Japão e Mongólia aprofundam parceria democrática em visita de Estado de Naruhito

Bandeiras da Mongólia e do Japão lado a lado, representando a cooperação bilateral entre os dois países.
Bandeiras nacionais da Mongólia e do Japão unidas simbolicamente, destacando a intensificação dos laços democráticos e estratégicos em 2025. Imagem gerada com base em elementos de domínio público.

Em 6 de julho de 2025, o imperador Naruhito e a imperatriz Masako iniciaram uma visita de Estado de uma semana à Mongólia. O encontro em Ulaanbaatar com o presidente Ukhnaa Khurelsukh tem como meta consolidar a “Parceria Estratégica Especial” entre as nações, reforçando valores democráticos, expandindo a cooperação econômica, cultural e de segurança, e destacando o apoio do Japão à consolidação da jovem democracia mongol.

Diversificação de parcerias e contexto geopolítico

Desde a transição pacífica para o multipartidarismo em 1990, a Mongólia adotou a chamada “política do terceiro vizinho” para equilibrar sua histórica dependência de China e Rússia, buscando ampliar alianças com democracias como Japão e Estados Unidos. A visita imperial sublinha esse esforço, inserindo-se num contexto regional marcado pela influência autoritária de potências vizinhas e pela apreensão de vários governos democráticos asiáticos.

Cerimônias de boas-vindas e homenagens históricas

Em cerimônia oficial no Palácio do Estado, o presidente Khurelsukh saudou o casal imperial como “convidados de honra” durante o Naadam Festival — principal celebração cultural da Mongólia. Naruhito prestou homenagem aos aproximadamente 12 000–14 000 prisioneiros de guerra japoneses detidos em solo mongol após a Segunda Guerra Mundial, lembrando os cerca de 1 700 que não sobreviveram às condições rígidas de trabalho forçado.

Cooperação econômica, investimentos em ODA e impacto projetado

O Japão é atualmente o segundo maior doador de Assistência Oficial ao Desenvolvimento (ODA) para a Mongólia. Durante o encontro bilateral, Tóquio anunciou novos financiamentos de até US$ 300 milhões em linhas de crédito para modernização de infraestrutura — incluindo transporte, energia renovável e abastecimento de água — além de apoio à expansão do Aeroporto Internacional Chinggis Khaan, que deverá dobrar sua capacidade de passageiros até 2030. Segundo estudo do Banco Asiático de Desenvolvimento, essas iniciativas podem impulsionar o PIB da Mongólia em até 1,5% ao ano entre 2026 e 2030, graças à redução de custos logísticos e ao fortalecimento do turismo e do comércio regional.

“Estamos comprometidos em promover o desenvolvimento sustentável da Mongólia e em garantir que nossos investimentos gerem benefícios duradouros para o povo mongol”, afirmou Taro Kono, ministro japonês das Relações Exteriores, após reunião com Khurelsukh.

Segurança, defesa e cibercooperação

Em paralelo, avançam as negociações de um Acordo de Transferência de Equipamentos e Tecnologia de Defesa, que prevê o fornecimento de veículos blindados leves, sistemas de vigilância fronteiriça e capacitação em cibersegurança. Essa cooperação visa fortalecer a guarda nacional da Mongólia, melhorar o controle de suas fronteiras e aumentar a interoperabilidade com as Forças de Autodefesa japonesas.

“Nossa parceria em cibersegurança reforça a resiliência de ambos os países contra ameaças digitais, garantindo proteção a infraestruturas críticas”, destacou Ukhnaa Khurelsukh em coletiva conjunta.

Intercâmbio cultural e pessoas‑a‑pessoas

O regime de bolsas de estudo para estudantes mongóis em universidades japonesas foi ampliado, passando de 150 para 300 vagas anuais, enquanto grupos artísticos — como taiko e cerimônias do chá — foram convidados a se apresentar em Ulaanbaatar, reforçando o contato entre as sociedades.

Perspectivas e próximos passos

Até o final de 2025, espera‑se o início da primeira fase da modernização do aeroporto e a assinatura formal do Acordo de Defesa, com início de treinamentos conjuntos previstos já em março de 2026. Além disso, delegações japonesas e mongóis planejam encontros semestrais de acompanhamento para avaliar resultados e ajustar projetos conforme as necessidades emergentes.

Conclusão

A visita de Estado de Naruhito e Masako à Mongólia consolida um modelo de cooperação democrático e multifacetado, que alia memória histórica, investimentos econômicos, segurança e intercâmbio cultural. Em um entorno geopolítico desafiador, essa parceria fortalece tanto a resiliência democrática da Mongólia quanto a projeção diplomática do Japão na Ásia Central.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*