
Na madrugada de 17 de agosto de 2025, Israel confirmou ter realizado um ataque contra a usina de Haziz, ao sul de Sanaa, capital do Iêmen. O alvo, segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), seria uma infraestrutura energética utilizada pelos rebeldes Houthis, grupo alinhado ao Irã. O bombardeio foi apresentado como retaliação a lançamentos de mísseis e drones que partiram do Iêmen em direção ao território israelense. O episódio marca mais um capítulo da escalada militar que vem ampliando o conflito no Oriente Médio, atingindo diretamente o já fragilizado território iemenita.
Motivação e alcance estratégico
Os Houthis intensificaram seus ataques contra Israel desde 2023, em solidariedade aos palestinos durante a guerra em Gaza. Em resposta, Israel passou a realizar operações militares no Iêmen a partir de maio de 2025, mirando especialmente portos e usinas elétricas usadas pelos rebeldes.
No caso de Haziz, o ataque foi conduzido por navios-mísseis da Marinha israelense, marcando a segunda vez que Tel Aviv recorre a uma operação naval de longo alcance. A distância de quase 2.000 km entre Israel e Sanaa ilustra a capacidade estratégica de projeção de força.
Detalhes da ação e impactos imediatos
Moradores relataram duas fortes explosões, seguidas de um incêndio nos geradores da usina, que foi posteriormente controlado. Fontes ligadas aos Houthis confirmaram os danos, mas não atribuíram oficialmente o ataque a Israel.
Embora não haja confirmação de vítimas, a destruição de parte da usina ameaça agravar a já grave crise energética no Iêmen, país que sofre com infraestrutura debilitada após anos de guerra civil.
Escalada militar recente
O ataque contra Haziz se insere em uma série de operações de Israel contra alvos Houthi:
- 10 de junho de 2025 – navios de guerra israelenses atacam o porto de Hodeidah, marcando a primeira operação naval do conflito.
- 6 de julho de 2025 – bombardeios israelenses atingem portos em Hodeidah, Ras Isa e As-Salif, além de uma usina elétrica; um navio em posse dos Houthis também foi alvo.
- 17 de agosto de 2025 – ataque contra a usina de Haziz, ao sul de Sanaa, realizado pela Marinha israelense.
Esse padrão mostra uma estratégia de Israel de destruir infraestrutura logística e energética para enfraquecer a capacidade ofensiva dos Houthis.
Consequências humanitárias e regionais
Os ataques israelenses, somados às operações anteriores de EUA e Reino Unido, vêm aprofundando a tragédia humanitária no Iêmen. Relatórios de ONGs internacionais alertam para riscos de fome em larga escala e colapso dos serviços básicos, já que instalações civis críticas — como portos e usinas — são diretamente atingidas.
No plano regional, o episódio amplia a rivalidade indireta entre Israel e Irã, com os Houthis servindo como braço de pressão de Teerã no Golfo e no Mar Vermelho.
Implicações estratégicas
- Dissuasão: Israel busca mostrar que nenhum ponto de origem de ataques está fora de alcance.
- Pressão sobre o Irã: O envolvimento dos Houthis reforça o papel do Iêmen como campo de batalha indireto entre Teerã e Tel Aviv.
- Direito internacional: Organizações humanitárias questionam a legalidade de ataques a infraestrutura civil vital, que podem configurar violação das leis de guerra.
Conclusão
O bombardeio israelense contra a usina de Haziz evidencia o aprofundamento da guerra paralela entre Tel Aviv e os Houthis. Para Israel, trata-se de uma medida de autodefesa e dissuasão; para o Iêmen, é mais um golpe em sua já combalida infraestrutura. O ataque reforça a dimensão regional do conflito, em que cada movimento militar reverbera além das fronteiras imediatas, com consequências diretas sobre milhões de civis.
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