
Em 25 de agosto de 2025, Ismael “El Mayo” Zambada, cofundador do Cartel de Sinaloa, se declarou culpado em um tribunal federal de Brooklyn (EUA) por acusações de conspiração para cometer extorsão e liderar uma organização criminosa responsável pelo tráfico massivo de drogas, incluindo cocaína, heroína e fentanilo. Durante sua audiência, Zambada reconheceu ter corrompido policiais, militares e políticos mexicanos ao longo de décadas de atividades ilícitas.
A Reação da Presidente Claudia Sheinbaum
A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, qualificou o julgamento de Zambada nos EUA como um exemplo de sólida colaboração bilateral no combate ao narcotráfico. No entanto, Sheinbaum questionou as alegações do narcotraficante, que afirmou ter subornado autoridades mexicanas sem fornecer provas ou nomes específicos. A presidente exigiu denúncias formais para sustentar tais afirmações e evitou aprofundar-se no escândalo, concentrando-se no reconhecimento das autoridades dos EUA sobre a cooperação contra o crime organizado.
Implicações para a Política Interna e a Oposição
O Partido Ação Nacional (PAN), principal força de oposição, utiliza as declarações de Zambada para pressionar o governo de Sheinbaum, acusando-o de não combater adequadamente a corrupção sistêmica. A oposição destaca que, apesar das alegações de Zambada, não houve ações concretas para investigar e responsabilizar os envolvidos, sugerindo uma possível complacência ou ineficácia governamental.
Corrupção Sistêmica e o Papel do Cartel de Sinaloa
A acusação dos EUA detalha como o Cartel de Sinaloa operou desde os anos 1990, beneficiando-se de uma extensa rede de corrupção que incluía policiais, juízes e políticos mexicanos. Zambada admitiu ter pago sobornos a funcionários, embora não tenha revelado nomes específicos.
O Índice de Percepção de Corrupção (CPI) de 2024, publicado pela Transparency International, atribuiu ao México uma pontuação de 26 em 100, sua pior avaliação desde que o índice começou a ser publicado. O país caiu 14 posições, ocupando o 140º lugar entre 180 países avaliados.
Implicações Geopolíticas
O caso Zambada tem várias repercussões geopolíticas:
- Relações EUA-México: A colaboração entre os dois países no combate ao narcotráfico é destacada, mas também surgem tensões devido às alegações de corrupção envolvendo autoridades mexicanas.
- Imagem Internacional do México: O escândalo reforça a percepção de corrupção sistêmica, afetando a confiança de investidores e parceiros internacionais.
- Pressão Interna e Reforma Política: A oposição utiliza o caso para exigir reformas no sistema judicial e maior transparência no combate à corrupção.
Conclusão
O caso de Ismael “El Mayo” Zambada expõe as complexas interações entre crime organizado, corrupção política e relações internacionais. Embora as alegações de suborno não tenham sido comprovadas formalmente, elas ressaltam a necessidade urgente de reformas institucionais no México. A resposta do governo mexicano será crucial para restaurar a confiança pública e fortalecer a cooperação internacional no combate ao narcotráfico e à corrupção.
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