Teerã. Prevot instou todas as partes a evitarem novas escaladas e a manterem canais de diálogo abertos.
Panorama mais amplo das relações Irã–Europa
Este contato faz parte de uma série de movimentos diplomáticos: em 12 de maio de 2025, Araghchi publicou no jornal francês Le Point um artigo de opinião no qual defendeu que “o Irã está pronto para virar a página com a Europa”, mas alertou para a estratégia de confronto adotada por alguns Estados europeus em relação ao acordo nuclear de 2015 (JCPOA). Esse texto destacou a diminuição da influência europeia no Oriente Médio e a necessidade de oferecer incentivos econômicos concretos para que o Irã cumpra seus compromissos internacionais.
Desafios e próximos passos
- Desconfiança histórica: A falta de confiança mútua, agravada por sanções unilaterais e embargos, continua a ser um obstáculo à consolidação de acordos mais profundos.
- Pressão interna e externa: Tanto o Irã quanto a Bélgica (e, por extensão, a União Europeia) enfrentam pressões de grupos internos e de outros parceiros estratégicos que têm visões divergentes sobre a melhor forma de lidar com Teerã.
- Calendário de negociações: Espera‑se que, nas próximas semanas, representantes europeus – possivelmente liderados pelo Alto Representante da UE para Assuntos Exteriores – promovam uma rodada de conversas em Bruxelas, incluindo delegações iranianas, para discutir retomada de incentivos econômicos e garantias de segurança mútuas.
Conclusão
Embora um único telefonema não resolva conflitos de décadas, o diálogo Irã–Bélgica demonstra que, mesmo em meio a crises agudas, a diplomacia permanece o instrumento mais viável para evitar que pequenos incidentes se transformem em uma guerra de maior alcance no Oriente Médio. A combinação de esforços bilaterais (como este) e multilaterais (por meio da ONU e da UE) será essencial para construir um ambiente de confiança gradual e buscar soluções sustentáveis para a paz regional.
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