
Ao completar um ano no cargo, o presidente de Taiwan, Lai Ching-te, usou seu discurso de 20 de maio de 2025 para reforçar seu compromisso com a manutenção da paz no Estreito de Taiwan, mas sem abrir mão do direito da ilha à autodeterminação. Enquanto isso, a China intensificou sua retórica e ações militares, destacando os limites do diálogo entre Taipé e Pequim em meio a uma crescente rivalidade geopolítica na Ásia-Pacífico.
Um Ano de Governo e Um Chamado à Paz Realista
Durante a cerimônia em Taipé, Lai fez declarações diretas tanto à população taiwanesa quanto à comunidade internacional. Ele reafirmou a disposição para o diálogo com Pequim, mas enfatizou que este só pode ocorrer sob condições de respeito mútuo:
“Também estou comprometido com a paz. Porque a paz é inestimável e a guerra não tem vencedores. Mas, quando se trata de buscá-la, não podemos ter sonhos nem ilusões.”
Lai reforçou ainda que somente os taiwaneses têm o direito de decidir o próprio futuro:
“Quero deixar claro aos cidadãos taiwaneses e à comunidade internacional: Taiwan é um país soberano e independente. O futuro de Taiwan deve ser decidido por nossos 23 milhões de habitantes.”
E concluiu com uma mensagem contundente sobre o preparo militar:
“Preparar-se para a guerra é o melhor caminho para evitá-la.”
Reação de Pequim: Hostilidade e Pressão Militar
A resposta da China continental veio de imediato. O Gabinete para Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado Chinês classificou Lai como “separatista perigoso” e disse que suas declarações são “táticas de duas faces fadadas ao fracasso”.
“Não importa o que os líderes da região de Taiwan digam, não mudarão o fato de que Taiwan é parte inalienável da China”, declarou o porta-voz Chen Binhua.
Pequim também reiterou que qualquer diálogo só pode ocorrer com base na aceitação do princípio de “uma só China” — condição que o governo taiwanês rejeita.
Exercícios Militares: Aumenta a Pressão no Estreito de Taiwan
Nos últimos meses, a China vem intensificando a presença militar ao redor de Taiwan. Os principais exercícios recentes incluem:
Nome do Exercício | Data | Descrição |
---|---|---|
Joint Sword‑2024A | Agosto de 2024 | Simulação de cerco marítimo a Taiwan; envolveu marinha, aviação e mísseis. |
Joint Sword‑2024B | Novembro de 2024 | Exercícios adicionais com foco em desembarques anfíbios. |
Strait Thunder‑2025A | Abril de 2025 | Simulação de bombardeios e interdição aérea; realizado após visita de legisladores americanos a Taipé. |
Nota: os nomes “Joint Sword” (Espada Combinada) e “Strait Thunder” (Trovão do Estreito) são designações oficiais do Exército Popular de Libertação (EPL) para suas operações militares ao redor de Taiwan, com foco em cercos, controle aéreo e simulações de invasão.
Apoio Internacional e Clima Geopolítico
Apesar da crescente pressão de Pequim, Taiwan segue aprofundando laços com democracias ocidentais. Em abril, uma delegação bipartidária do Congresso dos EUA visitou Taipé, reforçando o compromisso de Washington com a segurança da ilha. Japão, União Europeia e Reino Unido também expressaram apoio à estabilidade do estreito.
Conclusão
O discurso de Lai Ching-te marca uma continuidade estratégica com sua antecessora, Tsai Ing-wen, adotando uma postura de firmeza sem provocação. A retórica de defesa, combinada com abertura ao diálogo condicional, reflete o novo equilíbrio político em uma região cada vez mais militarizada. Com Pequim intensificando os exercícios e descartando negociações diretas, o cenário aponta para uma diplomacia de dissuasão, onde cada gesto carrega o peso de possíveis consequências.
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