
O primeiro‑ministro israelense, Benjamin Netanyahu, convocou neste domingo (4 de maio de 2025) seu gabinete de segurança para deliberar sobre a expansão da ofensiva militar em Gaza e avaliar novos mecanismos de distribuição de ajuda humanitária ao enclave palestino. A reunião ocorre em meio a crescente tensão política interna e pressão internacional pelas consequências humanitárias do bloqueio.
Nova Etapa da Guerra: Mobilização e Objetivos Militares
Fontes oficiais afirmam que o principal objetivo do encontro foi definir “a próxima fase” da campanha em Gaza, deflagrada após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixou cerca de 1.200 mortos em Israel e resultou no sequestro de 251 reféns. Embora não haja confirmação de decisão final, o Exército de Defesa de Israel (IDF) já emitiu dezenas de milhares de convocações de reservistas, indicando intenção de intensificar operações no terreno.
“Estamos aumentando a pressão com o objetivo de retornar nossos reféns e derrotar o Hamas”, afirmou o tenente‑general Eyal Zamir em comunicado às tropas.
Controle Territorial e Pressão Diplomática
As forças israelenses controlam atualmente cerca de um terço de Gaza, mas enfrentam críticas por manter desde 2 de março de 2025 um bloqueio que impede a entrada de ajuda oficial. O Programa Mundial de Alimentos (PMA) declarou, em 25 de abril, o esgotamento de seus estoques na região, alertando para um colapso iminente das condições de sobrevivência. Temas semelhantes motivaram a declaração de Trump, analisada em Trump Pressiona Netanyahu por Ajuda Humanitária em Gaza.
Dilema da Ajuda Humanitária: Segurança vs. Princípios
Dentro do governo, há divisão entre ministros que exigem manutenção do bloqueio — citando abusos de insumos pelo Hamas — e o alto comando militar, que rejeita responsabilidade direta pela distribuição. O general Zamir declarou que não permitirá a fome em Gaza, em contraponto a setores radicais como o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, que defendem controle absoluto do território para qualquer assistência.
O Grupo de Países e Agências Humanitárias (HCT) criticou proposta de criar corredores sob supervisão militar, afirmando que isso viola princípios humanitários e configura tática de pressão sobre civis.
Propostas Logísticas e Riscos em Rafah
Segundo a emissora Kan, estuda-se transferir a distribuição de ajuda para empresas privadas estrangeiras em uma zona humanitária em Rafah, para onde civis seriam deslocados após triagem de segurança. Especialistas alertam para riscos de ataques e violação de direitos se a área não for garantida por acordos claros.
Dimensão Regional: Houthis e Segurança em Ben Gurion
A escalada foi agravada por míssil lançado pelos Houthis do Iêmen, aliado do Irã, que caiu próximo ao Aeroporto Ben Gurion em 4 de maio, reforçando receios de regionalização do conflito e potencial envolvimento de atores externos no Oriente Médio — tema já abordado em nosso artigo “Míssil dos Houthis atinge área próxima ao aeroporto de Ben Gurion”.
Impactos Humanitários, Econômicos e de Saúde
- Mortes em Gaza: mais de 52.000 palestinos (autoridades locais, maio/2025).
- Deslocados internos: 1,4 milhão (70% da população) segundo UNRWA.
- Insegurança alimentar severa: atinge 60% das famílias, alerta PMA.
- Mercado informal: litro de óleo de cozinha chega a US$30 em Gaza, aponta World Vision.
- Risco de epidemias: relatório do International Crisis Group (abril/2025) alerta para surto de cólera e diarreia, devido à paralisação de usinas de água e saneamento.
Conclusão: Estratégia Militar sob a Sombra da Crise Humanitária
Netanyahu enfrenta o desafio de conciliar a pressão para derrotar o Hamas com cobranças diplomáticas para aliviar o sofrimento civil. A eficácia dos corredores humanitários depende de garantias de segurança, fiscalização internacional e compromissos políticos claros. Sem esses elementos, a crise pode se aprofundar, com consequências duradouras para a estabilidade regional e a imagem de Israel no cenário global.
Faça um comentário