
Na segunda-feira, Ri Chang Dae, ministro de Segurança do Estado da Coreia do Norte, partiu de Pyongyang rumo a Moscou para participar do 13º Encontro Internacional de Altos Representantes para Questões de Segurança. A informação foi divulgada pela agência estatal norte-coreana KCNA na terça-feira. O evento reunirá autoridades de segurança de países como Irã e Emirados Árabes Unidos, e contará com a presença de Sergei Shoigu, ministro da Defesa da Rússia e conselheiro de segurança do presidente Vladimir Putin.
Evolução Histórica das Relações Rússia–Coreia do Norte
A cooperação entre Moscou e Pyongyang intensificou-se de forma significativa após 2023. Destacam-se três eventos-chave:
- Visita de Kim Jong-un a Moscou (Set 2023): Primeiro deslocamento internacional de Kim desde 2019, marcado por encontros no Cosmódromo Vostochny e promessa de envio de munições norte-coreanas ao esforço de guerra russo.
- Tratado de Parceria Estratégica Abrangente (Dez 2024): Entrou em vigor em dezembro de 2024, prevendo cláusula de defesa mútua e aprofundamento dos laços militares e econômicos.
- Envio de Tropas Norte-Coreanas (Abr 2025): Pela primeira vez, Pyongyang reconheceu oficialmente o envio de milhares de soldados para apoiar operações russas na Ucrânia, ampliando a cooperação militar bilateral.
Esse histórico ressalta que o encontro atual vai além da troca de protocolos diplomáticos, refletindo uma parceria em expansão que desafia sanções internacionais e configura um novo eixo de segurança alternativa ao bloco ocidental.
Perfil dos Principais Participantes
- Ri Chang Dae: Chefe da temida Polícia de Segurança do Estado (Ministério de Segurança), órgão central na repressão interna e vigilância política. Sua delegação inclui assessores de inteligência e cibernética.
- Sergei Shoigu: Ministro da Defesa da Rússia e secretário do Conselho de Segurança Nacional, reconhecido por modernizar as Forças Armadas russas e coordenar operações militares no cenário ucraniano.
- Representantes do Irã e Emirados Árabes Unidos: Focarão em compartilhamento de inteligência sobre sanções, financiamento do terrorismo e ciberameaças.
Agenda e Temas Centrais
- Briefings Estratégicos: Avaliação de riscos transnacionais — terrorismo, segurança marítima e fronteiriça.
- Técnicas de Segurança Cibernética: Workshops sobre defesa de infraestruturas críticas e resposta a ataques patrocinados por Estados.
- Partilha e Proteção de Inteligência: Propostas de acordos multilaterais para intercâmbio seguro de dados sensíveis.
Análise Geopolítica
- Diversificação de Alianças: Para Pyongyang, a reunião consolida laços com potências não ocidentais, reduzindo isolamento. Para Moscou, amplia-se a rede de cooperação com regimes sancionados como forma de contornar embargos.
- Pressão sobre o Ocidente: A frente conjunta entre Rússia, Coreia do Norte e Irã representa um contraponto às estratégias de contenção dos EUA e UE.
- Riscos Cibernéticos: A expertise emergente da Coreia do Norte em operações digitais, combinada com tecnologias russas, pode resultar em campanhas de espionagem e ataques de larga escala contra alvos ocidentais.
Implicações Regionais e Globais
- Consolidação de um Bloco Alternativo: Fortalecimento de uma aliança autocrática, capaz de influenciar debates em fóruns multilaterais como ONU e OTAN.
- Desestabilização de Futuros Acordos: Sanções e negociações com países do Ocidente podem sofrer retrocessos se Moscow e Pyongyang coordenarem veto às iniciativas de paz.
- Atenção da China: Apesar de interesses convergentes em enfraquecer o Ocidente, Pequim vigia de perto para não ver desbalanceada sua influência no Leste Asiático.
Reações Internacionais
- EUA e UE: Alertas sobre o fortalecimento de laços entre regimes sancionados; risco de acelerar novas sanções e ações diplomáticas.
- Organizações de Direitos Humanos: Criticam o encontro como reforço a práticas repressivas e violações civis, sobretudo pelo intercâmbio de técnicas de vigilância interna.
Conclusão
O envio de Ri Chang Dae a Moscou para este encontro reflete um momento crucial na definição de novos alinhamentos geopolíticos. A reunião transcende protocolos diplomáticos rotineiros e simboliza a formação de um eixo autoritário que desafia a ordem global tradicional. Monitorar os desdobramentos e acordos concretos assinados será vital para entender os rumos da segurança internacional nos próximos meses.
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