Reino Unido Levanta Sanções de 12 Entidades do Governo Sírio

Edifício do Departamento do Tesouro em Londres, Reino Unido
O Departamento do Tesouro em Londres, Reino Unido, é uma das principais instituições responsáveis pela política fiscal e financeira do país. [Arquivo: Andy Rain/EPA-EFE]/ Al Jazeera

Na quinta-feira, 24 de abril de 2025, o Governo do Reino Unido anunciou a remoção de sanções financeiras impostas a 12 entidades do governo sírio, dentre elas os Ministérios da Defesa e do Interior e a Diretoria Geral de Inteligência. A decisão ocorre quatro meses após a tomada de poder de um novo governo liderado pelo HTS (Hayat Tahrir al-Sham), que depôs Bashar al-Assad após mais de 13 anos de guerra civil.

Contexto das Sanções


Desde 2011, o Ocidente vem impondo sanções ao regime de Assad, responsabilizando-o pela repressão da população civil e pelo colapso econômico do país. As medidas britânicas incluíam congelamento de ativos e proibição de transações financeiras envolvendo aquelas instituições “envolvidas na repressão da população civil” ou que “se beneficiavam do regime” de Assad. Em março de 2025, Londres descongelou ativos do Banco Central da Síria e de outras 23 entidades, mas manteve vetos a membros do antigo regime.

Entrevistas e Citações de Especialistas

  • Embaixador Sir Nigel Casey, ex-representante britânico em Cabul, afirma: “Experiências históricas demonstram que o levantamento prematuro de sanções sem garantias políticas mínimas tende a gerar mais instabilidade do que recuperação”.
  • Dr. Karen Young, analista sênior de política do Oriente Médio no Center for Strategic Studies, avalia que “a remoção seletiva de sanções pode ser um catalisador para negociações mais amplas, mas somente se vier acompanhada de mecanismos claros de verificação de direitos humanos e transparência financeira”.

Exemplos de Casos de Reconstrução Pós-Conflito

aísSanções/ConflitoEstratégia de ReconstruçãoResultado Principal
AlemanhaPós-Segunda Guerra MundialPlano Marshall: ajuda financeira maciça, instituições democráticasCrescimento econômico de 1950 a 1960; “Wirtschaftswunder”
IraqueSanções UN 1990–2003Programa Oil-for-Food, reconstrução de infraestrutura críticaRecuperação lenta; desafios de corrupção e segurança
  • Lição para a Síria: assim como a Alemanha precisou de supervisão internacional e investimentos coordenados, e o Iraque enfrentou corrupção e insegurança mesmo com programas de ajuda, a Síria exigirá estruturas robustas de governança e monitoramento para evitar desvios e garantir eficácia.

Reações do Público Sírio

  • Jornalista independente, que cobre Aleppo: “Nas ruas, há esperança cautelosa, mas também medo de que o dinheiro volte apenas para as elites do HTS, sem chegar à população.”
  • Morador de Damasco, via rede social local: “Precisamos ver estradas reconstruídas e energia elétrica constante antes de acreditar que algo mudou de verdade.”
  • ONG Síria Viva, em nota oficial: “A remoção de sanções é um passo, mas não resolve a escassez de medicamentos e o colapso dos serviços públicos”.

Impacto Econômico e Desafio da Reconstrução

  • Pobreza: 9 em cada 10 sírios vivem abaixo da linha da pobreza.
  • Desemprego: 25% da força de trabalho está sem ocupação.
  • PIB: Encolheu para menos de 50% do valor de 2011.
  • “PIB perdido”: ≈ US$ 800 bilhões (2011–2024) segundo PNUD.

Sem garantias de reforma, há risco de que recursos sejam capturados por redes de poder, sem gerar benefícios reais à população.

Análise Geopolítica

  • Turquia: Monitora de perto, preocupada tanto com o HTS quanto com a dinâmica curda.
  • Interesses Ocidentais: O Reino Unido visa aliviar a crise humanitária sem legitimar integralmente o HTS, considerado terrorista por alguns países.
  • Rússia e Irã: Podem reagir dividindo custos de reconstrução ou reforçando sua influência para manter acesso estratégico.

Perspectivas para a Paz

  • Engajamento da Sociedade Civil: Programas de reconciliação e apoio às vítimas são cruciais para estabilidade duradoura.
  • Pressão Diplomática Condicionada: Levantamento de sanções atrelado a marcos de direitos humanos e reformas políticas.
  • Supervisão Internacional: ONU e ONGs devem monitorar aplicação de recursos para infraestrutura, saúde e educação.

Conclusão

A decisão britânica de levantar sanções sobre 12 entidades sírias traz um sinal positivo para a reaproximação econômica da Síria, mas seu sucesso dependerá de mecanismos claros de transparência, direitos humanos e governança. Lições históricas mostram que sem supervisão robusta e envolvimento da sociedade civil, os benefícios tendem a se concentrar nas elites, perpetuando a crise. A reconstrução síria exige um esforço coordenado entre governo, comunidade internacional e população local para transformar esperança em resultados concretos.

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