
O Ministério das Relações Exteriores do Irã anunciou na quinta-feira(24)que o vice-chanceler Abbas Araghchi está disposto a viajar a Paris, Berlim e Londres para iniciar uma nova rodada de negociações nucleares com os três Estados-membros europeus do acordo de 2015 (conhecidos como E3: França, Alemanha e Reino Unido). A proposta vem logo após a retomada das conversas com os Estados Unidos, previstas para sábado em Omã, e encontros recentes com Rússia e China.
Desde setembro de 2024, o Irã e o E3 vêm realizando discussões técnicas e políticas para buscar um entendimento que leve à reversão gradual do programa nuclear iraniano em troca do alívio das sanções internacionais. A rodada mais recente, em março, tratou dos parâmetros de um possível novo acordo, mas estagnou quando Teerã iniciou negociações indiretas com a administração de Donald Trump nos EUA.
Contexto e motivações de Teerã
- Urgência temporal: Diplomatas europeus apontam agosto de 2025 como prazo-limite para decidir pela retomada ou não das sanções via snapback, antes do fim do acordo em 18 de outubro de 2025.
- Diversificação de parceiros: Ao ampliar o leque de interlocutores — EUA, Rússia, China e agora Europa —, o Irã busca maximizar sua margem de manobra e evitar dependência exclusiva de um único ator nas tratativas nucleares.
- Pressão por sanções: A ameaça de “snapback” (reativação automática de sanções da ONU) permanece como principal instrumento de pressão. Só o E3 detém atualmente a capacidade de acionar esse mecanismo após a saída dos EUA do acordo em 2018.
Reação dos países europeus
- Alemanha e Reino Unido: Até o momento, não emitiram comentários oficiais, mas fontes diplomáticas em Bruxelas confirmam disposição para retomar o contato técnico assim que Teerã demonstrar verificação consistente de suas atividades nucleares.
- França: O porta-voz Christophe Lemoine afirmou que “a única solução é a diplomática”, mas ressaltou que a E3 aguardará sinais concretos de que o Irã está verdadeiramente comprometido com o diálogo antes de avançar.
O papel dos Estados Unidos
Embora o presidente Trump não tenha informado previamente aos europeus sobre as negociações em Omã, o principal negociador técnico americano, Michael Anton, já prestou um briefing ao E3 em Paris em 17 de abril, indicando melhora na coordenação transatlântica. A conversação em Omã incluirá tanto especialistas de nível técnico quanto representantes de alto escalão, reforçando a importância de alinhar estratégias entre EUA e Europa.
Desafios e próximos passos
Desafio | Implicação | Prazo crítico |
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Demonstração de compromisso iraniano | Europa só avançará se houver inspeções robustas da AIEA | Agosto/2025 |
Coordenação EUA-E3 | Necessária para pressão unificada pela diplomacia | Imediata |
Risco de snapback | Sanções podem ser reimpostas por E3 antes de outubro | 18 de outubro/2025 |
- Inspeções da AIEA: Verificação in loco das instalações nucleares iranianas será requisito para qualquer avanço.
- Rodada em Omã: Agendada para sábado, definirá detalhamento técnico e agenda de futuras reuniões.
- Visitas europeias: Proposta de Araghchi de visitar Paris, Berlim e Londres sinaliza início de tratativas diretas de alto nível.
Conclusão
A oferta iraniana de diálogo com a França, Alemanha e Reino Unido representa uma oportunidade para revitalizar o acordo nuclear de 2015 e evitar uma escalada de sanções que poderia agravar ainda mais as tensões regionais. No entanto, o sucesso dependerá de sinais concretos de verificação por parte de Teerã e de uma coordenação firme entre Europa e Estados Unidos. Até agosto de 2025, data apontada por diplomatas, estará claro se a diplomacia prevalecerá ou se as sanções serão novamente acionadas.
“A bola está agora na quadra do E3”, concluiu Araghchi em sua postagem nas redes sociais, destacando que o próximo movimento cabe aos europeus.
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