![2025-01-28T122612Z_349024127_RC2WICAJ0BAZ_RTRMADP_3_CONGO-SECURITY-1738076422 Manifestantes entram em confronto com a polícia de choque em frente à Embaixada da França em Kinshasa, na República Democrática do Congo, em 28 de janeiro de 2025 [Benoit Nyemba/Reuters].](https://ejbbd5or267.exactdn.com/wp-content/uploads/2025/01/2025-01-28T122612Z_349024127_RC2WICAJ0BAZ_RTRMADP_3_CONGO-SECURITY-1738076422.webp?strip=all&lossy=1&resize=678%2C381&ssl=1)
Embaixadas da França, Bélgica, Ruanda, Uganda, Quênia e Estados Unidos foram alvo de ataques por manifestantes em Kinshasa.
Protestos contra a ofensiva do grupo rebelde M23 no leste da República Democrática do Congo (RDC) levaram a ataques a diversas embaixadas em Kinshasa.
Na terça-feira, 28 de janeiro de 2025, manifestantes invadiram as embaixadas da França, Bélgica, Ruanda, Uganda, Quênia e Estados Unidos. Um incêndio na embaixada francesa fez com que colunas de fumaça subissem ao ar.
Protestos contra a inação global em relação ao conflito no leste da República Democrática do Congo (RDC) levaram a ataques a embaixadas de países acusados de apoiar indiretamente o grupo rebelde M23, por meio de supostos laços com Ruanda – alegação que o governo ruandês rejeita.
O chanceler francês, Jean-Noel Barrot, classificou o ataque à embaixada da França como “inaceitável” em uma postagem no X. Ele confirmou que o prédio da embaixada chegou a pegar fogo, mas que o incêndio foi rapidamente controlado.
Para conter os manifestantes, que queimaram pneus e enfrentaram a polícia, as autoridades usaram gás lacrimogêneo.
Em um comunicado, o Secretário de Gabinete para Assuntos Exteriores e Diáspora do Quênia, Musalia Mudavadi, expressou profunda preocupação com os ataques às instalações e funcionários da embaixada queniana em Kinshasa, realizados por uma multidão que protestava contra a violência no leste da RDC.
“Os atos de violência, saques e destruição de propriedades representam uma séria violação das normas internacionais”, afirmou ele.
Em pronunciamento na televisão nacional, o ministro das Comunicações da RDC, Patrick Muyaya, apelou aos manifestantes para que mantivessem os protestos de forma pacífica e evitassem ataques à infraestrutura consular. Posteriormente, ele declarou que a situação estava sob controle.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, realizou conversas separadas com os presidentes da RDC e de Ruanda na terça-feira, 28 de janeiro de 2025, para discutir o agravamento do conflito, conforme informado pelo porta-voz Stéphane Dujarric.
Questionado sobre possíveis avanços para a resolução do conflito, Dujarric respondeu: “A crise no leste do Congo persiste há décadas e não será resolvida em um único dia.”
“Uma coisa é certa: a solução não virá de operações militares conduzidas por governos ou milícias.”
Grupos rebeldes adentram a cidade de Goma.
O grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) declarou na segunda-feira, 27 de janeiro de 2025, ter assumido o controle de Goma, a principal cidade da província de Kivu do Norte, no leste da República Democrática do Congo (RDC).
Nos últimos dias, pelo menos 17 capacetes-azuis da ONU morreram nos confrontos, entre eles três sul-africanos que foram mortos na segunda-feira durante um ataque do M23 ao aeroporto de Goma. Na terça-feira, 28 de janeiro, os rebeldes continuavam a lutar para dominar o aeroporto e consolidar seu controle total sobre a cidade.
Segundo o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, a situação em Goma segue tensa e em constante mudança.
“De acordo com relatos, as forças do M23 estão dentro da cidade, e os soldados e funcionários da missão de paz da ONU foram obrigados a se refugiar em suas bases”, afirmou Dujarric.
O M23 é um dos muitos grupos armados que atuam no leste da República Democrática do Congo (RDC) e buscam controlar minas de minerais críticos. A ONU, a RDC e vários outros países acusam Ruanda de apoiar os rebeldes do M23. Ruanda nega consistentemente essa alegação.
O grupo é composto por combatentes tutsis e afirma estar lutando pelos direitos da minoria tutsi na RDC. Ele surgiu em 2012, após um grupo das Forças Armadas da RDC (FARDC) se separar, reclamando de maus-tratos.
Malcolm Webb, da Al Jazeera, reportando de Nairóbi, disse que muitas pessoas na RDC acreditam que Ruanda e Uganda, cujas embaixadas foram atacadas, alimentaram o conflito no leste do país.
“As embaixadas dos países ocidentais, como EUA, França, Bélgica e Holanda, são acusadas de, no mínimo, cumplicidade devido ao seu apoio militar e ajuda a Ruanda”, afirmou ele.
Webb relatou que os sons de tiros e morteiros em Goma diminuíram, e soldados congoleses e aliados supostamente fizeram mais esforços para repelir os rebeldes.
“Hospitais estão lotados com centenas de vítimas, de acordo com a ONU e fontes hospitalares”, observou ele. “Muitas outras pessoas ficaram feridas nos combates, e moradores nos disseram que não conseguem buscar atendimento médico porque as ruas não estão seguras devido aos confrontos.”
O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir na terça-feira(28 de Janeiro) à noite para discutir o conflito e a crise humanitária envolvida.
Fonte: AL JAZEERA AND NEWS AGENCIES
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