OTAN pede sete brigadas a Berlim sob nova estratégia de defesa

Fuzis G36 alinhados em área de treinamento militar para reservistas alemães em Beelitz, perto de Berlim, março de 2025.
Fuzis G36 alinhados em área de treinamento militar para reservistas alemães em Beelitz, perto de Berlim, em 6 de março de 2025. Foto: REUTERS/Nadja Wohlleben.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) anunciou nova elevação de suas metas de prontidão e capacidade militar, refletindo a crescente percepção de ameaça russa desde a invasão em grande escala da Ucrânia em fevereiro de 2022. Fontes anônimas confirmam que, na próxima reunião de ministros de Defesa — agendada para início de junho —, a aliança pedirá à Alemanha o destacamento de sete brigadas adicionais, o equivalente a cerca de 40.000 militares ativos.

Novas Metas de Brigadas

Até o momento, o plano de defesa coletiva da OTAN exige a manutenção de aproximadamente 80 brigadas prontas para implantação rápida. A proposta em discussão prevê elevar esse total para 120–130 brigadas, um aumento de 50% em relação ao objetivo atual. Embora os detalhes permaneçam classificados, a medida busca reforçar a dissuasão no flanco leste da aliança.

Compromisso Alemão e Desafios Internos

Em 2021, o governo de Berlim comprometeu-se a fornecer 10 brigadas até 2030. Atualmente, o Bundeswehr opera com oito brigadas plenamente constituídas e trabalha na formação de uma 9ª brigada na Lituânia, prevista para 2027. No entanto, o Exército alemão ainda não atingiu a meta de 203.000 militares ativos, registrando déficit de 20.000 soldados. Elevar o efetivo em 40.000 tropas exigirá avanços simultâneos em:

  • Recrutamento e retenção: campanhas de atração de voluntários, revisões de requisitos de serviço e incentivos salariais.
  • Treinamento e infraestrutura: ampliação de estaleiros de exercícios, modernização de arsenais e unidades de apoio logístico.
  • Aquisição de equipamentos: aquisição acelerada de veículos protegidos, sistemas de artilharia autopropulsada e meios de comunicação táticos.

Orçamento e Sustentabilidade

Em resposta à escalada de tensões, os aliados elevaram os gastos de defesa. No próximo cume em Haia (11–12 de junho de 2025), liderado pelo primeiro-ministro neerlandês Mark Rutte, a OTAN buscará elevar o patamar de investimentos de 2% para 5% do PIB, destinando 3,5% à defesa convencional e 1,5% a outras despesas de segurança. A Alemanha já flexibilizou seu “freio de dívida” constitucional para viabilizar esse incremento orçamentário.

Contexto Histórico e Estratégico

Durante a Guerra Fria, a Alemanha mantinha cerca de 500.000 soldados ativos e 800.000 reservistas. Hoje, junto à Polônia, a Alemanha é peça-chave na resposta inicial a qualquer agressão russa no flanco leste. A expansão das brigadas visa não só aumentar o número de forças, mas também acelerar sua capacidade de mobilização e integração em exercícios conjuntos conosco aliados da região do Báltico.

Reforço da Autonomia Europeia

A proposta surge num momento em que os EUA sinalizam possível redução de tropas na Europa ainda em 2025, segundo autoridades de Washington. Essa eventual saída reforça a necessidade de os países europeus assumirem maior parcela de sua própria defesa, reduzindo dependência de ativos e garantias americanas.

Perspectivas e Cenários de Emprego

Analistas do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) avaliam que, com a adoção das novas metas, a OTAN terá condições de conduzir exercícios ampliados no Báltico e na Polônia, envolvendo rotações regulares de tropas e integração de sistemas de defesa aérea avançados. Em um cenário hipotético, brigadas recém-formadas poderiam ser empregadas em exercícios de prontidão de 30 dias, testando cadeias de suprimento e interoperabilidade com forças britânicas e francesas.

Conclusão

A aprovação das novas metas de brigadas e de gastos, já na próxima semana, marcará uma virada histórica na postura defensiva da OTAN. Para a Alemanha, o desafio reside em superar limitações de pessoal, acelerar modernização e manter coesão política diante de pressões orçamentárias, garantindo que as forças prometidas estejam plenamente operacionais até o final da década.

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