Japão fortalece defesa no sudoeste com base permanente para frota de V‑22 Ospreys

Em 9 de julho de 2025, o Exército Japonês iniciou a transferência de sua frota de 17 aeronaves tilt‑rotor V‑22 Osprey para o recém‑inaugurado Camp Saga, na prefeitura de Saga, ilha de Kyushu. A mudança, planejada desde 2023, faz parte de uma estratégia nacional de reforço das defesas das ilhas remotas do sudoeste japonês, em resposta ao ambiente de segurança cada vez mais tenso no Mar da China Oriental e no Estreito de Taiwan.

Contexto geopolítico

Nas últimas décadas, a China tem ampliado sua presença militar na região, intensificando patrulhas na zona econômica exclusiva do Japão e reafirmando reivindicações sobre as ilhas Senkaku/Diaoyu. Em resposta, Tóquio vem reforçando exercícios conjuntos com os EUA e aprimorando sua capacidade de deslocamento rápido entre ilhas dispersas, elemento crítico para a dissuasão e defesa de pontos sensíveis do arquipélago.

Capacidades operacionais dos V‑22

O V‑22 Osprey combina decolagem e pouso vertical (VTOL) de um helicóptero com a alta velocidade e alcance de um avião de asa fixa. Cada unidade transporta até 24 soldados ou cerca de 11 toneladas de carga, com alcance superior a 1.600 km. Essa versatilidade é essencial para evacuação médica, reabastecimento e mobilidade estratégica em cenários insulares.

Infraestrutura de Camp Saga

Erguido em área agrícola junto ao Aeroporto Internacional de Saga, o novo campo-base inclui:

• Hangares e aprons de estacionamento

• Depósitos de munição e tanques de combustível

• Vias de acesso ao aeroporto

• Quartéis para até 800 militares (sendo 420 destinados à unidade Osprey).
• A transferência das aeronaves — anteriormente sediadas provisoriamente em Camp Kisarazu, perto de Tóquio desde 2020 — deve ser concluída até meados de agosto de 2025.

Integração com unidades regionais

Camp Saga operará em estreita coordenação com:

• Brigada de Implantação Rápida Anfíbia em Ainoura (Sasebo), a cerca de 70 km de Saga.

• Aproximadamente 50 helicópteros baseados em Camp Metabaru.

• Forças da Força Aérea e da Marinha da região.
• Esse “triângulo de mobilidade” aumenta a capacidade de resposta conjunta a crises e reforça a dissuasão em torno das ilhas Nansei.

Reações locais e preocupações

Logo na manhã de inauguração, manifestantes se reuniram em frente ao portão principal de Camp Saga, clamando pela “remoção completa dos Ospreys”, devido a temores de segurança e impacto ambiental (ruído e risco de acidentes). Os Ospreys já estiveram envolvidos em incidentes graves:

• Novembro/2023: queda de um CV‑22B da USAF próximo a Yakushima, causando oito mortes.
• Outubro/2024: tombamento de uma aeronave japonesa durante exercício conjunto, atribuído a erro humano.

Declarações oficiais e desdobramentos

O Ministro da Defesa, Gen Nakatani, ressaltou:

“O ambiente de segurança ao redor do Japão se tornou severo, e fortalecer nossa capacidade de defesa insular é tarefa urgente.”

Nas próximas semanas, espera‑se:

• Conclusão das obras de infraestrutura logística.
• Realização de exercícios combinados com os EUA e com a Brigada Anfíbia.
• Monitoramento contínuo das reações públicas, buscando mitigar riscos sociais e ambientais.

Conclusão

A transferência definitiva dos V‑22 Ospreys para Camp Saga representa um salto qualitativo na mobilidade estratégica do Japão no sudoeste do país, reforçando o vigente conceito de “defesa de ilhas remotas”. Embora traga ganhos operacionais significativos e eleve o nível de dissuasão perante ameaças regionais, o governo japonês precisa equilibrar esses benefícios com robustos mecanismos de segurança, transparência e diálogo com as comunidades afetadas.