Noboa assume presidência com metas claras de segurança e crescimento

Presidente do Equador, Daniel Noboa, chega à Assembleia Nacional para sua posse, em Quito, 24 de maio de 2025.
Daniel Noboa chega à Assembleia Nacional do Equador para ser empossado para um novo mandato presidencial, em Quito, 24 de maio de 2025. Foto: REUTERS/Karen Toro

No sábado, 24 de maio de 2025, Daniel Noboa — herdeiro de um dos principais grupos empresariais do Equador — foi empossado para um mandato completo como presidente, em cerimônia na Assembleia Nacional, em Quito. Em um discurso objetivo, o mandatário definiu suas prioridades: conter a escalada da violência ligada ao narcotráfico e reaquecer o crescimento econômico.

Contexto político e base de apoio

Eleito em 2023 para concluir o mandato de seu antecessor, Noboa venceu com ampla vantagem em abril deste ano, apesar de acusações de fraude por seu adversário de esquerda. Seu partido detém maioria na Assembleia e controla as principais comissões, o que lhe concede folga para aprovar decretos e leis voltadas às áreas de segurança pública e finanças.

Evolução das taxas de homicídio (2015–2024)

AnoHomicídios por 100 mil hab.
201511,4
201610,5
20179,5
201810,0
201911,2
202012,5
202113,0
202212,0
202311,0
20249,5

Durante 2024, o Equador atingiu sua menor taxa da última década (9,5 por 100 mil), reflexo das operações conjuntas de polícia e Exército.

Comparativo com a média regional (2015–2024)

AnoEquadorMédia Sul-Americana
201511,415,7
201610,515,7
20179,515,7
201810,015,7
201911,215,7
202012,515,7
202113,015,7
202212,015,7
202311,015,7
20249,515,7

Mesmo nos picos de 2020-2021, as taxas equatorianas permaneceram abaixo da média sul-americana, indicando que, embora a violência tenha crescido, o país nunca ultrapassou o patamar regional.

Nota parcial 2025: nos primeiros quatro meses de 2025, foram registrados 3.094 homicídios — alta de 58% em relação a igual período de 2024, conforme dados oficiais.

Case de sucesso: Colômbia pós-2000 e lições para o Equador

Situação inicial: no final dos anos 1990, a Colômbia chegou a registrar mais de 70 homicídios por 100 mil habitantes em regiões dominadas por guerrilhas e paramilitares.

Medidas adotadas (2002–2012):

  1. Acordos de Paz com as FARC (2012), que promoveram desmobilização e reintegração social.
  2. Forças de reação rápida: unidades especiais da polícia e promotores dedicados a crimes de alto impacto.
  3. Programas comunitários em áreas rurais, reduzindo o apelo de grupos armados.
  4. Apoio internacional, especialmente dos EUA e da UE, em treinamento e inteligência.

Resultados: mais de 50% de queda na taxa de homicídios entre 2002 e 2012.

Adaptação ao Equador:

  • Estabelecer um Pacto Nacional de Segurança, envolvendo governo, Congresso, setor privado e ONG’s.
  • Criar Unidades Móveis de Inteligência, concentradas em portos e fronteiras, onde se concentra o contrabando de armas e drogas.
  • Investir em programas sociais em bairros de alta vulnerabilidade, reduzindo o recrutamento de jovens por organizações criminosas.

Vozes da população

“Andar à noite no Centro Histórico de Quito era assustador. Hoje sinto mais tranquilidade, mas sei que ainda há muito a ser feito.”
Mariana Torres, 32 anos, comerciante

“Em Guayaquil, as rondas militares deram segurança às crianças. Mas queremos ver resultado também no interior do país.”
José Paredes, 45 anos, líder comunitário

Esses depoimentos refletem otimismo cauteloso: há percepção de melhora, mas persistem dúvidas sobre a continuidade das ações.

Pesquisa de opinião

Sondagem realizada em fevereiro de 2025 pelo Instituto Andino de Pesquisas:

MedidaAprovação
Combate ao narcotráfico62%
Presença militar nas ruas58%
Fiscalização em portos e fronteiras65%
Transparência e auditorias47%

A aprovação é maior nas operações externas (portos, fronteiras), mas menor no quesito transparência, apontando necessidade de fortalecer mecanismos de controle e comunicação pública.

Desafios econômicos e projeções

  • Acordo de US$ 4 bilhões com o FMI para reduzir déficit de US$ 4,6 bilhões.
  • Projeção oficial de 4% de crescimento em 2025 (frente aos 2,8% estimados pelo Banco Central).
  • Dívida pública em torno de 52% do PIB e alto risco-país, que encarece novas emissões.
  • Queda na produção de petróleo, importante fonte de receita.

Analistas alertam que a atração de investimentos estrangeiros dependerá da estabilidade política e da continuidade das reformas fiscais sem comprometer os programas sociais.

Conclusão

Daniel Noboa assume seu mandato em um ponto crítico: o Equador registrou avanços significativos em segurança, mas enfrenta agora a reviravolta de 2025, com o forte aumento de homicídios nos primeiros meses. Coube-lhe internalizar lições de casos exitosos como o colombiano, equilibrar o rigor fiscal com proteção social e consolidar, junto à população, a confiança de que as medidas vigentes produzirão resultados duradouros.

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