
Richard Marles, Ministro da Defesa da Austrália, fará sua primeira viagem oficial internacional após a vitória do governo trabalhista de Anthony Albanese nas eleições de maio de 2025. De 30 de maio a 1º de junho, Marles participará do Shangri‑La Dialogue, principal fórum de segurança da Ásia em Singapura, onde encontrará seus homólogos dos Estados Unidos, Secretário de Defesa Pete Hegseth, e do Japão, Ministro da Defesa Gen Nakatani.
Contexto e objetivos do encontro
Este será o primeiro encontro trilateral desde a formação do novo governo australiano e sucede a última reunião realizada em novembro de 2023, em Darwin. Naquela ocasião, as três nações concordaram em:
- Ampliar exercícios militares conjuntos.
- Fortalecer a cooperação em inteligência, vigilância e reconhecimento.
Segundo o gabinete de Marles, a agenda de Singapura busca “aprofundar” esses compromissos, alinhando estratégias para responder de forma coordenada a desafios imediatos e potenciais crises no Indo-Pacífico.
Dados e estatísticas de defesa
Gastos de defesa como % do PIB
Ano | % do PIB | Observação |
---|---|---|
2010 | 1,7 % | Renovação de equipamentos convencionais |
2015 | 1,9 % | Primeiras discussões sobre parceria nuclear |
2020 | 2,0 % | Estabilização em contexto de pandemia |
2023 | 2,1 % | Ajustes para acelerar projetos estratégicos |
2025 | 2,4 % | Meta anunciada pelo governo Albanese |
Estimativa do orçamento federal 2025–26.
Capacidade naval e aérea: atual vs. metas AUKUS
Categoria | Situação em 2025 | Meta AUKUS |
Submarinos convencionais | 6 Collins operacionais | 8 submarinos nucleares até 2040 |
Aeronaves de combate | 71 F-35A Lightning II operacionais | Manter 72 F-35; aquisição de drones UCAV |
Navios de superfície | 11 fragatas e 8 destroyers | +2 fragatas Type 26 até 2035 |
Vigilância marítima | 21 P-8A Poseidon operacionais | +5 P-8A até 2030 |
Perspectiva histórica e comparativa
- 2018–2019: Início dos diálogos trilaterais sob o governo Morrison, centrados em exercícios navais no Pacífico.
- Novembro/2023: Cúpula em Darwin com foco em ISR (intelligence, surveillance, reconnaissance).
- Quad vs. trilateral: Enquanto o “Quad” (EUA, Japão, Austrália, Índia) visa coordenação política e exercícios conjuntos, o diálogo trilateral enfatiza capacidades navais e o programa AUKUS.
Impactos políticos internos e visão da oposição
A coalizão liberal-nacional, principal bloco de oposição, adotou posição moderada quanto ao aumento dos gastos para 2,4 % do PIB:
- Equilíbrio fiscal: preocupa-se com possíveis cortes em áreas sociais, especialmente saúde e educação.
- Transparência: exige maior clareza sobre contratos e prazos dos estaleiros estrangeiros.
- Apoio público: pesquisas recentes apontam que 62 % dos australianos aprovam o fortalecimento da defesa, mas 38 % receiam que isso comprometa outros serviços essenciais.
Análise de riscos e cenários
Em Singapura, Marles deve apresentar cenários de crise — como escalada de tensões no Mar do Sul da China e pressões sobre Taiwan — e as respostas trilaterais previstas. A credibilidade das Forças de Defesa Australianas, segundo o analista Euan Graham (ASPI), dependerá de sua capacidade de agir de forma imediata, antes da entrega dos submarinos nucleares em 2040.
Conclusão
O Shangri‑La Dialogue 2025 representa um divisor de águas para a estratégia de defesa australiana. Richard Marles precisará demonstrar que, mesmo diante de um cronograma longo para AUKUS, a Austrália dispõe de meios e parcerias sólidas para assegurar a segurança no Indo-Pacífico. A convergência com EUA e Japão e o apoio interno serão determinantes para a eficácia dessa política.
Faça um comentário