Myanmar: O Caminho da Militarização Eleitoral sob Min Aung Hlaing

Min Aung Hlaing, líder militar de Mianmar, durante visita oficial à Rússia em junho de 2017, usando uniforme militar, posando para fotos oficiais.
Min Aung Hlaing em visita oficial à Rússia, junho de 2017.

Em 13 de agosto de 2025, o chefe militar e presidente interino de Myanmar, Min Aung Hlaing, anunciou o reforço da segurança em preparação para as eleições gerais previstas para dezembro de 2025 e janeiro de 2026. A medida ocorre em meio a ataques a servidores públicos e conflitos contínuos, com a oposição boicotando o pleito, considerado ilegítimo por governos ocidentais.

Contexto Militar e Segurança

Desde o golpe de Estado em fevereiro de 2021, Myanmar mergulhou em um conflito civil prolongado. Grupos armados étnicos e forças de resistência popular desafiam o controle da junta militar, resultando em confrontos violentos e deslocamento de civis. Em resposta, o regime impôs a lei marcial em várias regiões e anunciou a formação de grupos de segurança populares para proteger candidatos e eleitores.

Recentemente, a junta transferiu nominalmente o poder para um governo interino civil, mas Min Aung Hlaing permanece como presidente interino, mantendo o controle efetivo do país. Além disso, a junta introduziu punições severas para aqueles que obstruírem o processo eleitoral, visando suprimir a resistência e garantir a realização das eleições.

Conflitos Locais e Regiões Afetadas

As regiões mais afetadas pelos conflitos incluem os estados de Shan, Chin, Kachin e Kayah, bem como a região de Sagaing. Nessas áreas, os ataques a servidores públicos e os confrontos entre as forças militares e os grupos de resistência têm sido frequentes. Por exemplo, em setembro de 2024, um ataque aéreo atingiu um campo de deslocados internos na aldeia de LaEi, no município de Pekon, no estado de Shan, resultando em várias vítimas.

Além disso, a formação de grupos de segurança populares pela junta tem gerado tensões adicionais, com relatos de abusos e repressão em áreas sob controle militar. Esses fatores contribuem para a instabilidade e dificultam a realização de eleições livres e justas.

Impactos Econômicos e Sociais

A prolongada crise política e os conflitos armados afetaram gravemente a economia de Myanmar. O Produto Interno Bruto (PIB) contraiu-se em 1% no ano fiscal encerrado em março de 2025, representando uma queda de 11% em relação aos níveis de 2018/19. A inflação acelerou para 34,1% no ano até abril de 2025, pressionando ainda mais a renda das famílias.

O comércio exterior também foi impactado, com uma redução de 12% nas importações de mercadorias no semestre até março de 2025, devido a restrições cambiais e interrupções nas fronteiras terrestres. Por outro lado, as exportações de mercadorias aumentaram 7%, impulsionadas principalmente pelas exportações agrícolas.

O setor de serviços continua enfrentando desafios devido a interrupções no transporte e na logística, enquanto os altos preços continuam a corroer o poder de compra das famílias. Dentro da região da ASEAN, Myanmar continua a registrar a recuperação mais fraca no turismo pós-pandemia, com chegadas de turistas internacionais em aproximadamente 30% dos níveis de 2019.

Implicações Geopolíticas

A comunidade internacional observa atentamente os desenvolvimentos em Myanmar. Organizações como a ONU e a ASEAN expressaram preocupações sobre a legitimidade das eleições e a situação dos direitos humanos no país. A iminente visita do ministro das Relações Exteriores da Malásia a Myanmar visa buscar esclarecimentos sobre o processo eleitoral e reforçar a pressão diplomática sobre a junta militar.

Conclusão

O cenário eleitoral em Myanmar é marcado por tensões militares, desafios econômicos e complexidades geopolíticas. Enquanto a junta militar busca consolidar seu poder por meio das eleições, a oposição e a comunidade internacional questionam a legitimidade do processo. O futuro político de Myanmar depende de como esses fatores se desenrolarão nas próximas semanas e meses.

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