Análise Atualizada da Ação Secreta de Junho de 2025 no Irã

David Barnea, chefe do Mossad, participa de cerimônia de guarda de honra em Tel Aviv, janeiro de 2023
David Barnea, chefe do Mossad, durante cerimônia de guarda de honra para o novo chefe militar Herzi Halevi no Ministério da Defesa, Tel Aviv, 16 de janeiro de 2023. Foto: REUTERS/Amir Cohen

Em 13 de junho de 2025, Israel deflagrou uma operação combinada de espionagem e ação militar contra alvos nucleares e militares no Irã. O chefe do Mossad, David Barnea, enalteceu seus agentes pela eficácia da missão, agradeceu o apoio da CIA e garantiu vigilância constante sobre todas as atividades iranianas de maior risco. O conflito aéreo durou 12 dias, terminando em 24 de junho com um acordo de cessar-fogo intermediado pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Contexto e Planejamento

  • Tensões prévias: Desde 2023, falhas nas negociações nucleares e crescentes indícios de avanço iraniano em mísseis balísticos e enriquecimento de urânio a 60% elevaram o alerta de Tel Aviv e Washington.
  • Coleta de inteligência: Segundo fontes israelenses, o Mossad e as Forças de Defesa de Israel (IDF) passaram anos reunindo dados sobre instalações de mísseis SSM (Surface-to-Surface Missiles) e usinas de enriquecimento subterrâneas em Natanz e Fordow.
  • Parceria com a CIA: Barnea afirmou que a agência americana foi “parceira principal”, fornecendo recursos de interceptação e análise de imagens que tornaram a operação possível.

Fase de Sabotagem (Operação Rising Lion)

  • Emprego de micro-UAVs: Na véspera dos ataques aéreos, centenas de quadricópteros carregados com explosivos destruíram sistemas de defesa antiaérea e lançadores móveis de mísseis em Teerã, Kermanshah e Isfahan, reduzindo o número de mísseis disponíveis de cerca de 1.000 para 200.
  • Estabelecimento de base clandestina: Agentes do Mossad montaram, no final de 2024, um ponto de apoio secreto em território iraniano para montagem de drones explosivos. Partes e munições foram introduzidas em contêineres e containers diplomáticos.

Ataques Aéreos da Força Aérea Israelense (13–24 de junho)

  • Resultados humanos e materiais: Estimativas indicam 610 mortes no Irã e 28 em Israel. Infraestruturas críticas tiveram danos graves, embora análises preliminares mostrem que componentes centrais — como centrifugas e estoques de urânio enriquecido — sobreviveram, atrasando o programa apenas em 1–2 meses.
  • Dimensão da operação: Em cinco ondas de ataque, mais de 200 aeronaves (incluindo F-35I Adir) lançaram 330 munições contra cerca de 100 alvos – plantas de enriquecimento, depósitos de mísseis Shahab, Dezful e Sejjil, e quartéis-generais do IRGC (Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica).
  • Operação Midnight Hammer: No dia 22 de junho, a USAF e a Marinha dos EUA lançaram 14 bombas GBU-57A/B MOP de 13,6 toneladas (“bunker busters”) sobre Natanz, Fordow e Isfahan, marcando a primeira ação direta dos EUA na guerra.

Reconhecimento e Papel da CIA

  • Vigilância contínua: Barnea prometeu manter “olhos abertos” sobre todos os projetos iranianos, utilizando tanto fontes humanas quanto satélites e recursos cibernéticos.
  • Declarações de David Barnea: “Quero expressar apreço e reconhecimento ao nosso parceiro principal – a CIA – pelas atividades conjuntas. Eles nos apoiaram e tornaram este esforço possível.”
  • Cooperação técnica: Agentes da CIA ajudaram na interceptação de comunicações e no mapeamento de túneis subterrâneos iranianos, acelerando a fase de planejamento e reduzindo margens de erro.

Impacto no Programa Nuclear e Reação Internacional

  • Avaliação da inteligência dos EUA: Relatório da Defense Intelligence Agency (DIA) indica que, apesar do impacto simbólico e operacional, a lacuna criada no programa de Teerã equivale a um atraso de apenas 1–2 meses.
  • Posição da AIEA: O diretor-geral Rafael Grossi declarou em 25 de junho que é imperativo retomar inspeções completas em Natanz e Fordow para avaliar estoques de urânio e condição das centrifugas.
  • Medidas do parlamento iraniano: Em resposta aos ataques, o parlamento aprovou em 23 de junho suspensão temporária da cooperação com a AIEA, aumentando o risco de novas sanções.
  • Cessação das hostilidades: O cessar-fogo brokered por Trump permitiu a reabertura de corredores aéreos e queda nos preços do petróleo, mas não eliminou a possibilidade de novas escaladas via proxies ou ciberataques.

Panorama Geopolítico e Conclusão

A operação de junho de 2025 — combinando espionagem profunda, sabotagem por drones e força aérea convencional — materializa um novo modelo de “guerra híbrida”. A colaboração Mossad-CIA, reconhecida por Barnea, reforça a integração estratégica entre Israel e EUA. Contudo, os danos reais ao programa nuclear iraniano parecem temporários, exigindo empenho diplomático renovado e supervisão rigorosa da AIEA. A promessa de vigilância contínua do Mossad, aliada à recente suspensão de inspeções pelo Irã, sugere que a região permanecerá em alerta máximo, com a sombra de novos confrontos se estendendo por 2025 e além.

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