Assassinato de Andriy Portnov Abala Madrid e Reforça Preocupações Geopolíticas

Policial faz guarda no local onde o ex-político ucraniano Andriy Portnov foi morto a tiros em Madri, Espanha.
Um policial vigia a área onde Andriy Portnov, ex-assessor do presidente deposto da Ucrânia, Viktor Yanukovich, foi assassinado por homens armados não identificados, em frente a uma escola de elite no subúrbio de Pozuelo de Alarcón, em Madri, Espanha, em 21 de maio de 2025. REUTERS/Nacho Doce

O assassinato do ex-político ucraniano Andriy Portnov, de 51 anos, deflagrou uma onda de preocupação sobre a segurança de exilados políticos em solo europeu e evidenciou os desafios geopolíticos que se intensificam desde o início da guerra Rússia-Ucrânia. Ocorrendo em plena zona escolar de Pozuelo de Alarcón, um dos bairros mais abastados de Madrid, o crime reacende debates sobre a atuação de redes paramilitares, a eficácia das medidas forenses e a cooperação internacional entre agências de segurança.

Contexto e Perfil do Vítima

Na manhã de 21 de maio de 2025, por volta das 9h15 (07h15 GMT), o ex-político ucraniano Andriy Portnov foi assassinado a tiros em frente à American School of Madrid. Portnov foi assessor-chefe de Viktor Yanukovych, ex-presidente pró-russo deposto em 2014 durante a Revolução da Dignidade.

Após a queda de Yanukovych, Portnov:

  • Fugiu para a Rússia em 2014, antes de se estabelecer definitivamente em Madrid.
  • Enfrentou acusações de traição, embezzamento e corrupção, resultando em sanções da UE e do Tesouro dos EUA em 2021, suspensas posteriormente.

Detalhes Forenses e Procedimentos Policiais

Unidades Envolvidas:

  • Comisaría General de Policía Judicial: conduz investigações de homicídios com a Brigada Central de Investigación de Delitos contra las Personas.
  • UDEV (Brigada de Investigación de la Delincuencia Especializada y Violenta): atua em crimes de alta periculosidade e violência organizada.

Perícia Balística e Científica:

  • O Servicio de Criminalística coteja projéteis e resíduos de pólvora para identificar arma e trajeto dos disparos.
  • A Unidade Técnica de Identificación realizou mapeamento de trajetórias e análise de resíduos no corpo de Portnov para rastrear origem dos disparos.

Histórico de Crimes Políticos Semelhantes na Europa Ocidental

AnoCasoDesfecho Judicial
2006Assassinato de Alexander Litvinenko (Londres)ECHR condenou a Rússia por assassinato de Estado; agentes do FSB foram apontados como responsáveis.
2022Cartas-bomba em EspanhaAutor identificado e condenado a mais de 20 anos de prisão pela tentativa de ataque a autoridades.
2024Piloto russo desertor em AlicanteCaso sem conclusão definitiva; debate sobre proteção de desertores se intensificou após arquivamento.

Reações Oficiais e Diplomáticas

  • Ucrânia: O Ministério das Relações Exteriores confirmou a morte e acompanha as investigações iniciais antes de emitir posicionamento oficial.
  • Rússia: A Embaixada em Madrid disse estar “em contato com autoridades locais” e aguarda esclarecimentos.
  • União Europeia: O Alto Representante Josep Borrell destacou o compromisso com a proteção de exilados políticos e solicitou cooperação célere entre Estados-membros.

Consequências Jurídicas e de Segurança

Tipificação Penal (Código Penal Espanhol):

  • Homicídio Doloso (art. 138): 10–15 anos de prisão.
  • Homicídio Agravado por Alevosía (art. 138.2): 15 anos e 1 dia a 22 anos e 6 meses, aplicável em casos de execução premeditada.

Cooperação Internacional:

  • CNI, Europol, FBI e Interpol intensificam o intercâmbio de informações forenses e de inteligência.
  • O caso pode acelerar a revisão de protocolos de segurança para exilados e reforçar proteção em instituições educacionais frequentadas por filhos de personalidades de alto risco.

Conclusão

O assassinato de Andriy Portnov, em um ambiente escolar de elite, sublinha a vulnerabilidade de exilados políticos e o alcance extraterritorial de conflitos internos de um país. A eficácia das perícias forenses e a colaboração multinacional serão determinantes para elucidar motivações — políticas ou criminais — e evitar novos atentados em solo europeu.

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