
O presidente turco, Tayyip Erdogan, declarou que a recente proposta da Rússia para a realização de uma nova rodada de negociações de paz com a Ucrânia em Istambul, marcada para 2 de junho de 2025, aumentou significativamente as expectativas de um acordo que possa pôr fim ao conflito iniciado em fevereiro de 2022.
O papel histórico de Ancara
Desde o início da guerra, a Turquia tem mantido uma postura de mediação, preservando relações construtivas tanto com Moscou quanto com Kiev. Destacam-se:
- Março de 2022: primeira reunião em Istambul, poucos dias após a invasão;
- 16 de maio de 2025: primeiro encontro direto entre delegações russa e ucraniana em três anos;
- Troca de prisioneiros: acordo para libertação de 1.000 combatentes, resultado do último encontro em Istambul.
Diplomacia ativa
Na véspera da proposta, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, reuniu-se em Moscou com o presidente Vladimir Putin e, na sequência, viajou a Kiev para encontros com o presidente Volodymyr Zelensky e outros representantes ucranianos. Ao comentar o avanço, Erdogan afirmou:
“A estrada para uma resolução duradoura passa por mais diálogo e diplomacia. Estamos mobilizando todo o nosso potencial para alcançar a paz.”
Posições ainda divergentes
Apesar do otimismo, persistem desacordos centrais:
- Objetivos russos: manter ganhos territoriais e anulações das sanções internacionais;
- Demandas ucranianas: retirada completa das tropas e restauração das fronteiras de 1991;
- Mecanismos de fiscalização: propostas conflitantes sobre mandatários para monitorar o cessar-fogo.
Apoio e pressão internacional
A comunidade global, incluindo União Europeia e Estados Unidos, tem pressionado por um cessar-fogo imediato e oferece pacotes de ajuda humanitária e garantias de segurança. Embora o G7 tenha reiterado seu respaldo à Ucrânia, ainda não há consenso sobre o formato de acompanhamento de possíveis acordos.
Cenários futuros
Entre os desdobramentos possíveis antes e depois de 2 de junho:
- Aprovação de monitoramento conjunto: OSCE ou comissões bilaterais para verificar o cumprimento da trégua;
- Planos alternativos: em caso de impasse, sanções mais severas e reforço de suprimentos militares à Ucrânia;
- Mediação ampliada: inclusão de UE, ONU e, eventualmente, China, como garantidores de um acordo.
Impacto humanitário
Dados de organizações como a Cruz Vermelha e Médicos Sem Fronteiras indicam que mais de 15 milhões de civis foram deslocados internamente ou buscaram refúgio em países vizinhos, incluindo a Turquia. A continuidade dos combates compromete a reconstrução de infraestrutura essencial e agrava a crise de fornecimento de alimentos e energia.
Conclusão
A proposta russa para negociações em Istambul representa uma janela de oportunidade. A diplomacia turca segue sendo um elemento-chave para aproximar posições. Se as partes convergirem em torno de um mecanismo confiável de cessar-fogo e de garantias de segurança, o encontro de 2 de junho poderá marcar o início de um processo sustentável de resolução política. Até lá, o mundo observa com expectativa se a Turquia conseguirá, mais uma vez, usar sua influência para transformar retórica em resultados concretos.
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