
No dia 28 de junho de 2025, o presidente da Polônia, Andrzej Duda, realizou uma visita não anunciada a Kiev para se encontrar com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Recebido na estação férrea por Andrii Sybiha, ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Duda foi saudado como um “verdadeiro amigo da Ucrânia” em momento crítico da guerra contra a Rússia.
Fundação histórica da solidariedade polonesa
Desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022, a Polônia tem sido um dos principais apoiadores de Kiev, fornecendo ajuda militar, humanitária e abrigo – atualmente são mais de 1,5 milhão de refugiados ucranianos no país vizinho. O diálogo institucional foi reforçado pelo Triângulo de Lublin (Polônia, Lituânia e Ucrânia), que visa coordenar esforços de defesa e integração euro‑atlântica.
Cenário militar: quatro anos de conflito
Entrando em seu quarto ano, o conflito tem visto avanços russos em algumas frentes do leste ucraniano, enquanto cidades como Kharkiv e Odesa sofrem intensos ataques de mísseis e drones. As tentativas diplomáticas de cessar-fogo ou negociações de paz permanecem estagnadas, deixando Kiev dependente de suprimentos de artilharia, sistemas de defesa aérea e apoio financeiro contínuo.
Pontos-chave da visita de Duda
- Dia da Constituição da Ucrânia: a viagem coincidiu com as celebrações pelo 27º aniversário da adoção da Constituição ucraniana.
- Ameaça ao complexo nuclear de Zaporizhzhia: conversas sobre o risco de um possível ataque terrorista russo à maior usina nuclear da Europa, crítico para a segurança regional.
- Preparativos para o encontro da OTAN em Vilnius: discussão sobre alinhamento de metas de defesa, aumento dos gastos militares e calendário de novas rodadas de ajuda internacional.
Na mesma data, o presidente lituano Gitanas Nausėda também fez visita surpresa a Kyiv, reforçando a coesão do Triângulo de Lublin.
Transição de governo em Varsóvia
O mandato de Andrzej Duda termina em agosto de 2025. Seu sucessor eleito, Karol Nawrocki, declarou que manterá o apoio à defesa ucraniana, mas se opõe à concessão de um convite formal de adesão à OTAN para Kiev, o que introduz uma nuance na política polonesa a partir de setembro.
Implicações para a arquitetura de segurança europeia
Ao sustentar treinamentos conjuntos, abrigar o hub logístico POLLOGHUB e exercer pressão diplomática em Bruxelas, a Polônia tem moldado a resposta da UE e da OTAN à agressão russa. Com o impasse sobre a adesão ucraniana à aliança, a coesão dos países membros será testada no próximo encontro de chefes de Estado em Vilnius, em julho de 2025.
Perspectivas
Para Kiev, a tarefa imediata é assegurar a continuidade da ajuda militar e humanitária até o fim do mandato de Duda, ao mesmo tempo em que engaja outros aliados – especialmente EUA e Alemanha – para evitar que reservas sobre a expansão da OTAN enfraqueçam o apoio coletivo. A capacidade de adaptar linhas de suprimento, reforçar defesas nucleares civis e manter diplomacia ativa definirão o próximo capítulo deste conflito de longa duração.
Conclusão
A visita relâmpago de Andrzej Duda a Kiev em 28 de junho de 2025 simboliza não apenas a profunda solidariedade histórica da Polônia, mas também a urgência de manter e reforçar o apoio militar, humanitário e diplomático à Ucrânia. Com o mandato de Duda chegando ao fim e a política polonesa sendo reconfigurada sob o próximo presidente, Karol Nawrocki, fica claro que Kiev precisará diversificar seus canais de apoio — envolvendo mais ativamente Estados Unidos, Alemanha e demais parceiros europeus — para evitar qualquer arrefecimento do compromisso aliancista.
Enquanto a guerra entra em seu quarto ano, a eficácia das linhas de suprimento, a proteção de infraestruturas críticas como a usina de Zaporizhzhia e a coesão entre membros da OTAN e da UE serão determinantes para a resiliência ucraniana. Em última instância, esse momento decisivo reforça a ideia de que a defesa da Ucrânia contra a agressão russa é também um investimento na segurança e na estabilidade de toda a região europeia.
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