O primeiro-ministro da Moldávia diz que as tropas russas têm de deixar a Transnístria para resolver a crise

O primeiro-ministro da Moldávia, Dorin Recean, discursa no Parlamento moldavo durante a votação do seu investimento em Chisinau, a 16 de fevereiro de 2023. (Foto de Elena COVALENCO / AFP)
A Rússia tem cerca de 1.500 soldados estacionados na região separatista, que fica entre a Ucrânia e a Moldávia.

A Rússia tem cerca de 1.500 soldados estacionados na região separatista, que fica entre a Ucrânia e a Moldávia.

O primeiro-ministro da Moldávia disse à AFP, na quarta-feira, que a comunidade internacional está pronta a oferecer gás para acabar com a crise energética na Transnístria, mas uma solução duradoura depende da retirada das tropas russas da região separatista.

Numa entrevista durante o Fórum Económico Mundial em Davos, o primeiro-ministro Dorin Recean acusou a Rússia de tentar criar instabilidade na Moldávia para que um governo pró-Moscovo saia das eleições parlamentares previstas para o final do ano.

A empresa russa de energia Gazprom suspendeu o fornecimento de gás à Transnístria em 1 de janeiro devido a um litígio de dívida com o governo moldavo pró-UE, deixando os 400.000 habitantes sem aquecimento ou água quente.

Reconhecida internacionalmente como parte da Moldávia, a Transnístria declarou a independência no final da União Soviética e, desde então, tem dependido do apoio financeiro de Moscou, mas recebe gás russo através da Moldávia.

A Rússia tem cerca de 1.500 soldados estacionados na região separatista, que fica entre a Ucrânia e a Moldávia.

“Esta crise do gás e da energia na região da Transnístria tem como objetivo criar uma crise de segurança na Moldávia, em toda a Moldávia e também na região”, disse Recean à AFP.

Recean disse que iria manter conversações com os líderes da União Europeia em Davos sobre “a forma como, em conjunto, iremos ultrapassar esta agressão da Rússia contra a Moldávia”.

A solução para a crise passa por as autoridades da Transnístria aceitarem o gás e o carvão da comunidade internacional ou a Gazprom retomar os fornecimentos.

“Até agora, eles não aceitam”, disse Recean, referindo-se aos fornecimentos de energia da comunidade internacional. “Mas estamos a trabalhar nisso”.

“O que é muito importante mencionar é que este tipo de cenários pode acontecer juntamente com a substituição da atual missão de manutenção da paz, onde participam os militares russos, por uma missão de manutenção da paz civil liderada pela ONU”, afirmou.

Conversações com a UE

“A Rússia pretende consolidar o seu poder e a sua presença militar para desafiar a Ucrânia também na sua parte ocidental e sudoeste, ou seja, na região de Odesa”, disse Recean.

“O seu objetivo é criar instabilidade na Moldávia”, afirmou.

O primeiro-ministro afirmou que a Moldávia irá provavelmente realizar eleições parlamentares em setembro e que a Rússia pretende pressionar um governo pró-russo que, nessa altura, “concordaria em consolidar a presença militar russa”.

A Rússia foi acusada de interferência nas eleições presidenciais da Moldávia em novembro, que foram ganhas pelo presidente pró-UE Maia Sandu.

Num referendo realizado em outubro, a ex-república soviética votou por uma margem muito pequena a favor da adesão à UE.

Recean afirmou que a Moldávia poderá iniciar as negociações de adesão à UE este ano, com o objetivo de aderir ao bloco até 2030.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*