
srael lançou, em 18 de maio de 2025, uma ofensiva terrestre extensiva no norte e no sul da Faixa de Gaza após nenhum avanço nas conversações indiretas de cessar-fogo mediadas pelo Qatar. Esse desdobramento ocorre enquanto as negociações permanecem estagnadas, mesmo com tentativas de retomar o diálogo — para compreender o histórico dessas conversas, veja nosso artigo anterior Gaza: Retomada das Negociações de Cessar-Fogo em Meio à Intensificação de Ataques e Antecipação de Ofensiva Terrestre.
Contextualização Técnica
O nome da operação terrestre, “Carros de Gideão”, faz referência à doutrina militar israelense que prioriza controle rápido de áreas urbanas críticas. A iniciativa busca neutralizar as infraestruturas do Hamas em Gaza e consolidar o controle operacional do território.
Andamento Militar e Humanitário
- Bombardeios preliminares: Na semana anterior, as Forças de Defesa de Israel (IDF) atingiram mais de 670 alvos do Hamas, eliminando dezenas de combatentes.
- Início da ofensiva terrestre: Na madrugada de 18/05, pelo menos 130 civis morreram em ataques, elevando para 464 o total de mortos na última semana, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
- Deslocamento em massa: Quase 2,3 milhões de pessoas foram forçadas a fugir de suas residências, enquanto hospitais operam além da capacidade e enfrentam escassez de combustível, com 75% das ambulâncias ameaçadas de paralisação.
- Risco de fome: Especialistas das Nações Unidas alertam para um iminente colapso de suprimentos, podendo levar à fome generalizada.
Impasse Diplomático em Doha
A nova rodada de conversas indiretas começou em 17 de maio, mediada pelo Qatar. Israel propôs:
- Cessação imediata dos ataques em troca da libertação parcial de reféns;
- Exílio de militantes do Hamas e desmilitarização total de Gaza.
O Hamas, por sua vez, exige:
- Cessação completa das hostilidades;
- Retirada total das tropas israelenses;
- Fim do bloqueio humanitário;
- Libertação integral de prisioneiros palestinos.
Sem acordo sobre pré-condições, as partes não registraram progresso, e a ofensiva terrestre seguiu como meio de pressão estratégica.
Reações Internacionais
- União Europeia: Josep Borrell alertou para o risco de crimes de guerra e pediu “moderação máxima” para proteger civis.
- Nações Unidas: O Alto Comissariado de Direitos Humanos classificou os ataques como potencial violação do direito internacional humanitário e pediu investigação independente.
- Organizações humanitárias: Cruz Vermelha e Médicos Sem Fronteiras relatam condições “pior do que qualquer crise recente” e pedem corredores seguros para civis.
Implicações Geopolíticas
A operação tem o duplo objetivo de degradar o poder militar do Hamas e reafirmar alianças regionais, notadamente com Arábia Saudita e Egito, no esforço de conter a influência do Irã. Ao mesmo tempo, o sofrimento civil pode fortalecer narrativas de resistência e atrair simpatizantes para o movimento.
Cenários Futuros
- Mediação reforçada: Participação ativa de Turquia e Egito para viabilizar cessar-fogo e trocas de prisioneiros;
- Escalada prolongada: Ocupação de áreas urbanas, aumento do número de vítimas e possível insurgência transfronteiriça;
- Acordo provisório: Redução das operações em troca de compromisso gradual de libertação de reféns e suspensão limitada das ações militares.
Conclusão
O impasse em Doha e o imediato avanço terrestre demonstram o dilema entre garantias de segurança israelenses e a urgência humanitária em Gaza. Sem concessões mútuas e supervisão internacional confiável, o ciclo de violência tende a persistir, aprofundando a crise e afastando perspectivas de paz sustentável.
Faça um comentário