
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) anunciou nova elevação de suas metas de prontidão e capacidade militar, refletindo a crescente percepção de ameaça russa desde a invasão em grande escala da Ucrânia em fevereiro de 2022. Fontes anônimas confirmam que, na próxima reunião de ministros de Defesa — agendada para início de junho —, a aliança pedirá à Alemanha o destacamento de sete brigadas adicionais, o equivalente a cerca de 40.000 militares ativos.
Novas Metas de Brigadas
Até o momento, o plano de defesa coletiva da OTAN exige a manutenção de aproximadamente 80 brigadas prontas para implantação rápida. A proposta em discussão prevê elevar esse total para 120–130 brigadas, um aumento de 50% em relação ao objetivo atual. Embora os detalhes permaneçam classificados, a medida busca reforçar a dissuasão no flanco leste da aliança.
Compromisso Alemão e Desafios Internos
Em 2021, o governo de Berlim comprometeu-se a fornecer 10 brigadas até 2030. Atualmente, o Bundeswehr opera com oito brigadas plenamente constituídas e trabalha na formação de uma 9ª brigada na Lituânia, prevista para 2027. No entanto, o Exército alemão ainda não atingiu a meta de 203.000 militares ativos, registrando déficit de 20.000 soldados. Elevar o efetivo em 40.000 tropas exigirá avanços simultâneos em:
- Recrutamento e retenção: campanhas de atração de voluntários, revisões de requisitos de serviço e incentivos salariais.
- Treinamento e infraestrutura: ampliação de estaleiros de exercícios, modernização de arsenais e unidades de apoio logístico.
- Aquisição de equipamentos: aquisição acelerada de veículos protegidos, sistemas de artilharia autopropulsada e meios de comunicação táticos.
Orçamento e Sustentabilidade
Em resposta à escalada de tensões, os aliados elevaram os gastos de defesa. No próximo cume em Haia (11–12 de junho de 2025), liderado pelo primeiro-ministro neerlandês Mark Rutte, a OTAN buscará elevar o patamar de investimentos de 2% para 5% do PIB, destinando 3,5% à defesa convencional e 1,5% a outras despesas de segurança. A Alemanha já flexibilizou seu “freio de dívida” constitucional para viabilizar esse incremento orçamentário.
Contexto Histórico e Estratégico
Durante a Guerra Fria, a Alemanha mantinha cerca de 500.000 soldados ativos e 800.000 reservistas. Hoje, junto à Polônia, a Alemanha é peça-chave na resposta inicial a qualquer agressão russa no flanco leste. A expansão das brigadas visa não só aumentar o número de forças, mas também acelerar sua capacidade de mobilização e integração em exercícios conjuntos conosco aliados da região do Báltico.
Reforço da Autonomia Europeia
A proposta surge num momento em que os EUA sinalizam possível redução de tropas na Europa ainda em 2025, segundo autoridades de Washington. Essa eventual saída reforça a necessidade de os países europeus assumirem maior parcela de sua própria defesa, reduzindo dependência de ativos e garantias americanas.
Perspectivas e Cenários de Emprego
Analistas do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) avaliam que, com a adoção das novas metas, a OTAN terá condições de conduzir exercícios ampliados no Báltico e na Polônia, envolvendo rotações regulares de tropas e integração de sistemas de defesa aérea avançados. Em um cenário hipotético, brigadas recém-formadas poderiam ser empregadas em exercícios de prontidão de 30 dias, testando cadeias de suprimento e interoperabilidade com forças britânicas e francesas.
Conclusão
A aprovação das novas metas de brigadas e de gastos, já na próxima semana, marcará uma virada histórica na postura defensiva da OTAN. Para a Alemanha, o desafio reside em superar limitações de pessoal, acelerar modernização e manter coesão política diante de pressões orçamentárias, garantindo que as forças prometidas estejam plenamente operacionais até o final da década.
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