Rússia lança maior ataque aéreo da guerra e atinge sede do governo em Kiev

Prédio do governo em Kiev em chamas após ataque aéreo russo
O edifício do Gabinete de Ministros da Ucrânia em Kiev foi atingido por um ataque aéreo russo, provocando incêndio e destruição.

A guerra entre Rússia e Ucrânia entrou neste domingo, 7 de setembro de 2025, em um dos seus momentos mais dramáticos desde a invasão russa em fevereiro de 2022. Durante a madrugada, Moscou lançou um ataque aéreo sem precedentes, considerado o maior desde o início do conflito, atingindo diversas cidades ucranianas e, pela primeira vez, o edifício do Gabinete de Ministros, no centro da capital Kyiv. A ofensiva, além de provocar destruição material e mortes, sinaliza uma nova fase na escalada militar e política da guerra.

O ataque em larga escala

De acordo com autoridades ucranianas, a Rússia lançou mais de 800 drones e 13 mísseis em direção a diferentes alvos no território ucraniano. Cidades como Kiev, Zaporizhzhia, Kryvyi Rih e Odesa estiveram entre os principais focos da ofensiva.

O impacto mais simbólico foi em Kyiv: o ataque atingiu diretamente o prédio do Gabinete de Ministros, sede central do governo ucraniano, provocando um incêndio de grandes proporções. Essa é a primeira vez, em mais de três anos de guerra, que um edifício de tamanha relevância institucional foi atingido, reforçando a mensagem russa de que estruturas do Estado ucraniano estão na mira.

Este ataque superou em escala ofensivas anteriores. Em maio de 2023, por exemplo, Kiev enfrentou uma onda de drones iranianos Shahed, mas em número significativamente menor — cerca de 200 unidades em um único fim de semana. Já em dezembro de 2023, um ataque russo contra várias cidades mobilizou aproximadamente 120 mísseis e drones. A ofensiva deste domingo, no entanto, ultrapassou todas as marcas, consolidando-se como o maior ataque aéreo desde o início da guerra em 2022.

As autoridades confirmaram ao menos duas mortes, incluindo a de um bebê, e cerca de 20 feridos. Além de instalações governamentais, prédios residenciais e infraestruturas energéticas foram danificados.

Defesa aérea em ação

Apesar da escala do ataque, as forças ucranianas conseguiram resultados expressivos na defesa. Segundo o comando militar de Kiev, 751 drones e quatro mísseis foram abatidos, em um dos maiores esforços de interceptação já registrados na guerra.

Especialistas militares avaliam que a Rússia testou os limites da capacidade defensiva ucraniana, forçando a utilização em massa dos sistemas de interceptação. Embora a maioria dos projéteis tenha sido neutralizada, os que ultrapassaram as barreiras aéreas provocaram danos significativos.

Implicações estratégicas

O ataque em larga escala levanta questões estratégicas cruciais:

  1. Pressão psicológica e política: ao atingir o coração administrativo de Kiev, Moscou envia um recado claro de que pode mirar diretamente as estruturas do poder ucraniano.
  2. Teste das defesas ocidentais: a Ucrânia depende fortemente de sistemas fornecidos por aliados da OTAN. O ataque pode ter sido uma tentativa de medir a eficácia dessas defesas sob pressão máxima.
  3. Mensagem internacional: a ofensiva ocorre em um momento em que a Ucrânia busca ampliar o apoio externo, principalmente em sistemas de defesa aérea avançados e em sanções contra o setor energético russo. O Kremlin, por sua vez, sinaliza que não recuará diante da pressão diplomática.

Reações em Kiev e Moscou

O presidente Volodymyr Zelensky reagiu de forma imediata, classificando o ataque como “um ato de terror em escala nacional”. Ele reforçou o apelo por mais apoio internacional, destacando a necessidade urgente de novos sistemas de defesa e de uma resposta coordenada do Ocidente.

Além disso, Zelensky rejeitou uma proposta russa de encontro em Moscou, afirmando que conversas só fariam sentido em Kiev, e com o apoio de países mediadores. A recusa sinaliza a disposição da Ucrânia em manter firme sua posição diplomática, mesmo diante da escalada militar.

Do lado russo, o ataque foi descrito como uma resposta às operações ucranianas em regiões controladas por Moscou, especialmente na área de Donetsk, onde o exército russo estaria se reagrupando para uma nova ofensiva.

O front em Donetsk

Paralelamente aos bombardeios aéreos, relatórios do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW) indicam que a Rússia está reforçando tropas no oeste de Donetsk, sugerindo preparativos para uma nova operação terrestre de maior envergadura.

Esse movimento preocupa analistas, pois pode indicar que Moscou pretende combinar ataques de saturação aérea com ofensivas terrestres, aumentando a pressão em múltiplas frentes.

O que está em jogo

A intensificação da guerra neste início de setembro revela que o conflito entrou em uma fase de alto risco:

  • Para a Ucrânia, o desafio imediato é manter a capacidade defensiva, assegurar apoio internacional e preservar a moral da população diante de ataques em sua capital.
  • Para a Rússia, o ataque demonstra poder de fogo e busca forçar concessões diplomáticas, ao mesmo tempo em que testa os limites da resistência ucraniana e da paciência dos aliados ocidentais.
  • Para o Ocidente, a escalada reforça a necessidade de decidir entre ampliar o suporte à Ucrânia ou buscar saídas diplomáticas que evitem uma guerra de desgaste prolongada.

Conclusão

O maior ataque aéreo da guerra marca um ponto de inflexão no conflito russo-ucraniano. Ao atingir diretamente a sede do governo em Kiev, Moscou não apenas provocou danos materiais, mas também lançou um desafio simbólico ao Estado ucraniano e à comunidade internacional.

Enquanto a Ucrânia resiste com defesas aéreas robustas, o país se vê cada vez mais dependente do apoio externo para manter sua soberania e evitar que novos ataques causem impactos ainda mais devastadores. O desenrolar dos próximos dias será crucial para medir até onde Moscou pretende levar essa escalada — e como o mundo responderá a esse novo patamar da guerra.

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