
Nos últimos três semanas, 542 civis foram mortos na região de Darfur-Norte, enquanto as forças paramilitares do Rapid Support Forces (RSF) intensificam sua ofensiva contra a capital regional, el-Fasher. O alerta foi feito por Volker Türk, Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que qualificou a situação como um “horror sem limites” e advertiu que o número real de vítimas pode ser ainda maior.
Contexto do conflito
- Início da guerra civil: abril de 2023, entre o Exército Sudanês (SAF) e o RSF;
- Vítimas até hoje: dezenas de milhares de mortos e mais de 12 milhões de deslocados internos;
- Centros de combate em Darfur: el-Fasher, campos de refugiados de Zamzam e Abu Shouk;
- Movimentação de civis: fuga de centenas de milhares rumo a Tawila, a cerca de 60 km pelo deserto.
Darfur tornou-se epicentro de uma crise que a ONU já definiu como a pior emergência humanitária do mundo. A campanha do RSF para tomar el-Fasher e suas imediações tem gerado execuções sumárias, bombardeios de áreas civis e graves violações do direito internacional humanitário.
Impacto humanitário
Organizações de direitos humanos e ONGs no terreno relatam:
- Falta de acesso a água potável e alimentos;
- Colapso dos serviços básicos de saúde;
- Risco de epidemias em campos improvisados;
- Crianças e mulheres entre as principais vítimas.
“A situação em Darfur é catastrófica: famílias inteiras estão sem abrigo, sem comida e sem perspectiva de segurança”, afirma um coordenador de uma ONG internacional que atua na região.
Violência e violações de direitos
Além dos ataques diretos, há registros de:
- Execuções extrajudiciais em Omdurman e arredores de Khartoum, com vídeos que mostravam homens de roupa civil sendo fuzilados por combatentes do RSF;
- Reconhecimento dos assassinatos por um comandante de campo do RSF, segundo o Alto Comissário Türk;
- Retaliações contra supostos colaboradores de uma das partes, cometidas pela Brigada Al-Baraa Bin Malik, grupo pró-SAF.
Türk alertou os líderes Abdel Fattah al-Burhan (SAF) e Mohamed Hamdan “Hemedti” Daglo (RSF) para as consequências catastróficas desses crimes e enfatizou que “já passou da hora de este conflito cessar”.
Perspectivas militares e diplomáticas
- O RSF avança também em al-Nahud (West Kordofan), porta de entrada para Darfur, ameaçando isolar ainda mais as tropas do SAF na região.
- Para o Exército sudanês, retomar el-Fasher é crucial para romper o cerco e recuperar influência em Darfur.
- Analistas de segurança internacional apontam que a vitória em el-Fasher poderá redefinir o equilíbrio de poder no confronto, hoje dividido entre norte/leste (SAF) e Darfur/sul (RSF).
Segundo Hiba Morgan, da Al Jazeera, “ambos os lados veem Darfur como estratégico: o SAF para provar que ainda controla o país; o RSF para consolidar sua autonomia e barganhar politicamente” (Morgan, 30 abr. 2025).
Conclusão
O ciclo de violência, deslocamento massivo e crueldade contra civis em Darfur reforça a urgência de um cessar-fogo imediato e de um robusto esforço humanitário. A comunidade internacional, liderada pela ONU, deve pressionar por:
- Corredores seguros para ajuda emergencial;
- Monitoramento independente das violações de direitos humanos;
- Negociações mediadas para um acordo de paz que inclua proteção efetiva à população civil.
Sem uma ação coordenada e urgente, o “horror sem limites” descrito pela ONU continuará a se agravar, aprofundando a maior crise humanitária do século.
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