Lula busca novos acordos comerciais com a África e a Europa para enfrentar tarifas dos EUA

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa em reunião internacional de alto nível, com bandeira do Brasil ao fundo.
Lula participa de reunião de alto nível em Santiago do Chile, reforçando parcerias comerciais com África e Europa./ ricardostuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está intensificando esforços diplomáticos para ampliar os laços comerciais do Brasil com a África e a Europa, em resposta às tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. O governo brasileiro busca reduzir a dependência do mercado norte-americano e diversificar suas parcerias comerciais.

Reação às tarifas dos EUA

Em julho de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifas de até 50% sobre diversos produtos brasileiros, alegando desequilíbrios comerciais e questões políticas internas. Essa medida afetou significativamente setores como o agronegócio, indústria e tecnologia no Brasil. Em resposta, o governo brasileiro acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC) e implementou o “Plano Brasil Soberano”, que inclui R$ 30 bilhões em crédito para empresas afetadas, além de medidas de proteção ao setor produtivo e aos trabalhadores. O presidente Lula criticou as tarifas, afirmando que são “mentira” a alegação de que o Brasil é um mau parceiro comercial.

Fortalecimento das relações com a África

A África é vista como uma região estratégica para o Brasil, tanto por laços históricos quanto por seu potencial de crescimento econômico. Lula tem buscado estreitar relações com países africanos, como Angola, África do Sul e Moçambique.

Em 23 de maio de 2025, o presidente angolano, João Lourenço, realizou uma visita de Estado ao Brasil, durante a qual foram assinados quatro acordos bilaterais nas áreas de segurança internacional, direitos humanos, agropecuária e energia. Além disso, foram anunciadas medidas como a extensão da validade de vistos entre os países e a ampliação do apoio à comunidade brasileira em Angola, estimada em mais de 25 mil pessoas.

Em relação a Moçambique, o governo brasileiro anunciou que o presidente Lula realizará uma visita oficial ao país durante seu atual mandato. Embora a data exata ainda não tenha sido confirmada, a visita está sendo planejada com o objetivo de fortalecer os laços comerciais e de cooperação entre os dois países.

Acordo Mercosul-União Europeia

Outro foco da estratégia de Lula é a conclusão do Acordo de Associação entre o Mercosul e a União Europeia. Esse acordo visa criar uma área de livre comércio para 718 milhões de consumidores e um PIB combinado de US$ 22 trilhões. Para o Brasil, ele representa uma oportunidade de ampliar as exportações de produtos como carne, açúcar, arroz e soja para o mercado europeu, além de atrair investimentos em setores industriais.

O presidente Lula tem trabalhado para superar as resistências de países como a França, que expressaram preocupações sobre a concorrência com a produção agrícola brasileira. Em junho de 2025, durante visita à França, Lula se reuniu com o presidente Emmanuel Macron para discutir o avanço do acordo. Ambos os líderes manifestaram a intenção de concluir as negociações até o final de 2025, com a assinatura formal prevista para dezembro. A ratificação do acordo dependerá da aprovação dos 27 países da União Europeia.

Diversificação e diplomacia comercial

Além de fortalecer os laços com a África e a Europa, o governo brasileiro está buscando diversificar suas parcerias comerciais com países como França, Alemanha e Reino Unido. Lula tem mantido contatos com líderes dessas nações para discutir oportunidades de cooperação e reduzir a dependência do mercado norte-americano.

Recentemente, o presidente brasileiro conversou com os líderes de China, Rússia e Índia, membros do BRICS, para discutir novas oportunidades de comércio e cooperação. Essas conversas visam explorar áreas de interesse mútuo e fortalecer os laços econômicos entre os países.

Conclusão

A busca de Lula por novos acordos comerciais com a África e a Europa reflete uma estratégia de diversificação econômica e fortalecimento da posição do Brasil no cenário internacional. Ao ampliar suas parcerias comerciais, o país busca mitigar os impactos das tarifas impostas pelos EUA e garantir um desenvolvimento econômico mais equilibrado e sustentável.

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