Presidente de Portugal convida Luis Montenegro a formar segundo governo minoritário da AD

Luis Montenegro do PSD e AD encontra-se com o Presidente de Portugal Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de Belém.
Luis Montenegro, líder do PSD e da AD, reunido com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de Belém após resultados finais das eleições gerais em Lisboa, 29 de maio de 2025. Foto: REUTERS/Pedro Nunes.

Em 29 de maio de 2025, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa convidou oficialmente Luis Montenegro, líder da coligação de centro-direita Aliança Democrática (AD), a formar o seu segundo governo minoritário. O anúncio acontece duas semanas após as eleições antecipadas de 18 de maio, nas quais a AD conquistou 91 dos 230 assentos no Parlamento, insuficientes para a maioria absoluta, mas um avanço em relação a 2024.

Volatilidade Parlamentar: Evolução de Assentos (2022–2025)

EleiçãoADChegaPS
20228012120
2024895595
2025916058

A tabela evidencia que, em três anos, o Chega quintuplicou sua representação, a AD consolidou um crescimento constante e o PS sofreu queda histórica, passando de 120 para 58 deputados.

Opinião Pública (Maio de 2025)

IndicadorPercentual (%)
Aprovação de Luis Montenegro48
Reprovação de Luis Montenegro40
Percepção Favorável ao Chega35
Percepção Desfavorável ao Chega50

Esses números mostram que Montenegro chega ao segundo mandato com aprovação moderada, enquanto o Chega enfrenta resistência de metade do eleitorado.

O Modelo de Governo Minoritário: Vantagens e Riscos

“Um executivo sem maioria forçada a negociar cada proposta pode gerar consensos mais centrais e duradouros”, analisa Prof. Henrique Moura (Universidade Nova de Lisboa).
“Contudo, a ausência de estabilidade mínima tende a atrasar reformas estruturais”, alerta Dra. Marta Ribeiro (Centro de Estudos Parlamentares).

Impactos Econômicos e Orçamentais

Para o Orçamento de 2026, a AD propõe contenção de despesa corrente aliada a incentivos fiscais às empresas.

“Será crucial equilibrar défice sob supervisão da UE com estímulos ao investimento verde”, destaca Dr. Pedro Coelho, economista da Associação Portuguesa de Economia.

Reações do Setor Empresarial e da UE

  • CIP – Confederação Empresarial de Portugal: “Contamos com a manutenção dos cortes de IRC para PME e novos incentivos à inovação”, afirmou Ana Beatriz Ferreira, diretora-executiva.
  • Comissão Europeia: “Parabenizamos a pronta formação do governo e reiteramos a importância do cumprimento das metas do Pacto de Estabilidade.”

Propostas-Chave: AD vs. Chega vs. PS

ÁreaADChegaPS
ImigraçãoMaior rigor em pedidos de asilo e reforço de controlosRedução drástica de quotas e deportações aceleradasPolíticas de acolhimento e integração social
FiscalidadeRedução gradual de IRC para PMEs e simplificação de processosCorte de IRS para classes médias; revisão de benefíciosFaixas progressivas reforçadas; aumento de IRS para rendas mais altas
SaúdeParcerias público-privadas e digitalização de serviçosPrivatização parcial de hospitais regionaisExpansão do sistema público e contratação de profissionais

Cenários para a Aprovação do Orçamento de 2026

  1. Aliança AD–PS em itens sociais
    • Aprovação de medidas de saúde e educação sem envolver o Chega.
    • Estabilidade reforçada para o Executivo.
  2. Bloqueio socialista em incentivos fiscais
    • PS recusa cortes de IRS; governo busca voto do Chega.
    • Risco de crise política e acusações de conluio com extrema-direita.
  3. Maioria por abstenções e partidos menores
    • Negociações caso a caso com independentes e pequenos partidos.
    • Processo legislativo mais longo e imprevisível.

O Papel da Eleição Presidencial de Janeiro de 2026

A presidencial agendada para 11 de janeiro de 2026 pode alterar dinâmicas no Parlamento:

  • Vitória de candidato pró-AD: fortalecerá o governo e incentivará cooperação.
  • Sucesso de candidato apoiado pelo PS: estimulará oposição mais contundente e potencial instabilidade.

Conclusão

O segundo governo minoritário de Luis Montenegro nasce em um momento de fragmentação inédita no Parlamento português. A capacidade de forjar acordos pontuais—seja com o PS, partidos menores ou, em último caso, com o Chega—será determinante para aprovar o Orçamento de 2026 e manter um mínimo de governabilidade até as eleições presidenciais. O equilíbrio entre negociação e firmeza ideológica definirá se Portugal supera o ciclo de três eleições em três anos sem novos confrontos eleitorais prematuros.

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