
No dia 27 de abril de 2025, o primeiro-ministro da Somália, Hamza Abdi Barre, anunciou uma reforma ministerial que colocou Ahmed Moallim Fiqi Ahmed no posto de ministro da Defesa, em meio a um recrudescimento da ofensiva do grupo islâmico al-Shabaab perto de Mogadíscio .
Contexto político e segurança
Desde 2007, o al-Shabaab, aliado da Al Qaeda, mantém uma insurgência visando derrubar o governo somali e impor uma interpretação estrita da sharia. Nas últimas semanas, o grupo chegou a capturar vilarejos a menos de 50 km da capital antes de ser temporariamente contido pelas forças governamentais.
Analistas do Institute for the Study of War (ISW) observam que os avanços recentes no centro da Somália indicam uma estratégia de reconexão das áreas sob controle do al-Shabaab no sul com seus bastiões no centro do país, ameaçando as linhas de comunicação do Exército Somali.
A nova nomeação
- Ahmed Moallim Fiqi Ahmed: ex-ministro das Relações Exteriores e antigo chefe de segurança nacional, assume a Defesa no lugar de Jibril Abdirashid .
- Jibril Abdirashid Haji Abdi: passa a ser o segundo vice-primeiro-ministro.
- Abdisaalan Abdi Ali Daay: assume o Ministério das Relações Exteriores.
O governo não apresentou justificativa oficial para a mudança, publicada por meio de vídeo na página oficial do governo no Facebook .
Análise das forças de segurança somalis
As Forças de Defesa e Segurança da Somália (FDS) incluem o Exército Nacional Somali, a Polícia Nacional e milícias regionais aliadas.
- Limitações estruturais: Falta de coesão entre unidades federais e regionais; deficiências em comando e controle; suprimentos logísticos insuficientes .
- Evolução recente: Com treinamento da União Africana (ATMIS) e parceiros ocidentais, houve melhorias em táticas de contra-insurgência e vigilância aérea, mas a dependência de apoio externo permanece alta .
- Apoio externo crucial:
- Treinamento especializado (EUA, Turquia): operações combinadas e antiterrorismo.
- Inteligência e vigilância (UE, Emirados): drones e interceptações de comunicações.
- Assistência logística (ONU, Turquia): manutenção de veículos e suprimentos médicos.
Citações de fontes locais e testemunhos de civis
“Tivemos de fugir de madrugada, as explosões estavam muito próximas. Não sabíamos para onde ir,” relatou Amina Yusuf, deslocada de Jowhar, descrevendo o pânico quando o al-Shabaab cercou a cidade .
“Perdemos tudo. Voltamos e só restou escombros. As crianças não param de chorar,” disse Mohamed Ali, que busca abrigo em Mogadíscio após a queda de seu vilarejo.
Perspectiva de especialistas
- Richard G. Olson, ex-embaixador dos EUA na Somália: “O equilíbrio entre ação militar e reconstrução civil determina o sucesso a longo prazo. Apoio internacional deve condicionar ajuda a progressos em governança local.”
- Dr. Fatima Ibrahim, analista de segurança do African Policy Institute: “Sem reforçar o aparato de inteligência humana e comunitária, qualquer ganho territorial será temporário. É preciso envolver líderes clânicos para isolar o al-Shabaab socialmente.”
Desafios da insurgência e repercussões humanitárias
- Vítimas civis: ataques aéreos mataram ao menos 23 civis, entre eles 14 crianças, em março na região de Shabelle .
- Avanços do al-Shabaab: o grupo continua ganhando terreno em áreas rurais, ampliando o medo de um cerco a Mogadíscio.
- Deslocamento interno: segundo a UN OCHA, 3,5 milhões de somalis permanecem deslocados, e quase 6 milhões necessitarão de assistência humanitária em 2025 .
Caminhos Possíveis para a Superação da Crise de Segurança na Somália
- Fortalecer a coordenação entre FDS federais e regionais, criando centros de comando unificados.
- Expandir programas de inteligência comunitária, remunerando informantes locais para mapear células do al-Shabaab.
- Condicionar ajuda externa a benchmarks claros de proteção civil e avanços em governança.
- Reabilitação pós-conflito: financiar projetos de infraestrutura e geração de renda em áreas recapturadas.
Conclusão
A reforma no gabinete de Hamza Abdi Barre reflete a urgência de conter o al-Shabaab e mitigar uma crise humanitária. A nomeação de Ahmed Moallim Fiqi Ahmed traz experiência, mas o sucesso depende de reforço institucional, apoio internacional coordenado e engajamento comunitário para restaurar a estabilidade na Somália.
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