
Na sessão do Bundestag realizada hoje, 6 de maio de 2025, o líder conservador Friedrich Merz sofreu uma derrota histórica ao receber apenas 310 votos, seis a menos do que os 316 necessários para conquistar a maioria absoluta e assumir o cargo de chanceler da Alemanha. Este resultado marcou a primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial que um candidato ao posto falhou na primeira rodada de votação no parlamento alemão.
Embora a coalizão CDU/CSU‑SPD detenha teoricamente 328 assentos, ao menos 18 deputados da base governista não o apoiaram, refletindo dissidências internas relacionadas a indicações ministeriais e à decisão de afrouxar limites de endividamento, apesar de promessas de rigor fiscal.
Citações Diretas
“A esperança era de que a Alemanha reafirmasse seu papel de âncora de estabilidade na Europa. Essa esperança foi frustrada.”
— Jana Puglierin, chefe do escritório em Berlim do Conselho Europeu de Relações Exteriores.
“Não foi apenas um revés para Merz, mas um alerta sobre as tensões dentro da própria coalizão e o risco de paralisação governamental.”
— Holger Schmieding, economista-chefe da Berenberg
Reviravolta na mesma tarde
Apesar do revés, uma segunda votação foi realizada ainda nesta segunda-feira. Desta vez, Merz obteve 325 votos, superando a maioria simples necessária e garantindo sua eleição como novo chanceler da Alemanha. A vitória, embora decisiva, ocorre em um contexto de fragilidade política, já que expôs divisões profundas dentro da coalizão e iniciou seu mandato sob forte pressão tanto interna quanto externa.
Contexto eleitoral e coalizão governista
- Eleição federal (23 fevereiro 2025): A CDU/CSU obteve 28,5% dos votos, enquanto o SPD ficou com 16,4%, resultando em uma coalizão teoricamente capaz de garantir a eleição de Merz. No entanto, dissidências internas e críticas ao plano de governo evidenciaram desafios para o novo chanceler.
- Acordo de coalizão (5 maio 2025): O acordo entre a CDU/CSU e o SPD foi assinado após aprovação interna das três partes, formalizando a formação do novo governo. O pacto prevê aumento de gastos públicos e elevação do orçamento de defesa, respondendo ao enfraquecimento do compromisso dos EUA com a OTAN. Apesar da formalização, o processo de eleição de Merz revelou tensões internas que podem impactar a estabilidade da coalizão.
Implicações políticas e econômicas
- Desordem governamental: As viagens oficiais de Merz à França e Polônia foram inicialmente postergadas, mas devem ser retomadas após sua confirmação no cargo.
- Ascensão da extrema‑direita: A AfD continua a capitalizar o descontentamento com a política tradicional, mantendo-se como a segunda maior força no Bundestag.
- Mercados financeiros: A bolsa de Frankfurt, que havia registrado queda após o primeiro revés, reagiu positivamente à eleição confirmada de Merz.
Cenários Futuros
Cenário | Descrição | Consequências potenciais |
---|---|---|
Segunda votação bem-sucedida | Ocorreu: Merz foi eleito com 325 votos | Governo inicia sob pressão, com necessidade de reconciliação interna e credibilidade externa. |
Fracasso novamente | Não se concretizou | — |
Chanceler alternativo | Não se concretizou | — |
Novas eleições | Não se concretizou | — |
Conclusão
A trajetória de Friedrich Merz até o cargo de chanceler foi marcada por um revés inédito e uma reviravolta política no mesmo dia. Sua eleição revela tanto a fragilidade da coalizão governista quanto os desafios que terá para manter estabilidade interna e liderança internacional. O mandato começa sob forte observação pública, com os olhos da Europa voltados para Berlim.
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