Irã e Estados Unidos retomam negociações nucleares após sete anos: o que está em jogo?

Uma cópia do jornal diário iraniano Etemad, intitulado "Primeira Rodada de Diplomacia", com uma fotografia do Ministro das Relações Exteriores iraniano Abbas Araghchi e do Enviado Especial dos EUA para o Oriente Médio Steve Witkoff, em uma banca de jornal em Teerã, Irã, 12 de abril de 2025. EFE
Uma cópia do jornal diário iraniano Etemad, intitulado "Primeira Rodada de Diplomacia", com uma fotografia do Ministro das Relações Exteriores iraniano Abbas Araghchi e do Enviado Especial dos EUA para o Oriente Médio Steve Witkoff, em uma banca de jornal em Teerã, Irã, 12 de abril de 2025. EFE/logo corriere del ticino

Após um hiato de sete anos marcado por tensões crescentes e trocas de ameaças, Irã e Estados Unidos retomaram nesta semana conversas diplomáticas de alto nível sobre o programa nuclear iraniano. A reunião, realizada na capital de Omã, simboliza um passo significativo em direção à reconstrução do diálogo entre os dois países, interrompido desde a retirada dos EUA do acordo nuclear de 2015 durante a gestão de Donald Trump.

Contexto: o que levou à retomada?

O Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), firmado em 2015, estabelecia limites para o programa nuclear iraniano em troca da suspensão de sanções econômicas. A decisão de Trump, em 2018, de retirar os EUA do acordo e restabelecer sanções severas levou o Irã a expandir suas atividades nucleares, aumentando o enriquecimento de urânio para níveis próximos ao necessário para armas nucleares.

Desde então, o Oriente Médio tem assistido a um ciclo de tensões, ataques indiretos e uma crescente desconfiança mútua. A eleição de Joe Biden e, agora, o retorno de Trump à presidência reacenderam o interesse em buscar uma solução negociada, ainda que com abordagens distintas. A nova rodada de diálogo reflete uma pressão internacional crescente por estabilidade regional — especialmente diante dos conflitos em Gaza e das tensões entre Israel e o Irã.

A reunião em Omã: sinais de avanço?

A reunião contou com a presença do enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e do negociador iraniano Abbas Araghchi. Embora tenha ocorrido majoritariamente de forma indireta, com interlocução do chanceler de Omã, houve também uma breve conversa presencial entre os representantes. Fontes diplomáticas classificaram o encontro como “promissor e construtivo”, ainda que nenhum acordo imediato tenha sido anunciado.

Segundo diplomatas, o Irã expressou disposição para negociar estritamente questões nucleares, deixando de fora temas sensíveis como seu programa de mísseis balísticos e o apoio a grupos armados na região. Os EUA, por sua vez, indicaram que desejam uma abordagem mais ampla, que contemple esses pontos.

Próximos passos: nova rodada em Roma

A próxima rodada de conversas está agendada para o dia 19 de abril. Essa continuidade sinaliza o interesse mútuo em manter o canal diplomático aberto, embora obstáculos significativos permaneçam. Um dos principais impasses é a exigência iraniana de alívio imediato das sanções, enquanto os EUA pedem garantias de verificação e cumprimento dos limites nucleares.

Análise: o que pode mudar?

Se bem-sucedidas, as negociações podem representar um reequilíbrio estratégico no Oriente Médio, reduzindo o risco de uma corrida nuclear na região. Além disso, um acordo renovado pode aliviar a pressão econômica sobre o Irã e contribuir para a estabilidade dos mercados globais de energia.

No entanto, analistas alertam que as divergências profundas entre os dois países, somadas ao cenário político interno dos EUA e ao papel do Irã em conflitos regionais, podem dificultar um avanço concreto no curto prazo.

A retomada do diálogo, por si só, já é uma mudança relevante na dinâmica internacional, especialmente considerando o histórico recente de ameaças e hostilidade. Mas a caminhada até um novo acordo será longa — e exigirá concessões significativas de ambos os lados.

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